Justiça Criminal condena Mainardi, mas grande mídia absolve


O colunista da revista Veja, Diogo Mainardi, foi condenado pela 13ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo a pegar três meses de cadeia por difamação e injúria. Os crimes foram cometidos contra o Jornalista Paulo Amorim. A pena pode ser convertida em três salários mínimos. Ele tem direito de recorrer.


O que mais me impressionou foi o fato de a grande imprensa não ter publicado tal acontecimento. Eu tive acesso a essa informação por meio do Portal Vermelho, do Partido Comunista Brasileiro. Gostaria de ver se a Veja agora vai publicar uma capa sensacionalista com a cara do Mainardi numa cela de prisão. A revista que adora incriminar as pessoas sem antes esperar a decisão da justiça, agora vai ter que engolir essa.


Alexandre Fidalgo, advogado do réu, afirmou que a decisão do TJ de São Paulo é “uma violação à liberdade constitucional de opinião”. Um dos juízes responsáveis pela ação afirmou que a “liberdade de imprensa não é um escudo para se censurar pela calúnia”.


Trechos da reportagem publicada pelo portal Vermelho e assinada pelo Paulo Amorim:


O PiG (Partido da Imprensa Golpista) não deu uma única linha sobre a condenação de Diogo Mainardi na Justiça Criminal de São Paulo. Diogo Mainardi foi condenado a três meses de cadeia. Se tiver dinheiro, pode converter a pena em dinheiro


O mais importante, porém, foi Mainardi perder a “primariedade”. O que significa que, se for condenado de novo, por não ser mais primário, vai ter que ir, obrigatoriamente, em cana. Do ponto de vista das instituições, a decisão por 3 x 0 manda um sinal a todos os colonistas e “jornalistas” do PiG.


O PiG e a Associação Nacional dos Jornais — seu lobby em Brasília — tentam impor a doutrina de que a liberdade de imprensa é ilimitada. A dupla condenação de Mainardi no Crime — já tinha sido condenado no Cível, também em segunda instância e também por unanimidade — fixa limites legais à liberdade do PiG.


Tanto assim que o PiG preferiu ignorar a condenação. Mainardi escreve na revista de maior circulação do país, a Veja, a última flor do Fascio, uma revista inescrupulosa, em que o leitor não distingue comércio de informação.


Mainardi escreveu um livro best-seller, que, no título, chama o Presidente da República de anta. Mainardi participa de um programa na tevê a cabo, de alcance nacional. Não é um desconhecido. Ele é um símbolo dessa imprensa que flagela o Brasil. E, por isso, por ela foi absolvido.

As vítimas da Big Pharma


“As populações do Sul, em especial as africanas, são cobaias dos testes clínicos de grandes laboratórios que testam ali, à guisa de princípios éticos, medicamentos que servem aos mercados do Norte.”(Jean-Philippe Chippaux- Le Monde Diplomatique)


Jean-Philippe Chippaux escreveu um artigo no Le Monde Diplomatique a respeito de testes clínicos feitos em pessoas de países subdesenvolvidos. Esses testes são feitos sem uma informação sumária, consentimento dos sujeitos, respeito à ética médica, controle terapêutico suficiente e segurança do paciente. As pessoas são tratadas como verdadeiras cobaias humanas. É um bom exemplo de desrespeito aos Direitos Humanos, tão difundidos por países sedes dessas indústrias farmacêuticas. Apesar de existirem leis internacionais que condenam os testes, elas não possuem sequer algum tipo de sanção.


Chippaux afirma que o antibiótico Tenofovir, do laboratório norte americano Gilead Sciences, teve seu teste suspenso na Nigéria, por “motivos de problemas éticos graves”. Também foram suspensos os testes em Camarões e Camboja. Todavia, continuaram ocorrendo na Tailândia, em Botsuana, Malavi, Gana e nos EUA (provavelmente entre a população negra e latino americana). Problema semelhante aconteceu com a Pfizzer. Ela foi acusada por trinta famílias nigerianas, visto que seu medicamento para meningite matou onze crianças e outras ficaram com graves seqüelas. Ocorreram escândalos também com o anti-séptico Stalinom, que motou 102 pessoas na França e com o talco Morghange, que intoxicou 145 bebês e matou 36.


