Vende-se uma cidade

Era uma vez uma cidade. Linda, com uma estrutura razoável, clima agradável e tudo o mais. Já foi, inclusive, considerada uma das melhores capitais do mundo para se viver. Teve sua gestão considerada a melhor do país e a oitava melhor da América Latina.

Só que veio 2008 e as eleições municipais. E um senhor de ultrajante comportamento tomou posse como "prefeito". Justifico as aspas ao me referir ao sr. Márcio Lacerda porque ele não passa de um empresário querendo gerir uma cidade como se fosse uma empresa.

Aguentem a mais nova onda do imperador Lacerda:

Por Carlos Alberto Cândido

Está no noticiário, mas ninguém parece ter se dado conta da importância do fato nesta cidade de imprensa submissa: o prefeito Márcio Lacerda (PSB) vai promover a maior privatização de bens públicos que Belo Horizonte e talvez qualquer cidade brasileira já viu. Serão 81 imóveis municipais, que irão a leilão, inclusive o Mercado Distrital da Barroca e a mansão residencial do prefeito, localizada às margens da Lagoa da Pampulha, próximo do Museu de Arte, e que tem um painel de Guignard. A informação é que o painel será retirado, mas até que isso aconteça, é melhor desconfiar.

O pior, porém, é ver dezenas de terremos desocupados, com tamanhos variando entre 1 mil e 10 mil metros quadrados, segundo notícia do Estado de Minas, se transformarem em mais espigões. Se tem uma coisa de que Belo Horizonte não precisa hoje é que áreas públicas se transformem em empreendimentos imobiliários. Muito melhor seria ver esses lotes virarem praças e parques, para lazer da população, com muitas árvores para ajudar a despoluir o ar. Ao contrário do que se diz, Belo Horizonte tem pouquíssimas áreas verdes; tem muitas árvores, mas elas estão nos passeios.

Para piorar a situação, o prefeito gosta de privatizar espaços públicos, como fez com a Praça da Estação, cujo uso agora só se dá mediante pagamento de aluguel. E gosta também de transformar áreas verdes em empreendimentos imobiliários, como está fazendo com a Mata do Isidoro, que será transformada na Vila da Copa, visando a abrigar delegações para a Copa da Fifa.

A privatização dos espaços públicos será certamente a marca do mandato do prefeito empresário, que tenta administrar Belo Horizonte como uma empresa: o que não dá lucro – cultura, por exemplo – não tem serventia. Não à toa recebeu vaia monumental do maior auditório da cidade, o Palácio das Artes, durante o Festival Internacional de Teatro (FIT), em agosto passado. Já tinha passado por isso na festa de encerramento do festival Comida di Buteco, em maio.

Empresário da cidade, o prefeito atua como auxiliar do capital, que destrói rapidamente todos os espaços vazios da cidade, derruba casas, escolas e até clubes – como acontecerá, ao que tudo indica, com o centro de lazer do América, no Bairro Ouro Preto – para erguer no lugar enormes edifícios.

É dever da prefeitura conter a especulação imobiliária, em defesa da qualidade de vida para os belo-horizontinos. Em vez disso age ela também a favor da deterioração do município. A intenção, diz a notícia, é fazer um caixa de R$ 200 milhões. O mercado vale no mínimo R$ 19,5 milhões; a casa do prefeito, R$ 1 milhão (só? Este é o preço de um apartamento na zona sul…). O governo FHC mostrou o que acontece com dinheiro de privatizações: desaparece sem trazer nenhum benefício social.

É incrível que nenhum representante dos belo-horizontinos, nenhum vereador, nenhuma organização da sociedade tenha ainda se levantado contra a realização desse crime contra o patrimônio público, movendo, inclusive, uma ação na justiça.


Incrível é acreditar que Lacerda é cogitado à reeleição. Sem mais.

Sobre Luiz Carlos Prates, um miserável

Rebuliço geral nesta última semana na internet. Uma polêmica andou tomando conta da internet recentemente. Trata-se de um comentarista da RBS, a TV Globo no Sul, Luiz Carlos Prestes Prates.

Não sei se por infelicidade ou por puro "reacionarismo", Prates soltou o seguinte comentário no jornal da hora do almoço da citada emissora:



Mas... Caro leitor, parei para pensar nisso ontem, em uma discussão deveras interessante com uma amiga minha, ex-discente de Colégio Militar. Contei a ela sobre o comentário acima. E não é que chegamos a uma teoria interessante?

Vejam: uma pessoa da estirpe de Prates tende a defender o Capitalismo. Ora, este sistema consiste em liberalidade do mercado, livre comércio, livre transações. Se há liberdade nessas relações econômicas, isso implica dizer que qualquer um pode comprar um bem de consumo, mesmo os mais "miseráveis" e "desgraçados", desde que tenham carta de crédito na praça. Você dizer que essa liberalidade de comércio é maléfica, sendo culpa "desse governo espúrio" - leia-se Governo Lula -, você acaba sendo o próprio sistema capitalista, que não exige curriculum vitae do comprador. Pelo o que sei, nunca exigem diploma de nível superior quando eu vou a uma loja de eletrodomésticos...

Engraçado, não?

Entrando nessa confusão, vem a Record e rebate o comentário do Prates:



Diria Noel Rosa:
Quem é você que não sabe o que diz
Meu Deus do Céu, que palpite infeliz...

Marcelo Adnet ironiza eleitores elitistas no Comédia MTV

Entrevista com o Ministro Celso Amorim

Entrevista do Celso Amorim para a Folha de S. Paulo. Perguntas bastantes "cheirosas" feitas pela Eliane Catanhêde...

Folha:
O sr. é candidato a continuar no cargo?

Celso Amorim: Fiquei muito contente com a vitória da ministra Dilma, com quem sempre tive relações da melhor qualidade. Isso não significa que eu vá, ou possa, criar algum tipo de constrangimento. Eu seria incapaz de me colocar como candidato a alguma coisa, ou cobrando alguma coisa. Isso não existe.

E, se você olhar sob o ponto de vista da vaidade pessoal, eu passei o Barão do Rio Branco em número de dias no ministério. Sou o ministro mais longo da história do Itamaraty e o segundo mais longevo de todos. Só o Gustavo Capanema ficou mais tempo do que eu.

O "Foreign Affairs" me colocou como o melhor chanceler do mundo. Honestamente, o que mais eu posso querer? É melhor sair no ápice do que esperar acontecer alguma coisa.

Folha: O que é o ápice?

Celso Amorim: Você lê qualquer jornal internacional, mesmo os que são contra a algum aspecto da política externa brasileira, e todos dizem que a importância do Brasil no mundo cresceu.

Claro que atribuem ao crescimento econômico, aos avanços sociais, mas também à ousadia da política externa. Que é do presidente, diga-se, mas eu ajudei.

Folha: Se o sr. fosse convidado, ficaria?

Folha: Qualquer coisa que eu diga soará mal. Não tenho como responder. Eu me sinto bem, considero minha missão cumprida.

