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BHTRANS e Prefeitura abrem portas e janelas para o transporte particular

AGÊNCIA PEDREIRA - A empresa de transporte urbano de Belo Horizonte, também conhecida como BHTRANS, caminhou mais um passo para a consolidação do transporte particular e individual em Belo Horizonte. No último dia 1º de setembro, os quadros de horários das linhas da capital foram modificados.

Segundo fontes ouvidas pela Agência Pedreira de Notícias (APN), tal alteração nos quadros resultou na redução da quantidade de ônibus que circulam nos horários de pico. "A empresa quer, sistematicamente, reduzir os horários para que haja mais veículos particulares circulando pela cidade", informou a fonte. Outro fator para a modificação é o prejuízo que as empresas estão tendo. "O lucro delas, que costumava ser de 80%, passou para 79,99%. É uma sacanagem, visto que são essas empresas que mantém o transporte vivo e circulante", falou uma fonte ligada ao Consórcio Dom Pedro II, composto por mais de dez concessionárias.

Em vigor desde o final do ano passado, a contínua reestruturação dos horários tem em vista a redução dos espaços vazios nos coletivos da cidade. Apurações da APN concluem que mais de cinco reduções foram realizadas, contemplando 1,5 milhão de usuários de carros particulares. "Claro que tem que reduzir os ônibus na cidade; tem muito ônibus e, assim, só consigo andar pela cidade de helicóptero", observou o empresário Carlos Teixeira, proprietário de uma concessionária.

Tal medida, de certa forma, dialoga com a diretriz do atual administrador da cidade, sr. Márcio Lacerda, de fomentar o transporte por meio de táxis de luxo. "Dez táxis desse podem substituir um coletivo vazio; daí, vamos investir para que haja mais táxis pela cidade e menos ônibus", afirma o gestor público.

Ônibus do sistema público de transporte de BH - provavelmente o 2004. Menos espaço, mais calor humano. Foto: Divulgação BHTRANS

Calor humano
Alguns usuários do transporte público aprovam a medida. "É bom, porque aí o calor humano no ônibus aumenta e, quanto tem aqueles dias frios, todo mundo fica mais juntinho um do outro", confessou Claudemir Agostinho, 37 anos, cobrador. "Vamos rodar com mais gente no carro, o que vai contribuir para a interação entre as pessoas", afirmou Antônio Augusto, 59, motorista.

Conforme relatado pelo site Ah!Cidade, aumentar a quantidade de ônibus é aumentar o caos. “Não faz sentido aumentarmos a frota, pois mais carros nas ruas significam maior disputa por espaço e, consequentemente, mais congestionamento”, afirma Raquel Gontijo, gerente de operações da BHTRANS.

"A nossa principal intenção é diminuir os espaços vazios dentro do coletivo. Fazendo com que o horário seja reduzido, trabalharemos para que o transporte trabalhe em sua capacidade máxima, gerando menos ônus para as empresas concessionárias", ponderou Ramon César, presidente da BHTRANS, administrador que trabalha com metas de "mais produtividade, menos ociosidade". "Haja vista que, nos horários de pico, ainda havia espaços vazios dentro dos coletivos, promovemos [BHTRANS, Prefeitura e consórcios] uma 'reestruturação' que irá adequar os espaços antes ocupados pelo vento ou pelo vazio", completou.

Articulação #ForaLacerda

Não, não é mais um movimento. Não é um aglomerado de jovens e juvenis que, dizem, fazem "obaoba" por causa da gestão municipal do sr. Márcio Lacerda. The hole is deeper than 6 feet.


Há uma articulação acontecendo nas virtualidades da internet que agora ganha o campo físico. Autointitulado "Fora Lacerda", o movimento aglutina demandas de diversas camadas da sociedade descontentes com a austeridade exagerada do empresário-gestor. "Não acredite em mim", mas na Fórum. A notícia é do dia 30, e chamava para um evento pontual. Entretanto, considere as demandas levantadas.


As reuniões do movimento já têm acontecido. Várias frentes já foram elencadas. E, como eu disse, não é só um "bando de badernistas" que está por trás disso, mas a classe AB do bairros Santa Lúcia, Sion e Cruzeiro; a Feira Hippie; o setor da educação municipal; e por aí vai.




Lançado em Belo Horizonte o movimento "Fora Lacerda"


Começa a ser articulado, via Facebook, um movimento que pede o impeachment do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), homem de confiança de Aécio Neves também apoiado por setores do PT. A primeira reunião ocorrerá neste sábado, 02 de julho, às 11h, na Praça da Estação. Márcio Lacerda, apesar de ter ampla maioria na Câmara de Vereadores, vem enfrentando crescentes críticas pela truculência da Guarda Municipal, medidas higienistas como o confisco das posses dos moradores de rua, a proibição de manifestações públicas, o despejo de moradores, o projeto de demolição de um dos marcos da cidade (o Mercado Distrital do Cruzeiro), a venda de ruas para a especulação imobiliária e, mais recentemente, a entrega da presidência do Comitê Executivo Municipal da Copa do Mundo a seu filho, Tiago Lacerda. A página do protesto no Facebook continua recebendo adesões. 

O movimento pelo impeachment de Márcio Lacerda pretende, com essa primeira reunião, começar a acumular forças para um grande ato que realizaria em 31 de outubro. O protesto foi puxado por Tomás Amaral, morador do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, membro do coletivo Criarte, e autor de um relato sobre o assassinato de um morador por polícias militares em fevereiro.  Mais de 4 mil pessoas já aderiram ao protesto no Facebook.
Já consolidado na internet está o movimento Salve a Rua Musas, que protesta contra a venda de 1.700 metros quadrados de espaço público que separam dois terrenos pertencentes à Tenco CBL-Serviços Imobiliários S.A. A venda possibilitaria a construção de um hotel de luxo na área e transformaria o restante da rua num beco fechado pelo prédio. A rua se localiza nas imediações de um maiores gargalos de tráfego da região metropolitana de Belo Horizonte, nas imediações do BH Shopping. Os moradores se mobilizaram e criaram um blog, que já sofreu um processo judicial da Tenco, que solicitava a remoção da página. A 5ª Vara Cível de Belo Horizonte só concedeu à construtora uma liminar que determinava a remoção de alusões a ela na página, medida já acatada pelos responsáveis pelo blog. O movimento “Salve a Rua Musas” também tem perfil no Twitter.
A relatora especial da ONU para a Moradia Adequada, Raquel Rolnik, incluiu a capital mineira entre as cidades que estão realizando despejos forçados que estariam violando os direitos humanos. Em resposta, o presidente do Comitê Executivo Municipal da Copa do Mundo e filho do prefeito, Tiago Lacerda, afirmou: “O que ela falou para a gente, não vamos nem considerar”.
O local dos protestos deste sábado, a Praça da Estação, já foi alvo de outras manifestações contra o prefeito, batizadas de “Praia da Estação”. Desde 2010, vestidos de roupas de banho e munidos de esteiras, cangas e outros apetrechos praianos, cerca de 200 estudantes ocuparam a Praça durante os finais de semana, em protesto contra o decreto municipal nº13.798 de dezembro de 2009, que proíbe a realização de eventos de qualquer natureza no local. O movimento é oficialmente ignorado pelo prefeito, mas nos bastidores preocupa Lacerda e seus aliados, que veem crescer na internet as páginas de protestos e críticas contra sua administração. Movimento semelhante para tirar do cargo a prefeita de Natal, Micarla de Souza (PV), começou timidamente nas redes sociais e rapidamente ganhou milhares de adeptos.
Profissionais da imprensa mineira tentaram noticiar a realização do ato Fora Lacerda deste sábado, mas foram silenciados pelo prefeito, no que já é uma característica conhecida das relações entre o Poder Executivo mineiro e a mídia, e que Márcio Lacerda agora transplanta também à prefeitura.

Uma Prefeitura que não ouve

Há alguns meses, acho que desde o ano passado, eu tenho tido uma discussão desacertada com a Prefeitura de Belo Horizonte em seus perfis nas redes sociais, principalmente no Twitter. E não sou o único neste discurso.