“Na África, as possíveis regulamentações médicas e farmacêuticas datam da época colonial e parecem obsoletas e inadequadas. Os riscos de falta de ética são ainda maiores porque os laboratórios fazem cada vez mais seus testes no continente negro. Na verdade, ali, seu custo é até cinco vezes menor do que nos países desenvolvidos. Além disso, as condições epidemiológicas na África se revelam constantemente mais propícias à realização de testes: freqüência elevada de doenças, sobretudo infecciosas, e existência de sintomas não atenuados por tratamentos reiterados e intensivos. Enfim, o caráter dócil dos pacientes, em grande miséria, dada à pobreza das estruturas sanitárias locais, facilita as operações.”


“Esse cenário ajuda a contornar os princípios éticos. Foi assim que, durante o teste clínico do Trovan®, nem as autoridades nigerianas, nem o comitê ético foram consultados, pelo menos formalmente, sobre a informação dada às famílias e os arquivos de seu consentimento. Da mesma maneira, os testes do antivirótico Tenofovir® em 400 prostitutas de Camarões, de julho de 2004 a janeiro de 2005, não cumpriram as exigências éticas. Essa molécula reduz a transmissão do VIS, o equivalente ao HIV no macaco. O fabricante queria verificar essa propriedade no ser humano e escolheu uma população de risco, as trabalhadoras do sexo de um país com grande número de casos de HIV, devido a seu elevado risco de contrair o vírus.”


Visando enganar as pessoas, as indústrias passam informações em inglês sobre os testes. Além disso, tais pessoas são, na maioria dos casos, analfabetas. Muitas acreditam que estão sendo vacinadas. Outro grave problema é o fato desses pacientes serem infectados pelas doenças. Eles sequer sabem que podem nunca mais serem curados.


“No final da década de 1990, a cifra dos negócios mundiais da indústria farmacêutica (380 bilhões de euros) era superior ao produto interno bruto dos países da África Subsaariana (300 bilhões de euros).” Os africanos sofrem até hoje com o imperialismo dos países do norte. São ainda tratados como coisas. Quando representam um lucro em potencial, recebem maciços investimentos, como na indústria do petróleo, das pedras preciosas e farmacêuticas. Não são vistos nem como mercado consumidor. São considerados como mão-de-obra barata. A ONU e os países taxados como defensores da liberdade não se preocupam em denunciar os abusos cometidos por ditadores em grande parte dos países africanos, com exceção, claro, dos países economicamente estratégicos. E quando esses ditadores se “comportam bem”, recebem investimentos militares. Essa é a lógica capitalista.




Fonte:
http://diplo.uol.com.br/2005-06,a1117

Frase da semana

Não trocarei meu estômago por um tanque de gasolina.

Presidente Lula, em discurso na reunião de cúpula do Mercosul.


Não por um tanque de gasolina, mas quem sabe por um fígado...

Assim que se fala, companhêro! Bora pro bar que hoje é sexta-feira!

O direito de sonhar, de Eduardo Galeano

Mais um texto do fabuloso escritor Eduardo Galeano:


Tente adivinhar como será o mundo depois do ano 2000. Temos apenas uma única certeza: se estivermos vivos, teremos virado gente do século passado. Pior ainda, gente do milênio passado.

Sonhar não faz parte dos trinta direitos humanos que as Nações Unidas proclamaram no final de 1948. Mas, se não fosse por causa do direito de sonhar e pela água que dele jorra, a maior parte dos direitos morreria de sede. Deliremos, pois, por um instante. O mundo, que hoje está de pernas para o ar, vai ter de novo os pés no chão.

Nas ruas e avenidas, carros vão ser atropelados por cachorros.

O ar será puro, sem o veneno dos canos de descarga, e vai existir apenas a contaminação que emana dos medos humanos e das humanas paixões.

O povo não será guiado pelos carros, nem programado pelo computador, nem comprado pelo supermercado, nem visto pela TV. A TV vai deixar de ser o mais importante membro da família, para ser tratada como um ferro de passar ou uma máquina de lavar roupas.

Vamos trabalhar para viver, em vez de viver para trabalhar.

Em nenhum país do mundo os jovens vão ser presos por contestar o serviço militar. Serão encarcerados apenas os quiserem se alistar.