Agora, se alguém me pedir um conselho, estou disposto a dar.

Por exemplo...

Acho que o próximo ministro deva ser um profissional e a gente deve continuar trabalhando na linha da renovação. Precisamos de gente mais nova.

Eu já estou velho, tenho 68 anos, vivi muito.

Folha: O sr. apoia o embaixador Antônio Patriota?

Celso Amorim: Acho que ele tem plenas condições, mas não é o único. Mas não quero discutir nome a nome.

Folha: Mas, quando fala em solução profissional, exclui o ministro Nelson Jobim?

Celso Amorim: Isso não cabe a mim. Mas acho que o Itamaraty se engrandeceu por ter profissionais não apenas na chefia da Casa, mas em todos os cargos diplomáticos, e isso é a primeira vez que acontece na história deste país. As pessoas trabalham com vontade redobrada.

Mas San Thiago Dantas, por exemplo, não era diplomata de carreira e foi um grande ministro, que marcou a história. Nada é absoluto.

Folha: Por que o sr. participou tão assiduamente na campanha de Lula em 2006, mas sumiu na de Dilma?

Celso Amorim: Eu fui três vezes, mas a situação é um pouco diferente, porque eu era ministro do Lula. Minha participação mais direta era mais natural.

E, em 2010, coincidiu que tive uma agenda de viagens mais carregada.

Por que a política externa, diferentemente das expectativas, não foi tema de campanha?

Ora, porque a oposição não tinha nada a ganhar com isso, porque o povo brasileiro, em sua esmagadora maioria, só tem palavras de apreço à política externa. Eu vejo isso claramente na rua.

Folha: Se é assim, por que o governo não se aproveitou disso na campanha?

Celso Amorim: Porque não precisava, era um ponto pacífico.

E falava-se, sim, no prestígio internacional do Brasil, ao lado do Bolsa Família, crescimento, salário mínimo.

Folha: A que se deve esse prestígio internacional? À força de Lula, ao crescimento econômico ou a uma estratégia de política externa?

Celso Amorim: A personalidade do Lula foi um fator indispensável, obviamente, mas isso foi acompanhado desde o primeiro momento de uma visão de política externa inovadora. E houve uma sucessão de acertos que deu no que deu.

Até a "The Economist", que criticou várias vezes a política externa, agora chama o Brasil de "gigante diplomático". A "Foreign Affairs", o "Le Monde", a "Foreign Policy", "El Pais", todos elogiam.

Mas o Lula e os assessores dele dizem que essas avaliações estrangeiras sobre o Brasil não têm a menor importância. Afinal, têm ou não têm? Ou só têm quando é a favor?

Infelizmente, só sai notícia mais positiva quando a imprensa lá fora publica. É o que a gente chama de "complexo de vira-lata" que o presidente tanto critica. Tem de se trabalhar com ele para vencê-lo, como na psicanálise.

Folha Como o sr. virou chanceler?

Celso Amorim: Eu nunca soube porque o Lula optou por mim, nunca perguntei a ele. Ele costumava dizer que eu tinha um pouquinho de caspa, então, devia ser um pouco mais popular.

Adivinha qual a primeira pessoa para quem eu liguei quando o Lula foi eleito em 2002? Dá um palpite. Eu nem conhecia o Lula. Foi para o Fernando Henrique Cardoso, com quem eu me dava muito bem. Eu disse que a chegada de Lula ao poder, depois dele, era a consolidação da democracia. E foi, de fato. A estabilidade foi mantida, a inclusão social aprofundada, avançamos na área de clima.

Com o governo acabando, posso falar tranquilamente que o Lula é uma figura excepcional, você vai contar três ou quatro líderes políticos como ele no século. É quase da dimensão do Nelson Mandela, e só não é igual porque a situação lá era mais dramática.

Folha: E como vai ser agora, sem Lula?

Celso Amorim: Sempre me perguntam isso, e eu respondo: Olha, Pelé só teve um, mas o Brasil foi cinco vezes campeão do mundo, algumas vezes sem Pelé. Igual a Lula não vai ter, ele é uma personalidade única na história recente do Brasil.

Mas não quer dizer que a Dilma não vá fazer um governo extraordinário e uma política externa muito boa. É uma mulher presidente do Brasil, e uma mulher que sabe o que quer e sabe comandar. Há quem compare a Dilma com a Margareth Tatcher, mas eu discordo.

A Dilma tem uma sensibilidade social, uma capacidade de ver as necessidades do povo que me dá confiança de que será muito bom para o país.

Folha: Qual foi o grande acerto da política externa no governo Lula?

Celso Amorim: Quando o presidente Lula me indicou publicamente, eu tinha de dizer umas palavras rápidas ali. Eu tinha falado umas duas vezes com Lula, não tinha combinado nada, não tinha estudado o programa do PT, e, aí, eu disse que a política externa seria altiva e ativa.

E essas palavras, que eu disse quase por acaso, acabaram entrando para o programa do PT e da presidente [Dilma]. Era uma questão de atitude. Hoje, eu até trocaria por política externa desassombrada e solidária, sobretudo porque não tem medo da própria sombra.

Folha: A política externa antes não era altiva e ativa?

Celso Amorim: Tenho 50 anos de Itamaraty e vi muita gente muito boa, muito competente, mas com aquela atitude que um secretário-geral de muito tempo atrás traduzia assim: "Política externa dá bolo".

Então, é melhor cuidar da burocracia, fazer uma coisinha ou outra e evitar bolo.

Folha: Exemplo do que poderia dar bolo?

Celso Amorim: Quando nós fizemos o G-20 comercial em Cancún, quando começamos a brigar contra a Alca e todos os vizinhos pareciam muito atraídos pela Alca, inclusive a Argentina.

Mas, veja bem, eu não decidi brigar com a Alca, eu disse: vamos ver, vamos conversar, vamos discutir. E ela morreu em Miami, sabe por quê? Porque foi quando conseguimos chegar a uma Alca que serviria ao Brasil, que não cerceasse a nossa capacidade de escolha de um modelo de desenvolvimento, e aí não interessava mais para os outros.

Era uma Alca que não nos sujeitava a um modelo neoliberal em compras governamentais, em investimento, em proteção à propriedade intelectual, e em agricultura. Os fundamentalistas de lá não quiseram. Então, matamos a Alca sem dar um tiro.

Folha: Isso tudo não foi um pouco de teatro? A intenção não era matar a Alca desde o início, por uma questão ideológica?

Celso Amorim: Olhando em retrospectiva, foi melhor talvez mesmo não ter tido a Alca. A crise nos EUA demonstrou isso. Nós ficamos mais protegidos, tivemos mais liberdade. E pudemos investir numa política Sul-Sul. E nada foi mais importante do que o processo de integração da América do Sul. Os presidentes se falam o tempo todo. Isso é muito importante.