Na contramão do que supostamente desejamos de um órgão público - que é transparência e presteza nas respostas quando perguntamos algo -, a @pbhonline - perfil da PBH no Twitter - resigna-se à insignificante tarefa de divulgar as benesses por ela cometida. Contato que é bom, somente via Fale Conosco - que também não é uma instância funciona, explico abaixo.


Há alguns dias, eu venho percebendo a evasão d'@pbhonline em responder algumas de nossas questões via Twitter. Diferente do perfil @governomg, do Estado, que me respondeu depois de mencioná-lo em um post, parece a PBH estar surda, muda e cega para nossos reclames nessa mídia social. E isso somente contribui para com a nossa antipatia a essa gestão atual.


Pelo Twitter, a PBH convidou os seus seguidores a curtirem a sua página no Facebook. Indaguei se haveria algum tipo de interação por lá, já que no Twitter não havia nada do tipo. A resposta veio por Mensagem Direta, escondida, nada transparente - que disponibilizo aqui:


"Prezado, para contato com a PBH, solicitar respostas e informações, o Sr. pode acessar os canais do Fale Conosco do site que é o mecanismo disponível ao cidadão exclusivamente para esse propósito. Estamos à disposição para qualquer outra orientação. Clique no link a seguir para acessar o Fale Conosco: http://ow.ly/563EG Att"


Me mandou ir ao Fale Conosco. Em vez de flexibilizar na comunicação com o cidadão, prefere continuar com essa absurda e burra burocracia contra tempos de web 2.0/3.0. Uma seguidora mencionou que não adiantava nada o Fale Conosco, que ninguém sabe dar o encaminhamento certo, e que na ouvidoria da PBH ninguém responde. (Concordo, enviei à Ouvidoria uma solicitação no mês de abril - já estamos em junho, e não tive retorno.) Eis que chegam novas DMs, que eu comento:


"Prezado, no Fale Conosco existem pessoas de áreas específicas para responderem acerca de assuntos específicos. Naturalmente, em qualquer instituição, pública ou privada, não existem profissionais e atendentes que saibam sobre todos os assuntos. Portanto, orientamos as pessoas que de fato buscam por esclarecimentos, que procurem esses canais específicos. Att, ASCOM-PBH"


Se uma empresa é competente, o setor de Comunicação encaminha ao órgão responsável e dá destino. Eu já trabalhei com isso e sei como funciona. Bem sei que a Ouvidoria não é obrigada a saber de tudo, mas quando não recebemos resposta das nossas demandas, trata-se de uma incompetência generalizada.


O que está ocorrendo é que o perfil @pbhonline está indo na contramão da interatividade midiática. Mesmo outros órgãos públicos - como o Ministério da Cultura (@culturagovbr) estabelecem contatos, esclarecem dúvidas e respondem reclamações VIA TWITTER! E o MinC, como se sabe, não é pequeno. Então, por que a burocracia absurda no contato com a PBH? Será medo de o estagiário dar uma resposta inadequada? Será que isso revela que a PBH se tornou, depois que o atual prefeito foi eleito, em mais uma empresa que só pensa em lucro e que não quer o retorno de seu cliente?


As redes sociais têm causado mais danos que o Procon.


O que eu quero que a PBH entenda é que "Fale Conosco" é UM DOS MEIOS para efetuar a Comunicação entre cidadão e órgão público. Se estamos em tempos de seguir interesses e curtir afinidades, por que não fazer como o Governo Federal, que "conversa" com os seus usuários em vários perfis nas redes?


Então, PBH, depois desse pequeno ensaio, você vai continuar nos ignorando ou prefere adotar uma postura de interação com os seus seguidores? Lembre-se que ano que vem tem eleição - e não queremos nossas timelines lotadas de propagandas de uma gestão que não nos representa - não a mim, pelo menos. 


PBH, ME OUVE!

Todo Mundo Odeia o Lacerda

A comoção contra a atual gestão da Prefeitura é tão grande que já se pensa em fazer um grande movimento contra as lambanças de Márcio e seus asseclas.

No dia 28 às 18h, diversas entidades vão discutir onde e a que horas vai ocorrer o grande ato "Todos Contra Lacerda" - a reunião será na Rua da Bahia, 504, 3º andar. Mas a data da manifestação já está definida: quinta, 3 de março.

Desapropriar para expandir

Via Facebook, chega a seguinte nota:

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) autorizou, por meio de decreto assinado pelo prefeito Marcio Lacerda (PSB), a desapropriação imediata de seis terrenos para a construção de um anexo da Câmara Municipal e a ampliação do estacionamento privativo dos vereadores e servidores do legislativo da capital. O anúncio, decretando de utilidade pública os imóveis localizados nas ruas Tenente Anastácio Moura e João Ribeiro, do lado direito da entrada principal da Câmara, no Bairro Santa Efigênia, foi publicado na edição de 29 de dezembro do Diário Oficial do Município (DOM), a pedido da Mesa Diretora da Casa.

Pelo decreto, as desapropriações poderão ser feitas mediante acordo ou processo na Justiça. Atualmente, a Câmara Municipal abriga cerca 1,5 mil servidores, entre efetivos, estagiários, comissionados e terceirizados em um confortável prédio de três andares, dividido em dois blocos. Cada um dos 41 vereadores tem direito de nomear até 12 assessores em cada gabinete. A verba pública para custear as expansões não foi divulgada. Donos dos imóveis citados no decreto, porém, estão indignados com a iniciativa e não aceitam sequer sentar na mesa para negociar possíveis valores de indenização das desapropriações.

Defensor da obra, o novo presidente da Câmara de BH, vereador Léo Burguês (PSDB), informou ontem que já vai contratar uma empresa para fazer os projetos de engenharia e arquitetura do prédio e do estacionamento. Depois de pronto, o empreendimento será executado pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). A intenção é que o espaço possa ser usado para a construção de novos gabinetes de vereadores. De acordo com o tucano, dentro de cinco anos o número de parlamentares deve aumentar em razão do crescimento populacional da capital, conforme interpretação da Constituição pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Porra, Lacerda! Mais um DECRETO??

Vou falar é nada. Já temos o Burguês na Câmara. Inferno pior não há.

Parabéns pro Lacerda

Depois de um mês e meio de ausência - "férias forçadas", digamos assim -, o blog retorna em 2011. Já analisando algumas coisas que aconteceram no último mês de 2010.

Uma delas, a mais polêmica de todas e que encerrou o ano com "chave de ouro". Uma pesquisa do DataFolha elencou Márcio Lacerda como o melhor prefeito dentre oito capitais pesquisadas. Matéria do O TEMPO:

O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), foi o mais bem avaliado dentre os prefeitos de oito capitais, segundo pesquisa DataFolha, divulgada ontem. Realizado entre os dias 17 e 19 de dezembro, o levantamento apontou que 54% dos moradores da capital mineira consideram a gestão de Lacerda ótima ou boa e apenas 10% a consideram ruim ou péssima. A nota média dada a Lacerda, de zero a dez, foi 6,6.

O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), ficou em segundo lugar, com nota 6,5. José Fortunati (PDT), de Porto Alegre, recebeu 5,9 de nota da população, e Eduardo Paes (PMDB), prefeito do Rio de Janeiro, 5,8. Todos os quatro estão em primeiro mandato. Em quinto lugar no ranking, vem o prefeito reeleito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), com nota média de 5,4.

Se não, vejamos: quiproquó do FIT + proibição de eventos na Praça da Estação + realização de eventos com praças públicas fechadas e cercadas, gerando uma moção de repúdio até da tia do prefeito + diminuição da quantidade de viagens nos ônibus coletivos + obras que não satisfazem ao anseio popular (para que a construção daquele viaduto na Lagoinha?) + a desistência da procura por um transporte de qualidade e eficiente, implantando o BRT como paliativo e esquecendo de lado o metrô + medidas obreiras que contribuirão com as cheias do Arrudas e do Onça (a continuação do Boulevar Arrudas e a Linha Verde) = um bom "prefeito.

Parabéns, Lacerda! Conseguiu mais uma vez manter BH sem a expansão do Metrô, fazendo acordo com os empresários dos ônibus. BRT não vai aguentar a pressão, porque Belo Horizonte é bem maior que Curitiba.