Os economistas não chamarão de nível de vida o nível de consumo, nem de qualidade de vida a quantidade de coisas.

Os cozinheiros não vão mais acreditar que as lagostas gostam de ser servidas vivas.

Os historiadores não vão mais acreditar que os países gostem de ser invadidos.

Os políticos não vão mais acreditar que os pobres gostem de encher a barriga de promessas.

O mundo não vai estar mais em guerra contra os pobres, mas contra a pobreza. E a indústria militar não vai ter outra saída senão declarar falência, para sempre.

Ninguém vai morrer de fome, porque não haverá ninguém morrendo de indigestão.

Os meninos de rua não vão ser tratados como se fossem lixo, porque não vão existir meninos de rua. Os meninos ricos não vão ser tratados como se fossem dinheiro, porque não vão existir meninos ricos.

A educação não vai ser um privilégio de quem pode pagar por ela.

A polícia não vai ser a maldição de quem não pode comprá-la.

Justiça e liberdade, gêmeas siamesas condenadas a viver separadas, vão estar de novo unidas, bem juntinhas, ombro a ombro.

Uma mulher - negra - vai ser presidente do Brasil, e outra - negra - vai ser presidente dos Estados Unidos. Uma mulher indígena vai governar a Guatemala e outra, o Peru.

Na Argentina, as loucas da Praça de Maio vão virar exemplo de sanidade mental, porque se negaram a esquecer, em tempos de amnésia obrigatória.

A Santa Madre Igreja vai corrigir alguns erros das Tábuas de Moisés. O sexto mandamento vai ordenar: "Festejarás o corpo". E o nono, que desconfia do desejo, vai declará-lo sacro. A Igreja vai ditar ainda um décimo-primeiro mandamento, do qual o Senhor se esqueceu: "Amarás a natureza, da qual fazes parte". Todos os penitentes vão virar celebrantes, e não vai haver noite que não seja vivida como se fosse a última, nem dia que não seja vivido como se fosse o primeiro.


Eduardo Galeano (1940-) é jornalista e escritor uruguaio. O texto foi publicado no diário argentino Página 12, em 29 de outubro de 1997, com o título "El derecho de soñar".

O texto foi retirado deste link.

a opressão da fé

“A religião (cristã) é ópio do povo”. Ela desvaloriza o mundo terreno, colocando a vida eterna como a principal busca do ser humano. Essa desvalorização terrena faz com que os homens se tornem passivos, aceitem mais a situação de exploração a que são submetidos. Já que a miséria, a desigualdade social e a “mais valia” são coisas desse mundo, devemos deixá-los nele. O mais importante para os cristãos é uma mudança interna, é uma vida de acordo com os dogmas religiosos. Eles crêem que a fé pode mover montanhas, por isso, uma vida pode ser modificada por orações. As ações, embora não sejam negadas pela bíblia, são colocadas em segundo plano por doutrinadores religiosos.

A igreja católica nunca demonstrou interesse em dividir de forma igualitária a propriedade, mesmo porque, ela sempre foi uma das maiores proprietárias do mundo. Mesmo o Martinho Lutero, um dos grandes reformadores do cristianismo, lutou ao lado dos nobres e contra os camponeses na luta por terras católicas, cometendo grandes atrocidades contra seus oponentes.



A religião consegue preencher um vazio existente no homem. Esse é o maior trunfo do cristianismo. Ele consegue alienar seus devotos atingindo suas fraquezas. Suas dúvidas existenciais, suas dificuldades financeiras e outras carências que não são preenchidas de imediato, são maquiadas pela fé num Deus onipresente que os defenderão no chamado juízo final.


O filósofo alemão Karl Marx foi o principal pensador a criticar a atuação da igreja em favor do capitalismo. Ele defendia a “abolição da religião como felicidade ilusória do povo” e a busca pela felicidade real, que, em sua filosofia materialista, era a liberdade e a realização pessoal neste mundo. Para se atingir a esses fins, o proletariado teria que conquistá-los por meio de uma revolução.

Debate confirmado

Confirmado!

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMG, em conjunto com Centros Acadêmicos da Universidade, realizarão, no dia
2 de setembro (3ª feira), às 11h30, um debate com os candidatos à prefeitura de Belo Horizonte. Este ato será público, e acontecerá na Praça de Serviços, campus Pampulha.


