Novo Jornal e a censura à imprensa em Minas
Muito se tem discutido nos bastidores da imprensa sob o fechamento do site Novo Jornal pela Justiça mineira no último dia 14 de setembro. De um lado, está Marco Aurélio Carone, o proprietário do site e figurinha política mineira há longa data (segundo o próprio, ele mesmo foi quem iniciou Aécio Neves na juventude do PMDB graças à boa amizade que mantinha com o avô) e simpatizantes. Do outro, meia dúzias de jornalistas que insistem em dizer que Carone não passa de um charlatão, e que o Novo Jornal nunca foi de fato jornalismo sério.
Pra quem tá por fora, vou esboçar um relato resumido do ocorrido. O Novo Jornal, de acordo com Carone, era o único veículo em Minas Gerais que publicava denúncias de corrupção envolvendo membros e empresas do Governo e de capital privado (inclusive relacionadas a telecomunicações, como no bizarríssimo caso da Rede Globo e da CEMIG). O site já havia sido processado algumas vezes por alguns dos denunciados, mas – também de acordo com a versão do proprietário – mostrou provas e evidências relacionadas às matérias publicadas e conseguiu ser absolvido de todos os processos nos quais havia sido acusado.
Mas as coisas mudaram a partir do momento em que o jornal endereçou o tema da campanha do Ministério Público "O que você tem a ver com a corrupção?" ao procurador-geral de Justiça do estado Jarbas Soares. Jarbas, segundo Carone, andava travando várias investigações sobre casos de corrupção nos três poderes e em grandes empresas, privadas e públicas. Mas o procurador levou a ironia a sério; abriu um inquérito contra o Novo Jornal que foi rapidamente acatado por um juiz, que sentenciou uma decisão favorável à retirada do site do ar indefinidamente, “enquanto durarem as investigações”. E assim está até hoje.
O outro lado argumenta que, na verdade, o Novo Jornal publicava denúncias sem pé nem cabeça só para favorecer amigos e parentes de Carone, mas de maneira alguma esse raciocínio justifica a retirada do site do ar. É como se um homem fosse acusado de assassinato e preso antes do julgamento só porque alguém disse que ele era de má índole. E aonde fica a presunção da inocência, direito garantido pela Constituição?
O que aconteceu com o Novo Jornal só pode ser chamado de censura prévia, já que o direito de liberdade de expressão – também presente em nossa carta magna – foi completamente ignorado pelo MP e pelo juiz que expediu a sentença de retirada do site do ar. Além do mais, se denúncias sem pé nem cabeça fossem motivos pra fechar um veículo de comunicação, todos hão de convir que Veja já teria sido fechada há muito tempo.
Fica assim registrado então mais um caso de censura à imprensa em Minas Gerais, prática que, após a demissão do Cajuru e a divulgação dos vídeos no Youtube que tratam do assunto, já está claro que virou praxe.
E depois ainda perguntam ao Massote porque o Aécio foi reeleito com 70% dos votos. Isso e todo o resto ficam meio óbvios agora, né?