Parabéns, Lacerda, por dobrar o preço do Restaurante Popular. Subsídio zero a quem tem fome.

Parabéns, Lacerda, por ter uma diretoria incompetente na Fundação Municipal de Cultura, fazendo com que o FIT fosse cancelado e, depois, des-cancelado.

Parabéns, Lacerda, por diminuir a verba para a educação e aumentar em oito vezes a verba para publicidade (de R$ 4 milhões a R$ 32 milhões). Propaganda é a alma do negócio, e a cidade faz parte dele.

Parabéns, Lacerda, por sortear bolsas de escolas particulares, mas não investir na educação básica. Tudo bem que a tarefa constitucional de um município é deste se preocupar até o nono ano do Ensino Fundamental. Mas veja o tamanho da cidade: será que haveria como o Estado de Minas Gerais aguentar toda a demanda do Ensino Médio? Faltou um pouquinho só de bom-senso. Só um pouquinho.

Márcio Lacerda, orgulho de Belo Horizonte. Só que não.

Vende-se uma cidade

Era uma vez uma cidade. Linda, com uma estrutura razoável, clima agradável e tudo o mais. Já foi, inclusive, considerada uma das melhores capitais do mundo para se viver. Teve sua gestão considerada a melhor do país e a oitava melhor da América Latina.

Só que veio 2008 e as eleições municipais. E um senhor de ultrajante comportamento tomou posse como "prefeito". Justifico as aspas ao me referir ao sr. Márcio Lacerda porque ele não passa de um empresário querendo gerir uma cidade como se fosse uma empresa.

Aguentem a mais nova onda do imperador Lacerda:

Por Carlos Alberto Cândido

Está no noticiário, mas ninguém parece ter se dado conta da importância do fato nesta cidade de imprensa submissa: o prefeito Márcio Lacerda (PSB) vai promover a maior privatização de bens públicos que Belo Horizonte e talvez qualquer cidade brasileira já viu. Serão 81 imóveis municipais, que irão a leilão, inclusive o Mercado Distrital da Barroca e a mansão residencial do prefeito, localizada às margens da Lagoa da Pampulha, próximo do Museu de Arte, e que tem um painel de Guignard. A informação é que o painel será retirado, mas até que isso aconteça, é melhor desconfiar.

O pior, porém, é ver dezenas de terremos desocupados, com tamanhos variando entre 1 mil e 10 mil metros quadrados, segundo notícia do Estado de Minas, se transformarem em mais espigões. Se tem uma coisa de que Belo Horizonte não precisa hoje é que áreas públicas se transformem em empreendimentos imobiliários. Muito melhor seria ver esses lotes virarem praças e parques, para lazer da população, com muitas árvores para ajudar a despoluir o ar. Ao contrário do que se diz, Belo Horizonte tem pouquíssimas áreas verdes; tem muitas árvores, mas elas estão nos passeios.

Para piorar a situação, o prefeito gosta de privatizar espaços públicos, como fez com a Praça da Estação, cujo uso agora só se dá mediante pagamento de aluguel. E gosta também de transformar áreas verdes em empreendimentos imobiliários, como está fazendo com a Mata do Isidoro, que será transformada na Vila da Copa, visando a abrigar delegações para a Copa da Fifa.

A privatização dos espaços públicos será certamente a marca do mandato do prefeito empresário, que tenta administrar Belo Horizonte como uma empresa: o que não dá lucro – cultura, por exemplo – não tem serventia. Não à toa recebeu vaia monumental do maior auditório da cidade, o Palácio das Artes, durante o Festival Internacional de Teatro (FIT), em agosto passado. Já tinha passado por isso na festa de encerramento do festival Comida di Buteco, em maio.

Empresário da cidade, o prefeito atua como auxiliar do capital, que destrói rapidamente todos os espaços vazios da cidade, derruba casas, escolas e até clubes – como acontecerá, ao que tudo indica, com o centro de lazer do América, no Bairro Ouro Preto – para erguer no lugar enormes edifícios.

É dever da prefeitura conter a especulação imobiliária, em defesa da qualidade de vida para os belo-horizontinos. Em vez disso age ela também a favor da deterioração do município. A intenção, diz a notícia, é fazer um caixa de R$ 200 milhões. O mercado vale no mínimo R$ 19,5 milhões; a casa do prefeito, R$ 1 milhão (só? Este é o preço de um apartamento na zona sul…). O governo FHC mostrou o que acontece com dinheiro de privatizações: desaparece sem trazer nenhum benefício social.

É incrível que nenhum representante dos belo-horizontinos, nenhum vereador, nenhuma organização da sociedade tenha ainda se levantado contra a realização desse crime contra o patrimônio público, movendo, inclusive, uma ação na justiça.


Incrível é acreditar que Lacerda é cogitado à reeleição. Sem mais.

Atentado às Torres Gêmeas

Este blog, solidário com todas as lutas legítimas em prol de uma cidadania menos alienada, vem publicar esta missiva das Brigadas Populares.

Comentário estritamente pessoal:
1. esquisito esse incêndio. Tá meio na linha de outros, semelhantes, ocorridos em regiões nobres de São Paulo, como Higienópolis.
2. pelo andar da carruagem, eu DUVIDO que o "prefeito" Márcio Lacerda dará algum tipo de ouvido a essas famílias atingidas. Na verdade, se toda a PBH tivesse a devida preocupação e a sensibilidade para o caso, a Dandara já teria virado moradia popular há muito tempo.




COMUNICADO

INCÊNDIO NAS TORRES GÊMEAS E O ABUSO DA POLÍCIA MILITAR

Ontem (20 de setembro de 2010) ás 19 horas ocorreu um pequeno incêndio de um dos apartamentos das Torres Gêmeas, ocupação organizada há mais de 15 anos que abriga 160 famílias sem-teto, no bairro Santa Tereza em Belo Horizonte. Felizmente, o incêndio causou apenas pequenos ferimentos e algumas pessoas foram levadas para o hospital com intoxicação devido à inalação de fumaça. A defesa civil, os bombeiros e a Polícia Militar desocuparam um dos prédios devido às operações de segurança. O incêndio foi pequeno e não causou dado algum aos outros apartamentos e tampouco modificou o estado do prédio.

Contudo, neste momento a Tropa de Choque da Polícia Militar está impedindo que os moradores retornem para as suas casas utilizando cães e armas de contenção de multidões. Mas de 80 famílias estão proibidas de entrar em suas casas e muitas delas estão apenas com a roupa do corpo, entre os desabrigados encontram-se muitas crianças e idosos. As famílias estão alojadas no antigo galpão da Pax de Minas, ao lado do Metrô Santa Efigênia, e até o momento a Prefeitura de Belo Horizonte não prestou nenhuma assistência além de fornecer um galpão abandonado.

As autoridades presentes no local disseram que não liberarão a entrada dosmoradores e que esperarão a visita técnica de um engenheiro da prefeitura paraliderar ou condenar o prédio. Umalvará negativo significará o despejo ilegal das famílias que hoje tem suaresidência nesta ocupação. Além de serem vítimas da falta de moradia, além deviverem precariamente devido à resistência da prefeitura em desapropriar oprédio em favor das famílias que nele vivem e assim reformarem o imóvel edotá-lo de condições dignas, agora estas famílias estão ameaçadas por umdespejo forçado e ilegal.

O incêndio não é culpa das famílias que habitam o prédio, mas do descaso das autoridades que não desapropriam o imóvel e não o recuperam para dar dignidade aos moradores. O Estatuto das Cidades permite a desapropriação para interesse social, o Ministério das Cidades possui recursos para reformar o prédio, então por que não fazem isso e de fato garantam a segurança das famílias das Torres Gêmeas? O despejo não traz segurança para as famílias, apenas cria mais vítimas. Este incidente é uma oportunidade para que a Prefeitura de Belo Horizonte, o Estado de Minas Gerais e o Governo Federal tomem providências concretas no sentido de desapropriar o prédio e reformá-lo para que as famílias moradoras do mesmo tenham de fato segurança e paz.

Contribua com a luta dos sem-teto de Belo Horizonte,divulgue este comunicado e ajuda ás famílias a voltarem para suas casas. Sepossível preste sua solidariedade levando ao local alimento e agasalhos.