UPDATE 17h30: A notícia sobre o debate está no site da UFMG. Veja neste link.


Vigiando a Democracia

"Vigília Democrática"

Dissidentes do PT e integrantes de outros partidos, como o PV, o PMDB, o PCdoB, o PDT e personalidades da sociedade civil lançaram ontem oficialmente o movimento “Vigília Democrática”.

A idéia é dar publicidade ao arranjo patrocinado pelo atual prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, e o governador Aécio Neves, para eleger Marcio Lacerda (PSB) e Roberto Carvalho (PT) para a prefeitura da capital. “Vamos mostrar para a população que estamos vivendo uma excepcionalidade democrática, com interferências nos partidos para construir uma fraude de aliança”, argumenta o deputado estadual, que faz parte do movimento, Sávio Souza Cruz (PMDB).

Fonte: Super Notícia - 26 ago 2008.


Antes que me taxem e taxem esse blog de ser parcial, reitero e afirmo: o objetivo deste blog não é a imparcialidade, mas a discussão do quadro eleitoral de BH. E uma coisa eu posso dizer: desde quando escrevia no meu outro blog, o Quem Delira Sem Ter Febre, eu já não ia com a cara da "Aliança". Escrevi isso aí em 21 de fevereiro. Vide texto abaixo:

Isso ainda vai render muito pano pra manga. O próprio Arthur Virgílio, um dos caras mais chatos do tucanato, apóia o acordo de comadres aqui em Minas Gerais, terra na qual esquecemos o que é fazer oposição a um governo. (Não é arbitrariamente ser contra, é ser oposição; há nuances que diferenciam esses termos.)

Dois partidos opostos, mas com interesses comuns. É a união do Cérebro com o Dick Vigarista. Falta saber qual é qual nessa história.

Duvidas, Tomé? Eis o link.


Por isso, tenho que apoiar o movimento do Sávio Souza Cruz. Seria incoerente da minha parte dizer que um movimento suprapartidário desse, como o Vigília Democrática, não tem importância.

O manifesto completo está neste link.

Lista Negra

A Internet é uma dádiva divina que dificilmente irá se repetir tão cedo. O que ela tem de ruim, ela ajuda para as coisas boas.

Recebi hoje no meu e-mail um listão negro de "Em quem não votar". Tem nome de gente do Norte ao Sul do país. Como estamos em Minas, vamo falá di Minas, uai.

Eis os nomes dos mineiros envolvidos:

ADEMIR PRATES - Deputado PDT-MG
Crime: Falsidade Ideológica

AELTON FREITAS - Senador PL-MG
Crime de Responsabilidade e Estelionato

CABO JÚLIO (JÚLIO CÉSAR GOMES DOS SANTOS) - Deputado PMDB-MG
Candidato a Vereador BH 2008
Crime Militar, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)

EDUARDO AZEREDO - Senador PSDB-MG
Improbidade Administrativa

ISAÍAS SILVESTRE - Deputado PSB-MG
Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)

JAIME MARTINS - Deputado PL-MG
Crime Eleitoral

JOÃO MAGNO - Deputado PT-MG
Lavagem de Dinheiro

JOSÉ MILITÃO - Deputado PTB-MG
Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)

MÁRCIO REINALDO MOREIRA - Deputado PP-MG
Crime Ambiental

OSMÂNIO PEREIRA - Deputado PTB-MG
Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)

ROMEU QUEIROZ - Deputado PTB-MG
Corrupção Ativa, Corrupção Passiva e Lavagem de Dinheiro

VITTORIO MEDIOLI - Deputado PV-MG
candidato a vice-prefeito de Betim, RMBH; Diretor da Sempre Editora, que publica os jornais SUPER Notícia e O TEMPO
Sonegação Fiscal

ROBERTO BRANT - Deputado PFL-MG (atual DEM)
Crime Eleitoral, Mensalão, CPI Correios

Lista completa aqui. Arquivo do Excel.

Q.I. - de Quem Indica

"Dedaço" em Belo Horizonte, critica ministro dos Esportes


Foto Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 11/07/2008
fonte: Blog das Eleições do Portal UAI


Em crítica ao processo eleitoral em Belo Horizonte, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, afirma a este blog [Blog das Eleições do Portal UAI]: "A escolha do candidato da aliança, Márcio Lacerda (PSB), se assemelha à tradição autoritária mexicana do dedaço".