Folha: Mas o Brasil ficou sem a Alca, não concluiu a Rodada Doha de comércio e se recusou a fazer acordos bilaterais. O país tirou a Alca e não botou nada no lugar?

Celso Amorim: Tenho certeza de que a Rodada Doha da OMC será concluída, mais cedo ou mais tarde. E, quando for, as pessoas vão olhar que o germe da conclusão correta foi a criação do G-20 comercial em Cancún, e aí foi o Brasil.

O nosso comércio cresceu com o mundo inteiro. Vão dizer que foi por causa disso, por causa daquilo outro, mas a verdade é que cresceu e o Brasil já é a oitava economia do mundo e já está entre os dez maiores cotistas do FMI.

Não há nenhuma, nenhuma mesmo, negociação comercial para a qual o Brasil não seja chamado. Como a China, a Índia, e isso é tudo resultado de Cancún, em agosto de 2003. Tinha um acordo todo prontinho entre EUA e União Europeia, para nos enganar de novo, como sempre. Só sobravam umas migalhinhas para os outros. Quem disse "não" foi o G-20, e não há quem não reconheça que quem liderou o G-20 foi o Brasil.

Folha: Ou Celso Amorim?

Celso Amorim: Quem liderou foi o presidente Lula, mas quem estava lá na linha de frente fui eu. Eu não escrevi livros, nunca formulei uma filosofia própria, mas o que, sim, eu fiz uma boa parte da minha vida foi ser negociador.

Até por isso é um bom momento para trocar de ministro, porque não tem nenhuma grande negociação em andamento.

Folha: E a contaminação ideológica, as picuinhas contra os EUA?

Celso Amorim: Falar em política externa independente é quase pleonasmo. Eu diria que tivemos uma política externa que não teve medo de tomar as atitudes internacionalmente.

Logo no início, o presidente Lula condenou claramente a invasão do Iraque, mas sem confrontacionismos inúteis, tanto que ele teve uma boa relação com o presidente [George W. Bush].

Folha: Como foi aquele início em que o sr. mandava de um jeito, o Marco Aurélio Garcia, de outro, e o Samuel Pinheiro Guimarães, de um terceiro? Como foi afinal definido o rumo?

Celso Amorim: Foi uma conversa contínua. Foi tudo empírico, intuitivo. O presidente Lula muitas vezes tinha uma intuição do que devia fazer, mas foi preciso formular aquilo em termos diplomáticos, e isso exige alguma experiência. É como fazer uma casa.

Você tem a ideia do que quer, mas precisa de um técnico que desenvolva essa ideia. E o presidente Lula já disse que a gente se comunica até por telepatia.

Folha: Falando assim, não houve um risco grande de improvisação, de risco?

Celso Amorim: As coisas centrais foram objeto de discussões amplas com ministros de outras áreas, como no caso da Alca e da OMC. Eu definia a tática, mas o presidente Lula é que aprovava. Às vezes, dizia: "Não, isso aqui eu prefiro não fazer". Quando nós estávamos voltando da segunda viagem presidencial, a Davos, ele disse: "Celso, nós agora vamos fazer uma nova geografia econômica e comercial do mundo". Foi inspiração dele. Não fui eu quem inventou, foi ideia dele.

E, aos poucos, fomos fazendo a aproximação com os países árabes, com a África. Veja a África hoje: se você considera como um país só, é o quarto parceiro comercial nosso, maior do que Alemanha e do que Japão. Fizemos muito com a África, mas eu acho que ainda é pouco, teríamos que fazer ainda mais. Corremos o risco de perder terreno para a China ou para a Índia.

Hoje, vou a Moçambique e vejo nossos empresários de peso sentados lá. Antes, ia para lá o representante do representante do representante, quando ia. Só do presidente foram 12 viagens à África.

Folha: A sensação de sucesso não gerou uma certa megalomania? O Brasil não começou a se meter onde não devia?

Celso Amorim: A função de um diplomata, quando está tudo escuro, é vislumbrar aquela réstia de luz ali na porta e ir lá, tentar aumentar. É isso que a gente tem de fazer e a política externa do presidente Lula fez.

Já que não é possível ter uma democracia perfeita no mundo, você tem de ter um pouco mais de equilíbrio, para que ninguém possa impor apenas sua vontade, para que várias visões de mundo estejam presentes em relação ao comércio, às finanças, ao clima, à paz e à segurança internacionais. A multipolaridade é um instrumento que a gente tem obrigação de usar.

A aproximação com a África, com os países árabes, com a Ásia, entra nisso. É assim que a gente alarga aquela réstia. Não posso dizer: Ah. Isso é muito difícil para mim, vou deixar só os EUA cuidarem disso, ou só a Rússia, ou só a China. Eu tenho obrigação de cuidar disso também.

Quando o presidente visitou a Síria e a Líbia, por exemplo, houve uma avalanche de críticas. Quando pouco depois o Blair e o Aznar foram lá, aí todo mundo achou bacana. Então, nós apenas estávamos à frente.

Hoje, está claro que não é possível falar em paz no Oriente Médio sem Síria participando. Não é questão de achar que é boa ou ruim, é de reconhecer que é um ator indispensável.

Folha: E a questão de princípios, de democracia, de direitos humanos?

Celso Amorim: A repercussão que pode ter tido aqui um ou outro fato, uma coincidência infeliz...

Folha: O sr. considera uma coincidência infeliz o presidente e seus ministros às gargalhadas com os irmãos Castro justamente no dia em que morre de fome um dissidente que esperava ajuda do Brasil?

Celso Amorim: O fato de ele ter morrido quando o presidente Lula estava lá era imprevisível, você chame como quiser chamar.

Folha: Não é equivalente a Lula comparar a resistência iraniana a chororô de time derrotado, quando se sabe que lá os dissidentes são mortos?

Celso Amorim: Não me cabe comentar declarações do presidente Lula. Mas digo que não é correta a percepção de que o Brasil procurou fazer certas coisas porque é amigo do Irã e quer fazer certas coisas porque é amigo. O Brasil procura ter relações de amizades com todos os povos.

Folha: O que o Brasil ganha em se meter a intermediar o acordo nuclear do Irã?

Celso Amorim: Na questão nuclear, o que o Brasil fez foi o que os países ocidentais queriam. Nós viabilizamos a aceitação pelo Irã de uma proposta feita, na verdade, pelo ocidente. E por que não devíamos tentar? É como a gente se trancar dentro de casa e dizer: "nós somos pequenininhos, não podemos sair na rua..."

Tem uma hora que a gente precisa olhar para fora e ver se todo mundo está achando que você é pequenininho mesmo. E vai ver que não. Agora mesmo, quando o Obama fala na inclusão da Índia no Conselho de Segurança [da ONU] todos captaram que não é possível fazer uma reforma do conselho sem o Brasil.

Quando se discute clima, você chama o Brasil. Quando se fala de finança, você chama o Brasil. Quando se fala de comércio, você chama o Brasil, como a Índia e a China. O único terreno em que havia ainda uma certa reserva de mercado, digamos assim, era a questão da paz e da segurança. E foi por isso que a ação do Brasil e da Turquia incomodou.