PELO RETORNO DAS FAMÍLIAS PARA SUAS CASAS.

PELA RETIRADA DA TROPA DE CHOQUE DA OCUPAÇÃO TORRES GÊMEAS

PELA DESAPROPRIAÇÃO DOS PRÉDIOS EM FAVOR DAS FAMÍLIAS QUE NELE VIVEM.

POR UMA COMISSÃO TÉCNICA DE VISTÓRIA COM A PARTICIPAÇÃO DE ENGENHEIROS INDICADOS PELOS MORADORES.



Belo Horizonte, 21 de setembro de 2010.

Associação dos Moradores das Torres Gêmeas

Brigadas Populares

Pastoral de Rua

Contatos: Célio: 92548155 / Glaudenice: 88193052/ Guilherme: 83129078/Sandoval: 87464209

A Cultura que exala

Uma coisa que muito me incomoda nessa gestão municipal é a capacidade de a Prefeitura se apropriar de algo como se fosse dela. Isso ocorre, principalmente, no campo cultural. Se não, vejamos:

Antigos projetos que eram executados à época de Patrus e Célio de Castro, como a Arena de Cultura, simplesmente não existem mais. Ou, se existem, eu não vejo falar deles - é a máxima da Publicidade: um produto só existe quando é conhecido ou falado sobre. E eu não ouço falar.


Mas o que eu quero falar é mais exatamente sobre o texto que li hoje, a partir de um tweet da Fundação Municipal de Cultura: http://fr.pbh.gov.br/?q=node/158 (Cliquem e leiam, por favor. Eu não vou reproduzi-lo aqui.)

É inegável que a FMC tem a sua cota de participação, que ajuda a difundir a cultura etc. Mas, pelo menos para mim, o fatídico episódio do FIT, no começo do ano, e da Praça da Estação - que parece se desenrolar por um bom tempo ainda - foram o estopim para se crer que em Belo Horizonte a cultura vive à sombra, à margem do que deveria ser.

Isso, claro, sem falar no Carnaval da cidade. Conversava eu, uns dias aí para trás, com pessoas do cenário do samba de BH. E, inevitavelmente, caímos no tema da expulsão (essa é a palavra mais adequada) da GRES Cidade Jardim da sua quadra para o provimento de uma creche. A principal alegação era de que a área é invadida. Acho que alegações do tipo "é o melhor local para a creche" devem ter sido ditas.

Para quem não conhece, a Escola fica em um barranco, no Conjunto Santa Maria, zona oeste, bem próximo à Av. Raja Gabáglia. Para quem é de fora de BH, a Raja é uma avenida que só passa por lugare$ bacana$ - Gutierrez, Luxemburgo, Estoril, São Bento, Santa Lúcia e, em um trecho pequeno, corta o Aglomerado Morro das Pedras. Logo abaixo, encontram-se casas luxuosas e mansões ostentosas do high society bairro Luxemburgo, já na zona sul. Eu disse que a alegação da expulsão era a invasão do terreno, certo? Pois bem. Dois pesos e duas medidas: o Luxemburgo também é área de terras devolutas (leia-se invasão). Não sou eu quem disse, foi a pessoa com quem conversei. E eu não duvido nem um pouco dessa situação.

E como é que se estimula uma Cultura de Culturas expulsando escolas de samba e as deixando sem local para ensaiar? E como é que se estimula a diversidade cultural jogando o Carnaval para a putaquiupariu da Via 240? E como é que se estimula a Cultura fechando a Praça da Estação aos grupos culturais e abrindo à Coca Cola? E o fracasso e desespero que foi a Parada Disney, que simplesmente devastou a Pampulha para um evento da Nestlé (aí, mais um evento pago!), deixou muita gente frustrada e os moradores emputecidos? E os teatros municipais, que estão aos cacarecos? Chico Nunes já está fechado, de tão precário que se encontra. O Marília vai indo pelo mesmo caminho.

Estímulo à cultura. Cadê? Ela não pode ser feita em apenas um sentido.

Responda-me, Thaís Pimentel, por favor. Se quiser, te deixo um espaço para seu Direito de Resposta. Só não me deixe falando sozinho, como faz o Sr. "Prefeito" Márcio Lacerda.

Mata que pode virar concreto

UPDATE - 15/04, 17h30: A pressão tá dando certo!  O Ver. Leonardo Mattos está convocando uma audiência pública para discutir a situação. Segue o serviço:

EVENTO: AUDIÊNCIA PÚBLICA
Assunto: Alteração urbana da área do Isidoro, localizada na região norte de Belo Horizonte, provocada pelo Projeto de Lei 820/2009
Data: 19/04 (segunda-feira)
Horário: 9 horas
Local: CMBH – Plenário Helvécio Arantes – Av. dos Andradas, n. 3100, bairro Sta Efigênia.




"Respeito. Eficiência. Compromisso Social." Esse é o slogan da atual gestão da Prefeitura de Belo Horizonte. Um tanto contraditório, se você pensar no que a PBH tem feito ultimamente. Desde a Praça da Estação, passando pelo FIT, pegando o bonde na Parada Disney e chegando na Mata do Isidoro. Mais uma carta do baralho. Respeito, oi?

A Prefeitura quer derrubar a última área de preservação ambiental da cidade para construir prédios que irão abrigar 250 mil pessoas - população equivalente à Regional Venda Nova numa área um pouco maior que a Av. do Contorno. Eu disse Regional Venda Nova, não apenas o Centro da região. Imagine o que seria juntar a quantidade de pessoas que moram no Candelária, Mantiqueira, Rio Branco, Santa Mônica, Landi, Serra Verde, Minascaixa, Jardim Leblon, Céu Azul, Céu Anil, Nova Pampulha, Pedra Branca, Jardim Europa, Comerciários, Lagoa, Lagoinha, Letícia, Maria Helena, Nova América, São João Batista e outros bairros em um espaço um pouco maior compreendido dentro da Av. do Contorno?

Só me vem uma palavra na cabeça: demência. Ou compromisso de campanha - não com quem votou, mas com quem bancou a campanha. 

Digamos que um dos motivos para isso seja a "preocupação" da PBH no que tange à invasão da mata. (Ou seria o termo correto ocupação, como é a Dandara e a Camilo Torres?) Ela está em processo de modificação da Lei de Uso e Ocupação do Solo, esperando aprovar o projeto da nova lei até 15 de abril.

Mas você me pergunta se impedir a construção dos prédios lá no Isidoro (que poderá se transformar em uma nova regional) não poderá diminuir o déficit habitacional de BH. A resposta é previsível: NÃO. Das 250 mil vagas, apenas 1.000 serão destinadas a contornar essa situação. Parece mentira, mas é a Prefeitura.

E um detalhe ambiental sério: um estudo da própria PBH revela que a área do Isidoro possui inúmeras Áreas de Proteção Permanente (APP's). Habitar a área coloca em risco tanto as APP's quanto 29 corpos d'água - que, num futuro nao muito distante, poderão estar no nível que hoje é o Arrudas e o Onça.

De acordo com a PBH, serão 72 mil apartamentos ao valor médio de R$ 100 mil, o que dá R$ 50,4 milhões ano de aumento na arrecadação do IPTU (0,7% alíquota).No entanto, para administrar uma regional com a população de 250 mil pessoas, esses recursos não serão suficientes. É só ver o exemplo da Administração Regional Venda Nova, que têm a mesma população e um orçamento de R$ 99,2 milhões. Isso tudo sem mencionar a necessidade de contratar novos guardas municipais, agentes de trânsito, agentes de saúde, médicos, enfermeiros, professores, educadores infantis, garis, lixeiros e muitos outros não incluídos na folha de pagamento da nova regional.

Embora a operação urbana do Isidoro vá gerar R$ 10 bilhões de faturamento para seus empreendedores, a PBH planeja investir R$100 milhões em obras de infra-estrutura da nova regional. Ainda que a lei fale que tal responsabilidade é do setor privado.

 
Essas são informações do blog Salve o Isidoro. Porque se não for a gente, não será a Prefeitura. Repasse as informações adiante, ainda há tempo de dar aqueeeeele cutucãozinho no "prefeito" Márcio Lacerda.