A referência foi feita ao Partido Revolucionário Institucional (PRI), que durante 70 anos, delegava ao presidente da República a indicação "no dedo" do candidato da legenda que "concorreria" às eleições. Uma vez escolhido, não havia mais discussão dentro do PRI. O novo presidente estava praticamente nomeado já que a "competição" entre os demais candidatos era simbólica.

A prática foi rompida com Ernesto Zedillo, presidente do PRI como os outros nove que o antecederam a partir de 1929. Zedillo introduziu em 1979 eleições primárias para a indicação do candidato do partido. A experiência não terminou bem para o PRI nem para a "ditadura perfeita", nos termos de Mario Vargas Llosa, já que, em 2000 o candidato da oposição Vicente Fox saiu- se vitorioso nas urnas.

"É uma pena que o eleitor de Belo Horizonte tenha sido tratado como um curral de um rincão esquecido do Brasil", reclama. Orlando Silva está empenhado na candidatura de Jô Moraes (PCdoB). "Ela é a prioridade de nosso partido", diz ele, também dos quadros do PCdoB.

Israel vai liberar prisioneiros Palestinos


“Israel vai libertar nesta segunda-feira 199 prisioneiros palestinos em gesto de apoio ao presidente palestino, Mahmud Abbas, declarou neste domingo a administração penitenciária do país.” (Folha Online)


O primeiro-ministro Ehud Olmert anda afirmando que vai liberar esses prisioneiros como uma forma de mostrar boa vontade em relação à autoridade Palestina no tão prolongado processo de paz. Olmert e Abbas firmaram tal acordo colocando o dia 25 de agosto como o provável dia da libertação.


Não acredito que Israel vai querer ceder no processo de paz com a ANP. A real intenção israelense é de enfraquecer o grupo político e guerrilheiro Hamas, e dar forças ao também guerrilheiro Fatah. Uma evidência disso é que a maior parte dos prisioneiros pertence ao grupo do Abbas e nenhum faz parte do Hamas. Israel não aceita o fato de o Hamas ter vencido as eleições para primeiro-ministro da ANP e depois ter tomado militarmente a região de Gaza.


O Fatah passou a se tornar um forte aliado americano após o Mahmud Abbas assumir o seu controle. A partir desse momento, passou a não ser mais chamado de grupo terrorista pela mídia ocidental, ao contrário do que acontece com o Hamas. Os israelenses preferem ter o Fatah no poder, porque é um grupo que não representa mais forte ameaça aos seus interesses políticos e econômicos. São mais fáceis de serem controlados.


Para que ocorra um verdadeiro processo de paz na região, os EUA e Israel devem parar de interferir na política da ANP e os judeus devem devolver as Colinas do Golã para a Síria. Não acredito que isso vá ocorrer, tendo em vista o histórico político do país. Eles sempre procuram impor seus desejos aos muçulmanos, desrespeitando os Direitos Humanos e as leis internacionais. O maior problema para os islâmicos é o fato de Israel possuir grande respaldo em suas ações arbitrárias por parte dos EUA, e consequentemente, da ONU.

Empate entre Jô Moraes e Aécio...ops...Márcio Lacerda


“A primeira pesquisa Datafolha realizada após o início do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, divulgada neste sábado (23), mostra que o candidato do PSB à Prefeitura de Belo Horizonte (MG), Márcio Lacerda, subiu 15 pontos percentuais em relação à pesquisa divulgada em 24 de julho e alcança 21% das intenções de voto.” (Portal Vermelho)


Como Jô Moraes oscilou de 20% para 17%, os dois candidatos estão tecnicamente empatados.


“O instituto fez 829 entrevistas nos dias 21 e 22 de agosto. O levantamento, encomendado pela TV Globo e pela Folha de S.Paulo, foi registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas Gerais com o número 56616/2008.”


“O total de eleitores que disseram que votariam branco ou nulo caiu de 22% para 14%. O percentual dos que ainda não sabem como vão votar passou de 26% para 24%.”