Os dois ficaram isolados.

A verdade é que os países ocidentais diziam: "Vai lá, vai lá". Nós fomos em boa fé, mas a verdade é que ninguém acreditava que o Irã aceitasse três pontos da carta do Obama, e o Irã aceitou, a verdade é essa.

Folha: Os EUA então puxaram o tapete do Brasil?

Celso Amorim: Quem disse foi o El Baradei, da Agência de Energia Atômica. Ele disse claramente que os proponentes não podiam aceitar "sim" como resposta. Acho que eles se desentenderam internamente. Não esperavam obter, obtiveram e não souberam o que fazer com isso.

A história, você não pode contar em seis ou oito meses. Eu não sei o que vai acontecer, mas certamente tudo isso diz respeito à paz mundial, porque se houver uma guerra no Irã não vai afetar só o Irã, vai ter efeitos muitos graves para todo o Oriente Médio.

Nós vimos na proposta, veja bem, elaborada pelo próprio Ocidente, era uma possibilidade de solução. E contemplava uma hipótese da qual o Irã não vai abrir mão: a de ter energia nuclear, inclusive enriquecimento, para fins pacíficos. E isso é permitido pelo TNP [Tratado de Não Proliferação Nuclear].

Folha: Por que o Brasil se omite na condenação de países que desrespeitam os direitos humanos?

Celso Amorim: Eu lidei 8 anos com a ONU e já participei diretamente disso, sei o quanto essas coisas são manipuladas. No ano em que os EUA estavam fazendo acordos comerciais com a China, a China desaparecia das resoluções de direitos humanos. No ano seguinte, não tinha mais acordo comercial com a China, e a China voltava para as resoluções. E agora não entra mais. Isso é sabidíssimo.

E você pode reparar que há sete países que convivem com situações crudelíssimas, inclusive contra mulheres, e que jamais são mencionados. Por quê? Porque têm bases americanas ou têm outros interesses.

Nosso objetivo não é fazer diploma, é promover mudanças reais nas condições. Mas, no caso da Coreia do Norte, por exemplo, que fez ouvidos moucos a todas as recomendações, aí sim, nós votamos a favor da resolução que condenava.

Nem acho que ela vá funcionar, porque é tão hostil que cria uma barreira, quando o objetivo deve ser o diálogo. Condenar só não adianta nada.

Folha: O Brasil está exercitando o "soft power" ao gastar rios de dinheiro em países de todos os continentes, alguns muito distantes de nossa realidade? Trata-se de compra de votos?

Celso Amorim: Em geral, está financiando empresas brasileiras. Então, você dá por um lado e recebe pelo outro. E o que o Brasil gasta, na verdade, é ínfimo.

Nossa cooperação técnica é comparável talvez à de um pequeno país europeu, tipo Áustria. Você não pode estar entre as dez maiores economias do mundo, querer uma política ativa na OMC e querer que esses países de apoiem sem nada em troca.

É também querer que esses países assumam um risco na hora de você brigar com os Estados Unidos, brigar com a União Europeia. Você cria vínculos, cria alianças.

Folha: A diferença é que a Áustria não tem os milhões de miseráveis que o Brasil ainda tem.

Celso Amorim: Mas uma coisa não pode eliminar a outra. Você vai resolver o problema dos mais pobres com um bom mercado interno, mas também com uma boa inserção internacional, com apoio internacional.

É muito mais complexo do que ser bonzinho daqui, interesseiro dali. Diz respeito à própria imagem brasileira. Eu não vi, por exemplo, nenhuma crítica à ajuda que o Brasil dá ao Haiti.

Folha: Abrir tantas embaixadas, até em países minúsculos, está dentro desse contexto?

Celso Amorim: Vai ver quantas embaixadas tem a Rússia, tem a Índia, tem a China... Influir na realidade internacional é do interesse do Brasil. Uma das maneiras é ter contato direto com os países, ter um embaixador lá para falar com um ministro, até com o presidente. As próprias empresas nos procuram, pedindo, estimulando.

Folha: E quando, afinal, o Brasil vai nomear um embaixador para Honduras?

Celso Amorim; Há um passo a ser dado que nós consideramos muito simples, que é permitir ao menos a volta do [ex-presidente deposto Manuel] Zelaya ao país. Ele foi expulso por um golpe militar com uma arma na cabeça.

Folha: Com a consolidação da Unasul, qual o futuro da OEA?

Celso Amorim: Cada uma vai ter o seu papel. A OEA inclui países muito heterogêneos. São dois países muito desenvolvidos e um bando enorme de países em desenvolvimento.

Então, até para que haja um diálogo produtivo, é importante que os países em desenvolvimento na região se integrem. Integrados, nós teremos mais força, não só para brigar, não, mas para dialogar mesmo com os EUA e o Canadá.

A OEA tem sobrevida, mas muita coisa pode ser resolvida ou bem encaminhada no âmbito da Unasul antes de chegar lá.

Folha: O mundo está centrado em duas incógnitas, EUA e China. É uma nova bipolaridade?

Celso Amorim: Não acho que nós saímos de uma bipolaridade para cair em outra, porque o mundo hoje é muito mais complexo. Por mais que a China seja importante, precisa do Brasil para discutir clima.

Por mais que os EUA sejam importantes, precisam do Brasil para discutir comércio e finanças. Do Brasil e de vários outros.

Eles têm de ouvir os outros, porque não há mais como haver políticas impositivas, nem um mundo dividido em dois campos, com cada um dominando o seu campo a seu modo. Isso, com certeza, não há nem haverá.

Folha: A China é aliado do Brasil nos Bric, mas não é ao mesmo tempo competidor comercial direto?

Celso Amorim: Nosso saldo comercial com a China deve chegar a US$ 7 bilhões neste ano, enquanto temos um deficit de US$ 5 bilhões com os EUA, que é o maior superavit dos EUA no mundo. Então, vamos convir que a China não é o nosso grande problema.

Folha: Se o sr. pudesse voltar atrás, o que faria diferente?

Celso Amorim; Vou falar como a Edith Piaf: "Je ne regrette rien".