Ajude a evitar este absurdo, envie um e-mail para os vereadores e peça para QUE TODAS AS OPERAÇÕES URBANAS QUE ENVOLVAM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL SEJAM REMOVIDAS DO PL 820/09 e, se necessário, reapresentadas em um diferente projeto de lei para que possamos responsavelmente discutir o que será feito do destino de cada uma destas áreas. O endereço de cada um deles, já pronto para ser copiado e colado no remetente de novos e-mails, abaixo:

adrianoventura@cmbh.mg.gov.br, albertorodrigues@cmbh.mg.gov.br, alexandregomes@cmbh.mg.gov.br, anselmojosedomingos@cmbh.mg.gov.br, arnaldogodoy@cmbh.mg.gov.br, autairgomes@cmbh.mg.gov.br, brunomiranda@cmbh.mg.gov.br, cabojulio@cmbh.mg.gov.br, pastorcarlos@cmbh.mg.gov.br, chambarelle@cmbh.mg.gov.br, divinopereira@cmbh.mg.gov.br, edinhodoacougue@cmbh.mg.gov.br, elainematozinhos@cmbh.mg.gov.br, eliasmurad@cmbh.mg.gov.br, fredcosta@cmbh.mg.gov.br, geraornelas@cmbh.mg.gov.br, geraldofelix@cmbh.mg.gov.br, gunda@cmbh.mg.gov.br, henriquebraga@cmbh.mg.gov.br, hugothome@cmbh.mg.gov.br, iranbarbosa@cmbh.mg.gov.br, joaolocadora@cmbh.mg.gov.br, joaooscar@cmbh.mg.gov.br, joaovitorxavier@cmbh.mg.gov.br, leoburguesdecastro@cmbh.mg.gov.br, leonardomattos@cmbh.mg.gov.br, luistibe@cmbh.mg.gov.br, luziaferreira@cmbh.mg.gov.br, marialscarpelli@cmbh.mg.gov.br, moamedrachid@cmbh.mg.gov.br, neusinhasantos@cmbh.mg.gov.br, pablito@cmbh.mg.gov.br, paulinhomotorista@cmbh.mg.gov.br, paulolamac@cmbh.mg.gov.br, preto@cmbh.mg.gov.br, pretosacolao@cmbh.mg.gov.br, pricilateixeira@cmbh.mg.gov.br, ronaldogontijo@uai.com.br, sergiofernando@cmbh.mg.gov.br, silvinhorezende@cmbh.mg.gov.br, wellingtonmagalhaes@cmbh.mg.gov.br

E o pateta, passa quando?

ou quando as políticas públicas para a cultura pedem socorro em Belo Horizonte


(Texto de Débora Vieira, publicado no blog Trezentos e replicado neste blog.)

Quero tratar aqui de alguns acontecimentos que têm ilustrado a desastrada gestão de Márcio Lacerda à frente da Prefeitura de Belo Horizonte.

Pra começo de conversa, não custa relembrar um pouco sobre o contexto em que Lacerda se elegeu prefeito de Belo Horizonte, nas eleições de 2008. O candidato do PSB, informal (e escandalosamente) apoiado pelo governador Aécio Neves (PSDB) e pelo prefeito Fernando Pimentel (PT), chegava ao segundo turno tecnicamente empatado com o candidato Leonardo Quintão (PMDB).

Após ter inclusive cogitado a vitória no primeiro turno, Márcio Lacerda se viu, na reta final do primeiro turno, ameaçado pela ascensão meteórica do concorrente Quintão que, além de ter caído no gosto popular, também representou, de alguma forma, uma válvula de escape eleitoral àqueles que não engoliam a aliança infame entre PT e PSDB na capital mineira.

De um lado, o candidato Márcio Lacerda, com uma imagem insossa, um programa de governo (oi, ele apresentou um programa?) inconsistente e um discurso de campanha que conseguia juntar esses dois predicativos. Em suas costas, uma máquina eleitoreira desmedida, que a cada dia se revelava inesgotável na busca pela vitória.

Do outro lado, o meteórico Leonardo Quintão. Filho de  Sebastião Quintão (ex-coronel prefeito da cidade de Ipatinga, onde foi recentemente cassado após assumir um mandato para cujas eleições ele não venceu), o “bom moço” conseguiu subir rapidamente nas pesquisas eleitorais graças a um discurso populista e dramalhão que se dirigia pontualmente às massas. Carismático e fotogênico como poucos, Quintão chegou inclusive a forjar um sotaque “caipira” pra tentar se fazer mais próximo do povo. Por trás dele, como não poderia deixar de ser, outra fonte inesgotável de recur$os que pudessem viabilizar a outrora desacreditada vitória.

O segundo turno das eleições para prefeito em BH foi, mais que um vexame, uma verdadeira afronta ao eleitor belorizontino. Não se debateram propostas, mas pessoalidades das mais banais. Estratégias as mais mesquinhas foram utilizadas: houve acusações de ameaças, houve atores globais intervindo nas campanhas … Quem passasse pelas ruas do centro de Belo Horizonte durante as madrugadas que precederam o pleito, um pobre-coitado afixava cartazes com acusações “anônimas” a um candidato, enquanto, metros adiante, um outro pobre-coitado colava, por cima, outras acusações também “anônimas a respeito do outro candidato.

Enquanto isso, a população, embasbacada diante de tanta baixaria, tentava decidir no boca a boca (ou no e-mail a e-mail) qual candidato seria o “menos-pior”.

Talvez tenha sido mesmo o humorista Tom Cavalcanti quem decidiu o rumo das eleições pra prefeito em BH. Cômico, trágico. Patético. A cartada final veio de uma intervenção à altura do Zorra Total, e venceu Márcio Lacerda.

Pouco mais de um ano depois da posse do Exmo Vencedor das Eleições, façamos, pois, um pequeno balanço da gestão. A meu ver, a administração do prefeito Márcio Lacerda  tem se mostrado desastrosa em diversos quesitos: saúde, moradia, educação, transporte público, cultura… As diversas greves e ameaças de greve dos trabalhadores destes setores só confirmam a insatisfação generalizada para com a gestão.

Meus dois centavos pra discussão vão tratar deste último item – a cultura, a fim de corroborar o que já não é novidade para a população: há mais de um ano, diversos projetos de ampla abrangência no cenário cultural de Belo Horizonte estão estacionados, ou, pior, na marcha ré. 

Destaquemos que BH  não possui uma Secretaria de Cultura, já que a que existia foi, a partir de 2004, substituída por uma Fundação Municipal de Cultura (FMC). A alteração, que prometia maior agilidade e eficácia na execução de políticas públicas para a cultura, se mostrou, ao fim e ao cabo, contraproducente, já que vem atuando sem a menor transparência e competência administrativa na condução dos projetos culturais da cidade.

A propósito, quando da criação da FMC, os funcionários que até então integravam o quadro da Secretaria  foram contratados pela FMC. Entretanto, o artigo 139 da Lei 9011/05, 01/01/05 de Belo Horizonte prevê que a Fundação deve ter um quadro próprio de funcionários. Aliado a isso, a expansão das atividades e a necessidade de uma maior especialização de gestores culturais demandou a abertura de um concurso, que foi realizado em 2008. Foram aprovados 262 profissionais, sendo que, até a presente data, apenas 85 foram nomeados, fato que representa um indício da falta de interesse do prefeito Márcio Lacerda (intermediado pela diretora da FMC, Thaís Pimentel) em resolver a pendência e oferecer à FMC melhores condições de funcionamento.

Bem, quanto à inoperância de que pretendemos tratar, a cartilha é longa.


Praça da Estação 

A única praça da cidade com estrutura e planejamento para realização de eventos de grande porte encontra-se sitiada.

Começo falando um pouco sobre uma atitude que sintetiza o que de patético e autoritário existe no trato que a gestão Márcio Lacerda dispensa à cidade e aos cidadãos.

No dia 09/12/2009, o prefeito publicou um decreto proibindo (!) a realização de eventos de quaisquer natureza (!) na Praça da Estação, sob a alegação de que o patrimônio público estaria sendo depredado. Hábil solução! Se o espaço está sendo destruído, a solução é simples: sitiemos o espaço, proibamos a população de usufruir dele!