Os candidatos, numa simulação de segundo turno, também ficariam empatados. A candidata do PC do B ficaria com 34% dos votos contra 33% do candidato da aliança pimentécio.


Nem bem começou o horário político e a população já está aceitando a farsa imposta pela aliança entre a ala majoritária do PT e o PSDB. Esse é o resultado de uma política baseada na manipulação dos meios de comunicação. Ninguém conhece direito o Márcio Lacerda. Estão aceitando passivamente um candidato imposto de cima para baixo. O problema maior é a passividade dos próprios candidatos. Eles estão evitando temas como mensalão, ideologia política, manipulação da mídia, Aécio Neves e Pimentel.


Não acredito que a Jô Moraes seja a candidata ideal para assumir um cargo de tamanha responsabilidade, mas deixar a nossa cidade nas mãos dessa vergonhosa aliança não vai ser uma boa opção.


O pior é ter que assistir a um show de falsidade na campanha política do Márcio Lacerda.


Tem como piorar? Tem! Leia a frase do presidente Lula sobre a aliança Pimentécio:


"O acordo em Minas [em torno de Marcio Lacerda] é uma coisa plenamente aceitável, viável e importante. Eu terei imenso prazer de participar de comício em Belo Horizonte, vou participar pouco das eleições municipais, mas BH é uma cidade onde eu quero ir. Até porque acho que é importante a continuidade do projeto de BH, que está dando certo. A relação do prefeito e do governador está dando certo, as divergências políticas têm de ser encaradas com certa naturalidade, porque é assim mesmo." (Da declaração feita em Itajubá, MG, em 30/06/2008)


Democracia cubana

Não é de hoje que a imprensa neoliberal tenta denegrir a imagem do governo socialista cubano. Um governo que está tomando conta do país desde a revolução implantada com a derrubada do ditador, e fantoche americano, Fulgêncio Batista, em 1959. Antes de o revolucionário Fidel Castro assumir o poder, o país era utilizado pelos americanos como um parque de diversões. Eles iam à ilha para se divertirem nos cassinos e nos bordeis. Fidel e Che Guevara conseguiram maciço apoio da população carente para derrubar um governo apoiado pelos imperialistas. Um governo que se preocupava em garantir a diversão de burgueses americanos, que utilizava-se da violência para garantir a chamada “paz social” e da exploração da classe pobre, foi substituído por um governo preocupado em acabar com as mazelas sociais, diminuir as desigualdades geradas por uma sociedade de consumo e trazer bem-estar para toda a população, sem discriminações.

A política cubana, taxada como ditadura pelos meios de comunicação dominantes, deve ser analisada com mais responsabilidade. Ao meu ver, ele está mais próxima de uma democracia do que de uma ditadura. A liberdade que é pregada em Cuba é diferente da liberdade burguesa. É uma liberdade conhecida como liberdade positiva. De acordo com Norberto Bobbio, essa liberdade é a que possibilita ao cidadão “orientar seu próprio querer no sentido de uma finalidade, de tomar decisão, sem ser determinado pelo querer dos outros". O sujeito deve ter o direito de participar nas escolhas e decisões coletivas, participar e contribuir no exercício da autoridade que o vincula à sociedade. O Estado dever ser o maior garantidor de tal liberdade. Pensando por meio desse conceito, podemos perceber um grande esforço por parte de Cuba para garantir o direito à liberdade positiva. O governo tenta acabar com as classes sociais, pois, só assim, poderá possibilitar uma igualdade de condições no que tange à participação política.


Como poucos sabem, em Cuba existe eleições. E as eleições não são dominadas por grandes grupos financeiros. Os políticos não são eleitos porque possuem dinheiro para fazerem propagandas políticas exaltando suas imagens. São eleitos os que possuem prestígio em suas comunidades. São escolhidos por meio de assembléias públicas. Não existe propaganda política. São afixadas, nos colégios eleitorais, as listas dos políticos com as respectivas biografias e fotos. Tais cartazes não possuem promessas políticas, e sim, o que cada cidadão fez para contribuir para a região, o seu grau de instrução e prestígio. Os políticos não recebem remuneração para exercerem os cargos. Eles devem cumprir seus mandatos não para ganharem dinheiro, mas para garantirem suas convicções políticas. Não se exige que o candidato seja socialista ou católico, como é muito difundido pela imprensa neoliberal. A votação é voluntária, livre e secreta. E, normalmente, mais de 90% dos eleitores participam do processo. As pessoas se vêem verdadeiramente representadas pelos candidatos.