ENEM 2010 - EU JÁ SABIA


No último fim de semana aconteceu a segunda prova do novo modelo do ENEM e adivinhem o que aconteceu?
DEU MERDA!
Citarei alguns probleminhas:
• Em Belo Horizonte, no sábado, acabou a energia elétrica de um dos locais de prova. Os candidatos ficaram presos em elevadores, tiveram acesso a telefones celulares e o exame nacional do ensino médio só pode começar duas horas após o horário previsto.
• Há registro de candidatos que, durante a prova, “tuitaram”. A prova está neste link
• No primeiro dia de provas as matérias do cartão de resposta não correspondiam às matérias do caderno de provas. Houve dúvida na hora de marcar o gabarito.
• A rádio UFMG Educativa noticiou que teve acesso a uma suposta imagem de prova que foi postada no twitter durante realização da prova.
• Como esperado, imensos enunciados estavam presentes nas questões da prova, tornando-a um verdadeiro teste de resistência.
• No primeiro dia de provas, o caderno de provas amarelo tinha erros de impressão que prejudicaram os candidatos. Algumas questões estavam repetidas, ao que parece.
• No twitter do MEC, @MEC_Comunicacao , uma mensagem ameaçadora: “Alunos q já "dançaram" no Enem tentam tumultuar com msgs nas redes sociais. Estão sendo monitorados e acompanhados. Inep pode processá-los.” https://twitter.com/#!/MEC_Comunicacao/status/1341424851222528




Creio que mais problemas aconteceram, peço aos leitores deste blog que coloquem aqui nos comentários seus relatos sobre problemas e o que acharam do ENEM.

A verdade é que até Lula, Dilma e companhia sabiam que o ENEM tinha grandes chances de ter problemas, tanto é que o exame, ano passado marcado em outubro, antes da fraude, este ano ocorreu no início de novembro, pós-eleições, evitando uma possível perda de votos.

Quem também merece lembranças é a reitoria da UFMG, que em uma decisão apressada, imediatista e estranha adotou o ENEM como primeira etapa do vestibular 2011, graças a um aumento de verbas do governo para a universidade. Também houve, pouco após a adoção ao exame nacional do ensino médio, a coincidente nomeação do Reitor Clélio Campolina para o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, um órgão do governo, de assessoramento imediato ao presidente da República. Entretanto, nada é possível afirmar sobre esse último fato, já que o currículo de Campolina é de imensa qualidade, não lhe faltando competência para assumir tal responsabilidade.
Os estudantes protestaram contra a decisão da UFMG, avisaram, mas não adiantou.
Definitivamente o Brasil não está preparado para realizar uma prova dessas proporções.Mais uma vez o estudante brasileiro foi feito de palhaço, um enorme desrespeito do governo.
O blog volta nos próximos dias cobrindo os acontecimentos e decisões com relação ao ENEM 2010. Há rumores de que o exame pode ser anulado.

TV Diplomatique entrevista Plinio de Arruda Sampaio

Dilma Rousseff, primeira Presidenta da República Federativa do Brasil

Hoje, 31 de outubro de 2010 (Dias da Bruxas, por algum acaso...), Dilma Vana Rousseff elege-se a primeira presidenta do Brasil, continuando o legado de Luís Inácio Lula da Silva. Com 55% dos votos, derrotou José Serra, que ficou com 45% dos votos válidos. 

É, o Serra ficou nos 45, mesmo...

Em Minas Gerais, Dilma ficou com 58% e Serra com 42%. É a continuidade da Era Lula.

ACABOU!

Moderação de comentários DESATIVADA!

O Índio na tribo errada.

Cafetinagem Eleitoral

"Se você é uma menina bonita, consiga 15 votos. Para isso, pegue a lista de pretendentes e envie a eles um e-mail. Avise a eles que aqueles que votarem em mim terá mais chances com você. " Este foi o grande slogan do candidato José Serra em um evento em Uberlândia (Minas Gerais), que foi acompanhado ontem pelo ex-governador daquele estado, Aécio Neves. No desespero para conseguir os 10 milhões de votos que ele precisa para atender e superar sua adversária Dilma Rousseff, o PSDBista parece não medir o que fala.

Para dar um tom festivo ao evento, Serra trouxe batucadas devidamente pagas, além de ônibus com "militantes" que receberam 23 dólares [aproximadamente 40 reais] para a viagem entre Belo Horizonte e a cidade do interior de Minas. O candidato decidiu gastar a sua carga final em Minas Gerais, o terceiro [sic] maior colégio eleitoral do país, porque ele entende que ali poderá pegar a quantidade de votos que Dilma teve no primeiro turno. "Minas é o centro do país, é a síntese. E aqui vai decidir a eleição."

Na última pesquisa, divulgada ontem pelo instituto de prestígio Ibope, Dilma marca uma vantagem de nada menos que 14 pontos. Só um milagre ou um erro muito grave é capaz de colocar Serra Palácio do Planalto, em 1º de Janeiro de 2011. É claro que ele nada pode fazer até 20 horas no domingo, quando termina a apuração. Hoje, os dois candidatos se apresentam em seu debate final. Será na Rede Globo, no Rio de Janeiro.


Antes que me digam qualquer coisa, esse é um trecho de uma notícia que saiu no Clarín, periódico argentino.

Serra, foi mal. Mas para você chegar a Aécio falta muito tutano... Eu disse tutano, porque tucano você já é até demais...

Partido Alto Bolinha de Papel

Aê, Malandragi! Se liga que o som é sinixtro! Valei-me Bezerra da Silva!


Deixa de ser enganador
Pois bolinha de papel não fere e não causa dor...

Hugo Chavez discursando no COP15. Genial!

Se o clima fosse um banco, já tinham lhe salvado. (Hugo Chavez)

I love Serra!

Diga-me com quem Serra andas e eu te direi quem Índio és (parte 2)

Olha aí! Olha aí! Eu bem que disse!

Direto do site da Folha Online:


O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, prometeu hoje [26/10] em Foz do Iguaçu (PR) vetar a Lei da Homofobia, caso ela seja aprovada pelo Congresso.

Segundo Serra, o projeto, como foi aprovado na Câmara, pode tornar um crime "semelhante ao racismo" a pregação de pastores evangélicos contra a prática homossexual.

Ele prometeu o veto depois de ser inquirido sobre o assunto por um pastor presente à 50ª Convenção Anual das Igrejas Assembleias de Deus do Paraná. A proposta, aprovada na Câmara, ainda não foi votada no Senado.

"Uma coisa é grupos de extermínio, praticando violência contra homossexuais, como já ocorreu em São Paulo. Outra coisa é o projeto como está, que passa a perseguir as igrejas que combatem a prática homossexual", afirmou.

Ele disse que, eleito, não terá dificuldades de fazer a maioria no Congresso, "sem barganhas" para evitar a aprovação da lei.

Convidado de honra dos evangélicos reunidos em Foz do Iguaçu (a 656 KM a oeste de Curitiba), Serra se comprometeu também a lutar contra pontos do Plano Nacional dos Direitos Humanos [PNDH-3] criticados pela Igreja.

Entre os temas estão a descriminalização do aborto, a união homossexual, a invasão de propriedades e questões relativas à liberdade religiosa.

Segundo o tucano, o Plano Nacional dos Direitos Humanos, "encaminhado por Dilma à sanção do presidente Lula", criminaliza "quem é contra o aborto".

Serra disse, a uma plateia estimada pelos organizadores em mais de mil pessoas, que o plano incentiva a invasão à propriedade, "não só ao imóvel rural, mas também a um apartamento".