Dentre as inúmeras incoerências presentes no decreto, destaquemos que a praça foi planejada justamente para a realização de eventos de grande porte, já que nela não existem muitos elementos (árvores, monumentos, pilastras…) que obstruam a montagem de estruturas como palcos e arenas, além de favorecer a concentração de muita gente. Em contrapartida, a Praça da Liberdade, localizada numa região nobre de Belo Horizonte, é adornada com inúmeros jardins, árvores, fontes… ou seja, é potencialmente mais “sujeita à depredação” e, no entanto, apesar da falta de estrutura para sediar eventos de grande ou médio porte, não há nada que impeça a realização de eventos por lá.

A medida repercutiu em uma série de protestos que, felizmente, saíram das correntes de e-mail e decidiram ocupar a praça. Desde janeiro deste ano, a Praça da Estação tem sido sede de um dos movimentos de ocupação urbana  mais interessantes de que se tem notícia em Belo Horizonte, conhecido como “Praia da Estação”. A população ocupou espontaneamente a praça, levando trajes de banho, bóias, intervenções, bolas, cangas, manifestos, música e farofa… no intuito de ocupar a praça, de resistir ao decreto, de exigir do prefeito mais diálogo e maior transparência na condução da administração da cidade.


Este blog, coletivo, com postagens assinadas e também anônimas, tem realizado/registrado as ações de ocupação desde o princípio, por meio de imagens, manifestos, opiniões… Trata-se de uma iniciativa de reivindicação e manifesto que tem, aos poucos, se performado em um movimento de apropriação, de afirmação da cidadania. O movimento “Praia da Estação” não possui liderança nem liderados, e desafia com a criatividade um autoritarismo que se impõe por meio de um decreto, de tropas de policiais, por viaturas e pela caricatura do medo. Na primeira praia, por exemplo, as fontes que jorram água (e que, por isso, motivaram o evento “praia”, já que permitiria que as pessoas se molhassem) foram desligadas, pois estariam em manutenção. Os praieiros fizeram uma vaquinha e contrataram, então, um caminhão pipa, levando assim o mar ao sertão.

A “manutenção” das fontes aconteceu inúmeras outras vezes, bem como a presença massiva de policiais na praça aos sábados. A propósito, no dia 24 de março, foi realizada uma audiência pública (que contou com grande representatividade popular, motivada pelo evento “Praia”) na Câmara Municipal de Belo Horizonte, a fim de se discutir, dentre outros temas, o decreto e o destino da Praça da Estação.

Por enquanto, a praça segue sitiada. E a praia segue, em sua resistência alimentada a funk e farofa.


Arena da Cultura

Projeto interrompido após 10 anos de exitosa atividade

As atividades do Arena da Cultura, um dos projetos de maior abrangência sociocultural do país, foram interrompidas – justamente após completar 10 anos de existência. O projeto conseguia, em alguma medida, descentralizar os núcleos de produção, ensino, reflexão e difusão artísticas na cidade, por meio das inúmeras atividades (ciclos de formação, oficinas, worshops, debates…) nos campos das artes plásticas, dança, música e teatro. Sob o escuso pretexto da necessidade de “mudanças no modelo de gestão”, a FMC interrompeu as atividades durante 2009 e, somente agora, em março, anunciou o retorno do projeto para o segundo semestre de 2010, o que significa que, na mais otimista das hipóteses, ele terá sido interrompido por “apenas” 1 ano e meio (em uma gestão de 4 anos) – o que significa abandonar a formação sócio-artística de aproximadamente 1000 cidadãos de diversas regiões de Belo Horizonte. Consideramos saudável e necessária a constante avaliação e reelaboração das diretrizes de projetos como o Arena da Cultura. Entretanto, há que se questionar se a interrupção das atividades (e por tanto tempo) é de fato a alternativa mais viável, já que penaliza diretamente a comunidade.

Outro projeto também suspenso sem aviso prévio foi o BH Cidadania, que, de maneira indireta, também viabilizava diversos projetos de caráter cultural.


Experiência e empreendedorismo dá lugar à Politicagem

A opção por se privilegiar conchavos partidários em detrimento da eficiência administrativa também deixou suas marcas em 2009.

Citemos, por exemplo, a demissão de Priscila Freire, que dirigiu o MAP (Museu de Arte da Pampulha) durante 15 anos, nos quais esteve à frente de diversos projetos de fomento a exposições e também encabeçou o projeto de construção de um anexo para o Museu.

Sem uma explicação plausível, Priscila foi substituída pelo ex-prefeito de Barbacena, Martim Francisco Borges de Andrada (PSDB), que, quando da época de sua indicação para o cargo, sequer conhecia as atribuições que lhe caberiam a partir de então. Como previsto, sua atuação só não foi mais desastrosa porque tem passado em brancas nuvens, levando o Museu à ociosidade, por meio de uma redução drástica no número de exposições realizadas em 2009 no Museu.


O destino dos Teatros Municipais de Belo Horizonte

A mudança de diretoria dos Teatros da Fundação Municipal de Cultura não prometia tantos prejuízos às artes cênicas, já que quem assumiu o cargo foi alguém com ampla trajetória no ramo artístico de Belo Horizonte, Carlos Rocha. O que se viu até agora, entretanto, foi a interrupção de iniciativas louváveis do diretor anterior, Luis Carlos Garrocho, como por exemplo os programas Arte Expandida e Ressonâncias. O primeiro constituiu-se como uma iniciativa inovadora (e também bastante promissora) no campo da experimentação de linguagens cênicas. Por meio dos projetos Improvisõesimprovisação intermídia, Momentum – a composição no instante e Laboratório: Textualidades Cênicas contemporâneas, o programa Arte Expandida abriu espaço para o trabalho de diversos artistas/grupos da cidade de Belo Horizonte, além de oferecer ao público a oportunidade do diálogo constante com tais tendências de criação artística. Já no Ressonâncias teve vez a experimentação musical, por meio dos projetos Quarta Sônica – rock independente e Hip-Hop in Concert.

Além disso, a Mostra de Artes Cênicas para Crianças, evento que já integrava o calendário de realizações artísticas de BH e que teve continuidade na gestão de Garrocho, deixou de acontecer em 2009. Enfim, todos os projetos foram interrompidos, e sem qualquer consulta à população ou, pelo menos, uma explicação.
E o teatro Francisco Nunes, a propósito, está com as portas fechadas desde abril do ano passado. Segundo essa matéria do jornal O Tempo, a prefeitura já teria disponibilizado a verba para a reforma do telhado. Entretanto, em coletiva à imprensa realizada quando da divulgação dos resultados do edital da Lei de Incentivo à Cultura/2009, Thais Pimentel falou sobre a necessidade de patrocínio para a reforma do teatro, que completa 60 anos em 2010.

Resumo da não-ópera: projetos interrompidos sem consulta ou explicação à comunidade e Francisco Nunes fechado, sem previsão de reabertura.


Recuo e falta de transparência no repasse de verbas para a Lei Municipal de Incentivo a Cultura

Ainda no quesito da disponibilidade de verbas para a viabilização de projetos culturais, outra polêmica confirma a falta de transparência que caracteriza a atual gestão da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte: A princípio, um orçamento no valor de R$11 milhões havia sido anunciado pela prefeitura para a Lei Municipal de Incentivo à Cultura para o ano de 2010.

Poucos dias depois, a boa notícia caiu por terra, divulgou-se que o valor seria mantido com relação ao do ano passado.

Como se não bastasse, a proposta inicial de que o Fundo Municipal (quando a verba é repassada da prefeitura diretamente para o executor do projeto cultural, o que garante o financiamento de projetos que não possuam, necessariamente, caráter comercial) deveria receber 60% do total dos recursos não foi cumprida: recebeu 4 dos 7,5 milhões destinados à execução da LMIC, o que representa pouco mais de 53% do orçamento.