Uma curiosidade: 43,16 por cento dos 614 deputados ao Parlamento são mulheres. Por isso, Cuba é o terceiro país que possui a maior participação feminina parlamentar.

"O reino do lenga-lenga"

por Digo Decalque*


O debate entre os candidatos à prefeito ontem [20 de agosto] na PUC foi um pouco, digamos, broxante. Acho que talvez eu estava esperando um pouco mais pro início de campanha dessa eleição que promete ser, no mínimo, histórica. Num auditório lotado com estudantes se abarrotando até nos corredores, os oito candidatos apresentaram poucas propostas diretas e preferiram conter os ataques aos adversários do que provocar polêmicas
maiores.

Quer dizer, oito candidatos não. O Márcio Lacerda (PSB) não foi e acabou mandando o coordenador de campanha Jorge Nahas (PT) em seu lugar. Sua ausência é até certo ponto compreensível já que a repercussão desse debate nem é tão grande assim, mas não consegui direito entender porque escolher um substituto tão sem jeito pra coisa. Nahas não estava nem um pouco inspirado, titubeava nas respostas, não soube responder direito o que fazer com o transporte e retrucava para qualquer pergunta que seria tudo muito difícil e caro. Pelo menos foi direto na questão do meio-passe estudantil – que, aliás, foi tema recorrente nas perguntas - e afirmou sob vaias da platéia que seria possível somente para estudantes de baixa renda e do ensino médio.

Gustavo Valadares (DEM) talvez foi o candidato que se saiu melhor nessa noite, e mostrou ter um bom discurso mesmo defendendo em frente a uma enorme platéia de jovens esquerdistas o compromisso do seu partido pela política do estado mínimo. Foi enfático quando questionado sobre educação e se declarou contra a Escola Plural e a favor da universalização do ensino integral na rede municipal. Mas pecou pelo excesso ao exagerar o papel do prefeito na segurança pública, visto os entraves constitucionais que não dependem dele para serem resolvidos.

O candidato do PMDB, Léo Quintão, também mostrou que, apesar do topete e da pinta de engomadinho, é carismático e intrépido quando necessário. De propostas estruturais falou pouco, mas pelo menos nos proporcionou o maior barraco do debate quando perdeu as estribeiras com o excesso de vaias que recebia da platéia e esbravejou em pé pedindo respeito à democracia. Seus brados coléricos eram o exato oposto da voz serena e pausada de Sérgio Miranda (PDT) que, parecendo não estar muito inspirado, preferiu ficar repetindo as perguntas, reiterando os problemas e dando respostas vagas ao invés de apresentar soluções concretas.

Quem também não falou muita coisa de interessante foi Jô Moraes (PCdoB). No meio de intermináveis rodeios e frases genéricas do tipo "vou melhorar a saúde, a educação e blábláblá", pelo menos foi direta ao afirmar que irá defender a utilização de recursos do Fundo Municipal de Transporte para subsidiar o meio passe estudantil, o que relembra a política do governo Lula de investir no social mas sem assustar os grandes empresários. A única menção a Márcio Lacerda – seu adversário a ser batido - foi feita nas suas considerações finais, quando citou a diferença de dinheiro e tempo de propaganda eleitoral entre as campanhas. "Minha TV são vocês", clamou em alta voz.

Concluindo, parece que a presença de todos os candidatos e não só dos mais importantes atrapalhou uma boa discussão de idéias. É óbvio que ter todo mundo na mesma mesa é legal e democrático, mas isso acaba impedindo um aprofundamento maior nas ideologias e propostas de quem realmente vai competir pelo troninho do Pimentel. O modo de organização do debate também prejudicou essa falta de direcionamento, e as perguntas meio nada a ver e bastante genéricas dos alunos e a falta de ousadia dos jornalistas fizeram com que alguns temas importantes acabassem solenemente ignorados, como a questão da aliança PT/PSDB e da relação entre cada candidato e a Câmara Municipal.

Por isso, quem quer ver um debate de verdade ainda vai ter que esperar
um pouco mais. E esperemos.