Questionado sobre a união homossexual, Serra, que havia defendido a união civil, recentemente, em São Paulo, preferiu lembrar que a tentativa de controle social da mídia pode levar a situações de interferência na liberdade religiosa dos brasileiros.


Igrejas Assembleia de Deus Cia. Ltda. Limitada de cérebro e competência cognitiva mínima. Numa esquina mais próxima de você, de preferência num bairro pobre.

Que José Serra contraditório é esse que se envereda pelos direitos dos homossexuais ao defender a união civil, mas condena a prática da homofobia como crime? Se o racismo é considerado um ato infracional grave, por que não considerar o tratamento vexatório a uma pessoa com orientação sexual "diferente" do "normal" também como algo que mereça medidas cabíveis?

As pessoas não entendem. Uma coisa é você ser contra a homossexualidade - coisa que os evangélicos são desde criancinha. Outra coisa é você não querer defender o direito de alguém que, por ser diferente, continua sendo igual, como cidadão.

Sinceramente, eu gostaria que o José Serra me escreva e me diga, no PLC 122/06, onde raios está escrito que o projeto "passa a perseguir as igrejas que combatem a prática homossexual". Isso me cheira mais a conservadorismo retrógrado.

UPDATE - 23h16: Veja este vídeo se você tiver estômago para isso. Em que nível se chegou o pleito: a disputa chegou ao púlpito.

Só para concluir o post, três inverdades sobre o PLC 122/06:


1. É verdade que o PLC 122/2006 restringe a liberdade de expressão?

Não, é mentira. O projeto de lei apenas pune condutas e discursos preconceituosos. É o que já acontece hoje no caso do racismo, por exemplo. Se substituirmos a expressão cidadão homossexual por negro ou judeu no projeto, veremos que não há nada de diferente do que já é hoje praticado.

É preciso considerar também que a liberdade de expressão não é absoluta ou ilimitada - ou seja, ela não pode servir de escudo para abrigar crimes, difamação, propaganda odiosa, ataques à honra ou outras condutas ilícitas. Esse entendimento é da melhor tradição constitucionalista e também do Supremo Tribunal Federal.

2. É verdade que o PLC 122/2006 ataca a liberdade religiosa?

Não, é mentira. O projeto de lei não interfere na liberdade de culto ou de pregação religiosa. O que o projeto visa coibir são manifestações notadamente discriminatórias, ofensivas ou de desprezo. Particularmente as que incitem a violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

Ser homossexual não é crime. E não é distúrbio nem doença, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Portanto, religiões podem manifestar livremente juízos de valor teológicos (como considerar a homossexualidade "pecado"). Mas não podem propagar inverdades científicas, fortalecendo estigmas contra segmentos da população.

Nenhuma pessoa ou instituição está acima da Constituição e do ordenamento legal do Brasil, que veda qualquer tipo de discriminação.

Concessões públicas (como rádios ou TV's), manifestações públicas ou outros meios não podem ser usados para incitar ódio ou divulgar manifestações discriminatórias – seja contra mulheres, negros, índios, pessoas com deficiência ou homossexuais. A liberdade de culto não pode servir de escudo para ataques a honra ou a dignidade de qualquer pessoa ou grupo social.

3. É verdade que os termos orientação sexual e identidade de gênero são imprecisos e não definidos no PLC 122, e, portanto, o projeto é tecnicamente inconsistente?

Não, é mentira. Orientação sexual e identidade de gênero são termos consolidados cientificamente, em várias áreas do saber humano, principalmente psicologia, sociologia, estudos culturais, entre outras. Ademais, a legislação penal está repleta de exemplos de definições que não são detalhadas no corpo da lei.

Cabe ao juiz, a cada caso concreto, interpretar se houve ou não preconceito em virtude dos termos descritos na lei.


Eu voto Serra porque...



Eu vou ouvir comentários de que isso é obra do PT em 5... 4... 3...

Farsa em 6 Partes: vídeo comprova que Globo e Serra mentiram

#SerraRojas

Quem viu ontem o Jornal Nacional e hoje o Bom Dia Brasil pôde constatar que José Serra foi "duramente" "agredido" física e moralmente na caminhada dele no Rio de Janeiro. Ele andava pacificamente quando...


Só que rola o seguinte: o SBT filmou o exato momento onde o tal OVNI atingiu a cabeça do Serra. Veja:


Donde se afere, Watson, que Globo é pró-Serra desde 1964.

Daí, os criativos de plantão criaram a hastag #SerraRojas, no Twitter. Mas quem raios foi Rojas?

Roberto Rojas ficou mundialmente conhecido após o episódio da "fogueteira do Maracanã", quando fingiu ter sido atingido por um sinalizador num jogo entre Brasil e Chile. Rojas temia que seu time fosse desclassificado pelo Brasil nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1990; então, junto com o zagueiro Fernando Astengo, bolou um plano para tentar impedir isso, que consistia em pedir o cancelamento da partida por falta de segurança. Rojas entraria em campo com um "prestobarba" escondida na luva e, em determinado momento, cortaria o próprio rosto, fingindo que uma pedra o haveria atingido. O sinalizador, portanto, foi apenas uma coincidência. No entanto, com a farsa descoberta, Rojas acabou banido da prática do futebol.

E, claro, não perdendo a piada, já tem gente na internet fazendo montagens com o acontecido. Destaco essa que eu recebi por e-mail, arte de um amigo meu:









Estou com medo do Serra...

Do blog amigos da presidente Dilma:

Padre dando bronca no Serra em Missa no Ceará.




Veja também a reportagem sobre a campanha do Serra na igreja.

Comparação

Dizer que Dilma Rousseff não tem carreira política é incoerente quando se tem Márcio Lacerda prefeito da quarta maior capital do país. E fim de papo.

Acadêmicos de José Serra: nota 3,75

Eu fico um tanto quanto grilado e desconfiado com algumas coisas que circulam na internet, difamando tanto o Serra quanto a Dilma. Mas o engraçado nessa história toda é que muito do que se atribui negativamente ao Serra existe comprovação documental.

Quer um exemplo? Veja só.

Encaminharam-me um e-mail escrito pelo Pedro Paulo Cava, respeitabilíssimo profissional do teatro (e da cultura em geral, como gestor) em Belo Horizonte. E eu tive que prestar atenção porque 1) o Pedro Paulo não iria divulgar coisas sem fundamento, creio eu e 2) fiquei curioso em procurar a fonte documental de tal alegação.

No texto, dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) revelam os votos do então deputado constituinte, José Serra, em relação aos direitos trabalhistas. Ele foi favorável a algumas coisas, como o piso salarial e a reforma agrária, mas absteve-se em questões importantes como o direito de greve do servidor público (hoje, garantido pela Constituição, mas não executável imediamente) e foi contra a redução da jornada para 40 horas semanais.