O quiprocó do FIT – Festival Internacional de Teatro

A propósito, foi justamente na ocasião da divulgação dos projetos aprovados pela LMIC que a Fundação comunicou,  por meio da presidente Thaís Pimentel, o inesperado (?) adiamento do FIT (Festival Internacional de Teatro), um dos mais importantes eventos das Artes Cênicas do estado e também do país. O anúncio do adiamento foi a gota dágua que faltava para deflagrar a falta de perícia da prefeitura de Belo Horizonte na administração dos projetos culturais belorizontinos. Desde o anúncio do cancelamento da edição 2010 do Festival até a divulgação de que o evento aconteceria, o que se viu foi uma série de desastres administrativos.

No dia 18/03, a decisão pelo adiamento foi comunicada à população, que, em momento algum, foi convidada a tratar do assunto, fato que reitera uma postura administrativa autoritária, que parte do princípio de que decisões dessa ordem podem ser tomadas verticalmente, de cima para baixo, e não a partir de debates que contemplem os interesses de toda a comunidade. Sob o “inadvertido” pretexto de que o FIT coincidiria com a Copa do Mundo e com as eleições, e, pior, sob a infame justificativa de que a curadoria não havia conseguido encontrar espetáculos com qualidade suficiente para compor a grade do Festival, o comunicado estarreceu e mobilizou a classe artística da cidade.

Vale lembrar que desde o começo do ano, 45 grupos têm se planejado para pleitear uma vaga no festival, planejamento este que implica o investimento de tempo, de dinheiro, além do cancelamento de outros compromissos, etc.

No dia 20 de março, uma manifestação realizada em frente à Fundação culminou na realização de uma reunião com Thaís Pimentel, Carlos Rocha e representantes da classe artística, ocasião em que a falta de transparência na administração dos recursos públicos foi deflagrada: em meio ás tentativas de se explicar os argumentos apresentados inicialmente, veio à tona a informação de que o atraso no repasse da verba destinada à pré-produção do evento provocou um atraso de sete meses no início dos trabalhos. Ou seja, para omitir a ineficiência da prefeitura na viabilização do FIT, a Fundação recorreu a argumentos insustentáveis já que a coincidência com a Copa e com as eleições já era prevista e, por que não dizer, ofensivos, já que não se esquivou de imputar aos artistas uma suposta “crise criativa”.


No dia 27 de março – dia internacional do teatro – artistas se uniram ao movimento da “Praia da Estação”, anteriormente citado, para mais uma manifestação. Aproximadamente 200 pessoas se reuniram na Praça da Estação, de onde se dirigiram em passeata para a sede da prefeitura, na Avenida Afonso Pena. Lá, também sob o espírito da ocupação do espaço urbano, os manifestantes dançaram, cantaram, deitaram no chão, leram manifestos, convidaram os policiais para também se despirem e entrarem na festa, a ocuparem a rua. Mais uma vez o caminhão pipa foi chamado, e desta vez serviu não apenas para molhar os banhistas da praia, mas também para lavar a prefeitura e a bandeira do Brasil: Ei, Cultura, lave a Prefeitura!


Já no dia 30/03, os curadores Richard Santana e Eid Ribeiro comunicavam, em carta aberta, seu afastamento da curadoria do evento, sob a alegação de que as dificuldades em lidar com as mudanças administrativas dentro da FMC haviam, este ano, alcançado um limite extremo. Eid Ribeiro também reiterou que, diferentemente do que fora divulgado por Thaís Pimentel, os problemas na realização do FIT estavam, sim, relacionados à questões orçamentárias que dificultavam o repasse de verbas e culminaram, por exemplo, no atraso dos salários durante os seis primeiros meses da gestão de Márcio Lacerda e os últimos cinco meses, desde novembro. Nesta mesma data, a FMC comunicou á imprensa seu recuo na decisão do adiamento do FIT.

Atribuindo o recuo à tentativa de aplacar a reação negativa da população que, segundo ela, teria “mal interpretado” a notícia do adiamento, a presidente garantiu que o evento seria realizado, mas não soube falar sob quais condições isso aconteceria, já que, conforme reiterado pelos responsáveis pelo FIT, os trabalhos de pré-produção já estaria seriamente comprometidos. A insegurança por parte de quem tem acompanhado de perto as negociações é grande, já que, repito, falta transparência. Esta reportagem do jornal O Tempo revela o quanto não apenas a edição 2010, mas também a continuidade do evento, está comprometida devido ao “disse me disse” que impera pelos corredores da FMC.

Não há dúvidas de que, mais do que sensibilidade para tratar das questões culturais da cidade de Belo Horizonte, falta ao prefeito Márcio Lacerda e seus delegados uma visão mais democrática do exercício da função que lhes cabe durante esses 4 anos em que lhes foi concedido o dever de trabalhar para este povo que os elegeu.

Cabe dizer, no entanto, que nem tudo está perdido.

Ainda resta, a quem quer contemplar o que resta da cultura em BH, prostar-se feito pateta à janela para ver o Mickey passar.

Atualização em 06/04: Conforme bem lembrado por Rita Garella aqui, “os projetos se acabam e as suas respectivas propagandas permanecem no site da prefeitura, como se os mesmos estivessem sendo plenamente executados”. É “gente iludindo gente”.


FIT 2010 des-cancelado


Em nota oficial divulgada nesta terça (30) à tarde, a Fundação Municipal de Cultura (FMC) e a Prefeitura de Belo Horizonte garantiram a realização do Festival Internacional de Teatro - Palco & Rua (FIT) em 2010. Esta nota foi divulgada logo após o anúncio da saída de dois dos curadores do festival, Eid Ribeiro e Richard Santana, que pediram demissão através de uma carta nesta manhã.

No último dia 18, Thaís Pimentel anunciou o cancelamento da 10ª edição do FIT numa coletiva que tinha, como assunto principal, a divulgação do resultado da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Como justificativa, dificuldade para realizar o festival em anos de Copa do Mundo e eleições.

Desde então, ocorreram várias manifestações, da classe artística, de políticos e da sociedade civil, pedindo a realização do festival.

Na carta aberta entregue nesta terça à Thaís Pimentel, presidente da FMC, Eid Ribeiro e Richard Santana revelaram que o cancelamento foi em consequência de problemas orçamentários que impediram que a equipe do FIT realizasse seu trabalho. Entre eles, o atraso nos salários durante os seis primeiros meses da gestão de Márcio Lacerda e os últimos cinco meses, desde novembro.

A curadoria do festival também teve dificuldades de verba para as viagens de prospecção de espetáculos, e a situação financeira não se estabilizou até março deste ano, quando foi decido o cancelamento, pois algumas companhias internacionais começaram a desfazer os convênios com o festival por conta da falta de contratos assinados.

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Os curadores revelaram uma coisa da qual há muito se tinha consciência tácita: a atual gestão da Prefeitura de Belo Horizonte é descompromissada com a cultura (para não dizer termos chulos, que envolvem defecação e caminhada). 

Muito me admira a pessoa do sr. "prefeito", Márcio Lacerda, que supostamente seria um gestor técnico que seria guardião daquilo que já estava sendo feito. E, como vemos, a PBH não deu a devida importância à sua cultura - e, por meio dela, à sua exposição internacional. É cagada atrás de cagada. E a Prefeitura... Isso aí que você pensou.

Agora, é fazer com que o FIT não seja realizado como tapa-buraco. Mas à altura do que ele foi nos últimos anos.

Para receber o Mickey, nós fazemos papel de Pateta (parte 2)

Bom, bem que eu tentei avisar, mas... Confiram esse relato crítico do sábado.



A parada que parou a Pampulha em BH
 
Caos, desorganização, mas, principalmente, decepção. Quem se aventurou a tirar o carro da garagem na tarde deste sábado (27) para levar as crianças à parada promocional da Disney na região da Pampulha passou raiva, enfrentou congestionamentos, empurra-empurra e, em quase todos os casos, nem sequer viu a cara do Mickey.

A intenção dos organizadores da Parada Disney era de que a Pampulha virasse o palco da fantasia, mas o desfile foi marcado por muita confusão. A situação caótica na região desanimou o público e milhares de crianças voltaram para casa frustradas, algumas até chorando.

Movimento começou cedo
O início do evento estava programado para as 16h, mas desde o meio-dia o trânsito já estava complicado para quem ia em direção à lagoa. Além da parada, havia programação cultural e infantil desde o início da manhã, com as comemorações do "dia da família".

