O povo não é mais aquele...

Graças a uma pressão popular sem precedentes, os vereadores de BH desistiram oficialmente ontem de aumentar seus próprios salários em quase 62% numa canetada só. Por causa do voto secreto, 10 vereadores votaram pela derrubada do veto. Perguntados anteriormente se o fariam, 30 dissera que manteriam o veto e apenas 1, o vereador Leonardo Mattos, assumia a defesa do aumento. A sessão, claro, foi tumultuada. As galerias da câmara estavam cheias e os vereadores marcaram para o mesmo dia a apreciação do veto da prefeitura a um projeto de lei que beneficiava os jornaleiros da cidade. Esta semana também a Câmara aprovou um projeto de lei, que sabe inconstitucional, e enviou ao prefeito, garantindo gratuidade nos estacionamentos de shoppings e padarias da cidade. Era uma tentativa de agradar à população. Não colou! O plenário vaiou sonoramente o presidente da casa, vereador Léo Burguês, a aponto de ele ter que abandonar a presidência da sessão e só voltar para votar. Mas a vaia mais contundente ele levou quando tentou comemorar junto às galerias a manutenção do veto, como se esse fosse a sua posição desde sempre. Os manifestantes entenderam claramente que ele tentava, assim, fazer sua uma vitória que era do povo.Ponto para o vereador Leonardo Matos do PV que manteve a sua posição até o fim. Ele se disse favorável ao aumento desde o início e, apesar da covardia da votação secreta, deixou claro pra todos a sua posição. Errada, na minha opinião, mas isso é uma coisa pra ele resolver com os seus eleitores.O melhor de todo esse episódio é que ficou claro para os nossos bravos edis que a população não é mais aquela (alvíssaras!)… Graças à mobilização das redes sociais, vimos ontem (9/2/12) na câmara de BH a mais pura manifestação política. Estamos enfim evoluindo politicamente e nos tornando merecedores da democracia, um regime político que vai muito, muito além do voto. 

Marcelo Guedes - CBN BH
Fonte: http://glo.bo/yEnfED

Veto mantido. Ou do oportunismo do Léo Coxinha

Sim, eu estive à Câmara ontem, acompanhando a plenária que iria discutir o veto ao reajuste de 61,8% ao salário dos vereadores de Belo Horizonte. Há muita coisa aqui que eu poderia citar e me delongar (como uma provável coronelagem de um grupo que estava lá na plenária, arregimentado por um certo vereador - que não vou citar o nome por medo, mesmo!), mas vou focar na discussão sobre o veto.

A 7ª sessão ordinária da 16ª legislatura da Câmara Municipal de BH começou pontualmente às 15 horas. Detalhe que para iniciar os trabalhos um trecho da Bíblia foi lido, causando furor dos aproximadamente 400 manifestantes que lá se encontravam. Estado laico lendo trecho bíblico em sessão legislativa é, no mínimo, proselitista. Mas sigamos adiante.

Léo Burguês (PSDB), a coxinha da vez (ui!, rimou), apareceu para presidir a plenária. Não ficou nem dez minutos e se retirou, delegando a presidência para o Alexandre Gomes (PSB). Foi uma sessão tumultuada, com vários protestos e gritos - em vários momentos a "Coxinha da Madrasta" foi entoada.

Vou citar alguns momentos-chave da plenária:

- Vereador Márcio Almeida (PRP) dando um minuto de silêncio pela morte do Wando;
- Vereador Fábio Caldeira (PSB) sendo firme em dizer que a votação não deveria ser secreta, mas aberta - como em Rio e em São Paulo;
- Vereador Joel Moreira Filho (PTC) dizendo que "o único instrumento para defender a população de BH é o voto secreto";
- Vereador Iran Barbosa (PMDB) dizendo que é hora do Joel Moreira Filho "evoluir" quanto à questão do sigilo.

Enfim, somente estando lá para sentir a pressão que foi.

Hei de fazer um aparte aqui por considerar o vereador Leonardo Mattos (PV) por manter a sua posição firme. Eu não concordo em absoluto com a sua posição de querer reajustar o salário, mas pelo menos ele foi homem o suficiente para aguentar a pressão e continuar na sua posição. Firmemente.

O veto foi mantido por 21 votos a 10. Estavam 36 vereadores presentes - não votaram Edinho "do Açougue" Ribeiro, Toninho Pinheiro (ambos do PT do B), Preto (DEM), Pricila Teixeira (PTB - engraçado que, por mais que seu nome estivesse como "presente" na lista, não a vi em nenhum momento) e Moamed Rachid (PDT, idem ibidem).

Sim, as redes mobilizadas puderam dar um direcionamento diferente à discussão do reajuste. A população - auxiliada pela grande mídia que anda, ao que parece, querendo ter uma cobertura diferenciada em relação à Câmara - foi um dos pilares da mudança.

Próximo passo: acompanhar as plenárias de 2012, para ver se nada absurdo irá passar aos nossos olhos.

De coxinhas a chapéus

Saiu sexta-feira no Mercado Web Minas.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012


SITE PROMETE VIGIAR OS VEREADORES DE BELO HORIZONTE


No ar desde o dia 1º de fevereiro, o site www.naovaiderrubar.com pretende controlar os vereadores de Belo Horizonte. A iniciativa visa fazer com que o veto do prefeito Márcio Lacerda (PSB) ao projeto de aumento salarial de 61,8% dos vereadores da capital seja mantido. Isso porque os parlamentares municipais pretendem realizar nova votação, dessa vez secreta, deburrando o veto do prefeito.

Apesar de se auto intitular um movimento apartidário e do site não mencionar quem ou qual empresa o mantém, a newsletter sobre o site foi enviada por Saulo Azevedo, da Turma do Chapéu, braço extra-oficial da Juventude do PSDB mineiro.



Estaria o PSDB mineiro deixando Léo Burguês, do mesmo partido, de lado? Ou, com a iniciativa, o partido quer dar mais visibilidade para o veto de Lacerda, pré-candidato à reeleição que conta com o apoio do PSDB?

Tirando a questão partidária de lado, a iniciativa é interessante, pois é mais um canal que dá voz ao cidadão. O site conta com notícias sobre o andamento das votações, informações sobre os vereadores e um abaixo-assinado contra o aumento.