Confira outros votos de Serra contrários aos direitos do trabalhador:

1) votou contra o monopólio nacional da distribuição do petróleo;
2) votou contra garantias ao trabalhador de estabilidade no emprego;
3) votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas;
4) votou contra a implantação de Comissão de Fábrica nas indústrias;
5) negou seu voto pelo direito de greve do servidor público
6) negou seu voto pelo abono de férias de 1/3 do salário;
7) negou seu voto pelo aviso prévio proporcional;
8) negou seu voto pela estabilidade do dirigente sindical;
9) negou seu voto para garantir 30 dias de aviso prévio;
10) negou seu voto pela garantia do salário mínimo real.

LEGENDA: Bolinhas pretas = voto contrário. Bolinhas brancas = voto a favor. A = abstenção (negação do voto)

 
 Na propaganda, o Serra aparece apenas como Deputado Constituinte, mas ninguém publica os seus votos. O Departamento atribuiu nota 3,75 à atuação de Serra na Assembleia. Aécio Neves também votou contra a redução da jornada para 40 horas, além de se abster quanto ao direito de greve dos funcionários públicos - mas teve nota maior que seu "companheiro" tucano, 5,5. O ex-prefeito de BH Célio de Castro e o Lula ganharam nota dez. E aí?

(Só uma ponderação: não vi todo o debate de ontem. Mas senti que ambos estão "saindo pela esquerda", se é que você me entende...)

José Serra: 170/37=48!? Depois fala que é economista!

José Serra mente muito bem!

Serra informou curriculo falso no Senado

Manuela d'Ávila: Uma análise inicial sobre o debate da Band

*Texto escrito pela Manuela d´Ávila, a taxada deputada federal bonitinha do PC do B, que, como pode ser visto, vai muito além do injusto rótulo.


Quero escrever algumas linhas sobre o que assisti no debate de ontem. Alguns exclamarão: “como assim?!? Ela já tem candidata! É óbvio que concordará com o que Dilma disse.” A esses respondo: me sinto com o mesmo direito de análise que tem, por exemplo, o jornal Estadão (a diferença é que eles declararam o voto em Serra após 60 dias de cobertura pretensamente neutra. Eu sou Dilma desde que ela é candidata) .

Esse formato de debate não abre tanto espaço para a discussão de propostas concretas. São feitos para o enfrentamento de projetos. Talvez por isso não sejam muitos os votos disputados em debates. Alguns especialistas afirmam que os candidatos participam com dois objetivos centrais: o primeiro é condensar a base de apoio, dar argumentos para quem já decidiu o voto; o segundo é não perder votos. Eu incluiria outros: responder dúvidas legítimas dos eleitores; desconstruir determinadas imagens e opiniões.

Ontem gostei da participação de minha candidata no debate. Primeiro porque usou o espaço mais nobre da eleição, a televisão, para desconstruir a campanha baixíssima feita contra ela.

Quando Dilma teve coragem de pautar o tema do aborto, tirou o tema do submundo da eleição (cartazes e panfletos anônimos, montagens de internet etc.) e o teve a possibilidade de esclarecer aos cidadãos. Afinal, o uso que determinados setores tem feito desse tema é assustador. Primeiro porque ela e Serra têm exatamente a mesma opinião. A lei atual, de 1940, deve ser cumprida, garantindo que o SUS dê segurança para mulheres que correm risco de vida na gravidez ou que sejam vitimas de estupro. Mesmo que ambos tivessem outra opinião, deveriam submeter na forma de projeto de lei, ao Congresso Nacional. Porque fazem essa campanha, então? Porque esse tema desperta paixões nas pessoas. E as paixões estão localizadas fora da racionalidade. As pessoas ouvem e nem questionam: qual a posição do outro? Isso é possível? Também usam porque sabe que, por Dilma ser mulher, isso “pega”. Homens, a princípio, por não terem útero, não são chamados a refletir sobre o aborto. Ou seja, também é uma pauta que surge para aproveitar os traços culturais ainda machistas de setores da sociedade.

Mesmo no ambiente de confronto (que não é o ideal para propostas serem apresentadas) Dilma conseguiu politizar o debate. Ao insistir no tema das privatizações trouxe a tona mais do que o governo Fernando Henrique (escondido por Serra). Fez com diferenças centrais entre dois projetos aparecessem. Muitos cidadãos afirmam na época das eleições: “todos os programas são iguais! Todo mundo diz que vai melhorar a saúde, a educação, a segurança.”

Sim. Isso é, em parte, verdade. Na TV muitos programas partidários podem soar parecidos. Mas na essência são muitos distintos. As privatizações são “a cara” dessas diferenças. “Por que?”, alguns podem perguntar. Porque expressam o tipo de Brasil que queremos. De todos ou de poucos. Público ou privado. Serra diz que esse é um tema do passado. Não é verdade. Foi também um tema do passado. Aliás, eu mesma comecei a fazer política para combater o processo de privatização da universidade pública. Mas este tema não está superado. Vejamos o Pré-sal.

Nós defendemos que esse dinheiro deve ser a alavanca para o desenvolvimento de nosso país de maneira estruturante. Custear a educação, pesquisas cientificas, por exemplo. Se o petróleo acaba, devemos transformar esse dinheiro em coisas que não acabam, ou seja, na melhoria da capacitação de nosso povo! Isso é futuro. É decisão do próximo presidente. A turma do Serra defende a privatização da exploração dessa riqueza natural brasileira. Dilma, que foi Secretaria e Ministra de Minas e Energia defende que o recurso do Pré-sal é público.

Aliás, o tamanho político de cada candidatura foi resumido de maneira brilhante pelo Senador Sergio Guerra (Presidente do PSDB). Disse ele: “Aborto é tema de interesse nacional, privatização é tema do PT”.

Porque digo que ele foi brilhante? Porque de fato, apesar de Dilma e Serra terem a mesma opinião sobre o aborto, os tucanos tentam fazer desse tema (de forma passional e machista) o tema da campanha. Não querem comparar os governos, não querem dizer o que pensam sobre o Estado Nacional e o patrimônio público. Não querem assumir compromissos com a destinação dos recursos do Pré-sal. Ele entregou a estratégia da campanha deles! Não debater política, projeto. Por fim gostaria de comentar outro detalhe, não menos importante, do que assisti ontem na televisão e acompanhei pelas redes sociais, como o twitter.

A caracterização que Serra tentou pendurar em Dilma. Qualquer palavra dita, ele a caracterizava de “agressiva”. Isso também é parte da estratégia de debates. Repetir algo muitas vezes para que as pessoas passem a refletir sobre o assunto. Mas quando algo é artificial é fácil ser identificado. E ele deixou claro isso. Dilma perguntou: “qual garantia que o senhor vai manter os programas sociais do governo Lula?”. Devo confessar que nem entendi porque ela levantou a bola para ele. Eu apenas responderia: “a garantia é a minha palavra”, qualquer coisa dessa natureza. Ele não respondeu (provavelmente porque não queira assumir compromissos com essas políticas) e ainda me saiu com a seguinte frase: “Estou impressionado com o nível de agressividade da Dilma”.