O transtorno começou para valer por volta das 15h. As pessoas que chegaram mais cedo conseguiram se acomodar próximo às grades que delimitavam o local do desfile. Por volta das 16h, as ruas secundárias que davam acesso à lagoa da Pampulha estavam lotadas de carros, ônibus e pessoas a pé, debaixo de um calor de mais de 30 graus.

A organização do evento esperava receber 120 mil pessoas, quase dois Mineirões cheios, e mesmo assim, o isolamento de ruas para o tráfego de veículos se limitou ao raio de um quarteirão da lagoa, na região do bairro Bandeirantes. O resultado: antes mesmo de o desfile começar, uma multidão voltava pelas ruas e avenidas de acesso, carregando crianças decepcionadas por não conseguirem nem mesmo chegar perto do isolamento que separava a calçada da via onde acontecia o desfile.

Quem conferiu o evento de perto viu cinco carros alegóricos e seis veículos menores com cerca de 150 atores e bailarinos. Famosos personagens infantis passaram pela pista interna da orla da lagoa, entre eles Pequena Sereia, Ursinho Pooh, Pateta, Pato Donald e o brasileirinho Zé Carioca.

"Não deu pra ver"
O policial militar Cesar Macedo, 48, tentou aproveitar a folga para sair com seus dois filhos, Junior, 8, e Camila, 12, mas só o que viu foi confusão: "Não deu mesmo. Ainda bem que os meninos são maiores e já entendem, mas não deixa de ser uma decepção. Vamos tentar chegar ao parque para compensar", lamentou.

O construtor Adilson de Souza Reis e a esposa, Flávia Pinheiro Reis, também pretendiam assistir ao desfile com os dois filhos. Surpreendida com a confusão no trânsito, a família demorou cerca de duas horas para percorrer seis quilômetros. "Tive que estacionar meu carro longe da orla. Andamos muito e quando, finalmente, chegamos já era tarde", lembrou Adilson, indignado.

Algumas crianças menores choravam sem entender por que estavam voltando sem ver o desfile. "Belo Horizonte não suporta esse tipo de evento. Demorei quase uma hora para conseguir parar o carro. Quando vi que não ia dar pra aproximar da orla, tentei distrair os meninos com um sorvete, mas não deu muito certo", dizia o administrador de empresas Rômulo Padovani, 40, que levava pela mão o inconsolável casal de gêmeos Artur e Maria Olívia, de 5 anos.

Gleison Costa Silva saiu de ônibus do Barreiro, às 11h, com a mulher, Vânia, e o filho Cauã, de 6 anos. Desceu no centro e pegou outro coletivo na avenida Santos Dumont para chegar à Pampulha: "Nunca mais eu faço isso. Não vale a pena. Está muito cheio e tem muito adolescente já grande, que não respeita ninguém e chega empurrando". A mulher dele ainda completou: "Eu sempre quis ir na Disneylândia, desde menina, mas nunca pude e acho que nem vou poder. O passeio era mais pra nós do que para o Cauã".

A dona de casa Marcélia Suzano, 56, disse ainda que os flanelinhas estavam agindo livremente. "Tive que pagar R$ 10 adiantado para um sujeito muito mal-encarado que praticamente nos ameaçou e agora, quando voltei, sem ver a tal da parada, meu carro está fechado por outros dois carros e o sujeito já desapareceu. Pior é que não achei nenhum policial para reclamar". O carro de Marcélia estava parado em uma rua estreita, a dois quarteirões da lagoa, próximo à avenida Alfredo Camarati.

Trânsito e caos
Além do público que desistiu de assistir ao desfile e voltou para casa decepcionado, muitos espectadores não conseguiram chegar à orla da Lagoa da Pampulha a tempo de conferir o espetáculo. Nas principais vias de acesso à região, o trânsito ficou praticamente parado.

Segundo a BHTrans, a situação foi mais complicada nas avenidas Catalão e Antônio Carlos. Foi registrada ainda retenção no Anel Rodoviário, desde o shopping Del Rey até a Via Expressa. Os pedestres também sofreram e ruas dos principais bairros da região, como Bandeirantes e Castelo, ficaram intransitáveis.

No bairro Ouro Preto, o trânsito ficou praticamente parado por duas horas nas ruas Mantena, Estanislau Fernandes e Monteiro Lobato, que dão acesso à avenida Fleming. Na rua Expedicionário Celso Racioppi, carros parados nos dois sentidos inviabilizavam a circulação.

Um ônibus da linha 3302 ficou parado a dois quarteirões da Fleming, sem conseguir ir para frente ou para trás. Os passageiros tiveram que descer e o motorista simplesmente sumiu do local por pelo menos meia hora, deixando o coletivo sob os cuidados do cobrador, fechando totalmente o acesso até mesmo para o trânsito local. Até as 18h, ainda havia filas de carros e o tráfego era lento em várias ruas dos bairros Bandeirantes, Ouro Preto, Castelo, Santa Terezinha, São Luis e São José.

Policiamento
Apesar dos transtornos causados para o público, a Polícia Militar informou que nenhuma ocorrência foi registrada durante o evento e considerou que ele transcorreu "de forma tranquila".

O major Márcio José da Silva, que comandou o policiamento na Parada Disney, informou que cerca de 200 mil pessoas compareceram à orla da Lagoa da Pampulha. "Nenhum incidente foi registrado. Infelizmente quem deixou para sair de casa na última hora ficou no congestionamento", concluiu.

Com relação aos flanelinhas, o major do 34º batalhão da PM disse que a ação foi combatida. "Tivemos 550 policiais trabalhando no evento e quando vimos algum flanelinha agindo, ele era retirado do local. Alguns foram até conduzidos para a delegacia". O policial não informou o número exato de flanelinhas detidos e reforçou que cabe à população denunciar esse tipo de abuso.

Justificativa
A prefeita em exercício, Luzia Ferreira, disse que o evento superou as expectativas, pois a população compareceu em massa.

"De fato existiram alguns transtornos, como dificuldade de acesso ao local, mas a quantidade de pessoas que compareceram mostrou o desejo da população de participar de um evento como esse. É difícil dimensionar antecipadamente o número de pessoas, já que o evento foi inédito na capital. Quando temos um jogo no Mineirão dá pra avaliar, pois jogos sempre acontecem, mas a Parada Disney foi a primeira. E quero ressaltar que a prefeitura não é promotora do evento e sim parceira". 

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"(...) a prefeitura não é promotora do evento e sim parceira" - Luzia Ferreira, foi mal. Mas não queira se eximir da sua responsabilidade. Sei que você tem mais crédito que o próprio "prefeito", mas... Estando a BHTrans, a Sudecap e a Regional Pampulha estando envolvidas no evento, por mais que ainda sejam parceiros, também têm que limpar essa caquinha do bebê da Nestlé.

Quando eu digo que Belo Horizonte é uma roça grande, é por causa disso. Primeiro, por querer, forçosamente, que a Pampulha recebesse tal desfile. Um local que, apesar de bonito (e que eu particularmente adoro frequentar), possui acesso restrito para 60 por cento da população da RMBH (ou vai me dizer que é simples alguém sair lá da Zona Oeste, por exemplo - Vista Alegre, Madre Gertudes, Nova Gameleira -  e chegar à Pampulha?). 

Implica dizer que as ruas lá são para suportar tráfego residencial, no máximo de coletivos. Diga-se de passagem, a área onde ocorreu a Parada Disney é proibida para caminhões acima de 5 toneladas. E aí eu te pergunto: que peso deverão ter aqueles carros alegóricos? Leves é que eles não são.

Implica dizer, também, que Belo Horizonte tem espaços com maior conforto para receber tal demanda. Eu estou tentando imaginar 120 MIL PESSOAS em um espaço reduzido que são os calçadões da Orla da Lagoa. Segue a mesma linha de raciocínio besta da BHTrans, que quer colocar 5 pessoas por metro quadrado nos ônibus de BH. Daí, a redução nos horários. Mas isso é pauta para outra matéria.

Eis o sonho do nosso Governador, Aécio Neves, sendo concretizado. O sonho do caos, da confusão, da desordem. Obrigado por apoiar o evento, Governador. Eu não vou esquecer dessa benesse à nossa população.