Qual agressividade nessa pergunta? Nenhuma. O que Serra tentou fazer, mais uma vez, foi usar o machismo de setores de nossa sociedade contra Dilma. Nossa cultura avançou muito. Prova disso é que mais de 60% do eleitorado brasileiro votou nas duas mulheres para presidente da República. Mas conheço bem esse tipo de adjetivação. Mulheres são adjetivadas na política. Homens muito menos. Lembro quando conquistamos meu mandato de vereadora.

Na mesma eleição um jovem homem elegeu-se. O locutor do rádio dizia: “quem esta entrando é aquela jovem bonitinha”. Quanto ao homem afirmava: “é um jovem competente com origem no movimento estudantil”. Casualmente militávamos na mesma universidade. Eu na oposição, ele na situação. Eu havia feito mais votos. Mas era a bonitinha. Cada vez que subimos na tribuna indignadas somos tachadas de histéricas. Eles são convictos e ficam perplexos. Nós temos a vida pessoal vasculhada (somos “sapatonas”, como li ontem no twitter sobre Dilma; mantemos relações sexuais com alguém para chegar onde chegamos...). Eles? Bem, ninguém tem nada com a vida pessoal, devemos nos preocupar com a vida pública.

Nós mulheres, em todos os espaços, estamos acostumadas a enfrentar isso. As mulheres políticas não sofrem nem mais, nem menos do que outras milhares de mulheres. Mas ao chamar, de maneira repetitiva e descontextualizada, Dilma de “agressiva”, Serra usou essa velha tática. Velha tática que nossa sociedade tenta superar. Sei que muitos gostariam de outro tipo de debate. Por isso, acho que os melhores são aqueles com temas a serem enfrentados pelos candidatos (um bloco para educação, outro para desenvolvimento, outro para trabalho e renda). Às vezes, cidadãos e cidadãs são chamados a perguntas. Noutras vezes os jornalistas cumprem esse papel. Mas isso não torna o debate de ontem menos importante.

Não podemos cair no papo de que o debate, por ter esse nível de enfrentamento, não serviu para nada. Serviu sim. Para confrontarmos elementos do projeto de País, para trazermos questões ao debate, para vermos o baixo nível que alguns chegam. Se a gente vai atrás do que cada um já fez na vida pública, se debatermos o currículo da Dilma e do Serra (o Currículo inteiro, não apenas quantas vezes concorreram eleições, mas onde cada um esteve e que posição teve em cada momento decisivo da história e do presente do Brasil), se a gente faz esse exercício, procura, busca, pesquisa, vai entender exatamente porque Dilma é mais preparada.

Não apenas para os debates. Ela é mais preparada para governar o Brasil. Porque representa a superação de velhas táticas políticas, representa um projeto, não esconde posições, não esconde erros e acertos do Governo do presidente Lula.

Não fomos perfeitos. Evidente que não. Mas começamos uma bela caminhada de transformações no Brasil. E os avanços só podem ser feitos por quem acredita nesse caminho. Caminho de soberania, de direitos, de educação. Caminho de combate da miséria e da desigualdade. Caminho da solidariedade e de sonhos. De superações. De igualdade entre homens e mulheres. Caminho do amor. E não do ódio.

Banksy Simpson

Aproveitando que hoje é Dia das Crianças, vamos falar de uma coisa que todos nós adoramos: desenho animado.



A famosa série norte-americana "Os Simpsons" ganhou uma polêmica vinheta do grafiteiro britânico Banksy - artista que nunca revelou sua verdadeira identidade.

A vinheta encomendada inicialmente não se difere muito da original, exibindo apenas pichações com o nome de Banksy inscrito em outdoors e na parede do colégio de Springfield, além de algumas cenas novas.

A polêmica se dá quando o grafiteiro mostra um ambiente imundo repleto de trabalhadores asiáticos - muitos dos quais parecem ser crianças - trabalhando em produtos vinculados à marca "Os Simpsons" - como camisetas e bonecos do Bart feitos de gatos mortos.

A inspiração teria surgido a partir de boatos que grande parte do trabalho que envolve a série seria realizado na Coréia do Sul.


Banksy é um cara polêmico. Pesado. E muito ácido. Um artista de rua anônimo, faz-nos, inclusive, repensar a (vou ser academicista agora) função social dos grafites e das pichações. Será mesmo que pixo é só sujeira?

Dá uma olhada em alguns dos trabalhos do cara.




"Você mente."




 "Deixem-nos comer crack."



Diga-me com quem Serra andas e eu te direi quem Índio és

Há três dias, vi um fato que só me fez ter a certeza de que a dupla Serra-Índio poderá ser um desastre moral para o Brasil. Nunca antes na história desse país eu percebi tanto conservadorismo reacionário na figura de um cacique.



POR FERNANDO MOLICA

Rio - Candidatos a presidente e a vice, José Serra e Indio da Costa decidiram atender a pedidos de lideranças evangélicas e, durante a campanha do segundo turno, irão condenar o Projeto de Lei 122/2006, que transforma em crime a discriminação a homossexuais.

Indio disse ao Informe que a proposta atenta contra a liberdade de expressão ao prever penas de prisão para manifestações consideradas homofóbicas. Segundo ele, se o projeto virar lei, um dono de restaurante será preso caso impeça um casal gay de fazer sexo em seu estabelecimento.

No armário

Apresentado em 2001 pela então deputada Iara Bernardi (PT-SP), o projeto foi aprovado na Câmara em 2006 e aguarda para ser votado no Senado. A proposta tem sido atacada por lideranças evangélicas e católicas, que o acusam de excesso de rigor.

‘Mordaça gay’

Defendido por grupos de homossexuais, o PLC 122 foi apelidado de “mordaça gay” por evangélicos. Indio afirmou que, nos últimos dias, tem sido procurado por religiosos interessados em manifestar apoio à chapa liderada por Serra.

CATÓLICOS CONTRA DILMA

Já movimentos católicos prometem não dar sossego a Dilma Rousseff no Rio. Grupos que atuaram contra a candidata do PT no primeiro turno vão redobrar seus esforços a partir da semana que vem. O trabalho inclui a colocação de cartazes e a distribuição de panfletos em paróquias do Estado. Todos abordarão a suposta defesa, por Dilma, da legalização do aborto. A candidata nega ter esta posição, mas católicos citam documentos do governo e do PT para contradizê-la.


Bom, o Índio até respondeu, em matéria do Portal Terra, que "nossa candidatura defende todos os direitos civis dos homossexuais. E defende a liberdade de expressão religiosa, sem ofensas a ninguém".

Serra e Índio têm buscado votos de uma parcela da população flagrantemente conservadora - católicos e evangélicos, que (olha só, que coincidência!) rejeitam a união entre pessoas do mesmo sexo. Dilma vai pelo mesmo caminho, à lá "Maria Vai Com As Outras". Mas acho difícil de a petista arregimentar um plano contra a defesa dos direitos do homossexuais. Já o Índio... seria ele a Sarah Palin de Serra?