*Digo Decalque, nome-fanstasia de Rodrigo Burgarelli, é estudante de Comunicação Social pela UFMG, e colaborou gentilmente para este blog. Já que estes blogueiros não puderam aparecer no debate, Digo apareceu lá e nos ofertou esse texto. Valeu, aí, meu velho!


Só uma obs.: O Jorge Nahas, citado acima, tem alguma ligação com o Naji Nahas?


Para ver o perfil dos outros candidatos, clique aqui e vá ao site do TSE.


E a liberdade de imprensa?

Primeira parte do vídeo "Liberdade- essa palavra", feito por um estudante de comunicação da UFMG sobre a falta de liberdade de imprensa no governo Aécio Neves. O vídeo mostra como o candidato tucano faz para dominar a opinião pública. São entrevistadas pessoas que sofreram com a repressão dos canais de televisão pró-Aécio. Veja as outras partes do vídeo e a patética resposta do governo de Minas sobre o filme no Youtube.



Outro filme que fala sobre a manipulação da imprensa em Minas Gerais praticada pelo governador Aécio Neves. O documentário, feito pela Current TV e exibido nos EUA e Inglaterra, mostra o envolvimento do governador com a Rede Globo e com o Jornal Estado de Minas.





No more war!



http://tirasnacionais.blogspot.com/

Última Hora

Notícia fresquinha:

Hoje, às 19 horas, debate com os candidatos à Prefeitura de BH.

Local: PUC Minas - Rua Dom José Gaspar, 500 - Coração Eucarístico.

Charge - Duke




www.dukechargista.com.br

Cavalos no Páreo (parte 2)

Ibope BH: Jô Moraes cresce e consolida liderança

A candidata Jô Moraes, do PCdoB, mantém liderança folgada em pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Ibope nesta sexta-feira (15). Pela pesquisa, a comunista tem 18% das intenções de voto. Ela é seguida por Leonardo Quintão (PMDB), preferido por 10% do eleitorado e em empate técnico com Márcio Lacerda (PSB), candidato do governador Aécio Neves (PSDB) e do prefeito Fernando Pimentel (PT) e preferido por 9% dos entrevistados.

Em seguida, a pesquisa aponta a candidata Vanessa Portugal (PSTU), com 5% das intenções de voto; Sérgio Miranda (PDT), com 3%; Gustavao Valadares (DEM), com 2%; e Pedro Paulo (PCO) e André Antônio Alves (PtdoB), com 1% cada. O candidato Jorge Periquito (PRTB) não foi citado por nenhum dos entrevistados. Os votos brancos e nulos somaram 15% dos pesquisados e outros 37% não responderam ou não sabem em quem votarão.

Em relação ao levantamento anterior, divulgado em 19 de julho, a pesquisa Ibope atual mostra que Jô Moraes cresceu 1 ponto percentual: passou de 17% para 18%. Quintão oscilou negativamente 4 pontos, passando de 14% para 10%. Já o candidato do PSB, Márcio Lacerda, subiu de 8 para 9% das intenções de voto.


Nada a comentar. Apenas para constar a notícia. Ah, não, mentira. Tenho que comentar uma coisinha.

Um dia desses, voltando para casa e passando de ônibus pela Praça Sete (Hipercentro de BH), estava acontecendo uma campanha pró-Sérgio Miranda, candidato à prefeitura de BH pelo PDT, coligado com o PCB (alguém me explica por que ele saiu do PCdoB?). No meio do Pirulito da Praça, estavam lá pessoas tremulando a bandeira do... Se você disse Márcio Lacerda, JACKPOT! Oportunismo é mesmo o marketing da hora...

Rapaiz, hoje começou o HEG - Hilário Eleitoral Gratuito. Minha diversão bianual começou!

Refendo ratificou a permanência do Evo Morales na Bolívia


O presidente boliviano Evo Morales obteve a maior votação em um referendo da história do país. Com 99,9% dos votos apurados, o presidente atingiu o índice de 67,41% de votos ratificando a sua permanência na presidência. A intenção do referendo foi de acabar com a crise em que partidários do presidente e oposição travavam sobre a questão da separação de algumas regiões da Bolívia, como a mais rica do país, Santa Cruz, e sobre a nova Constituição. O referendo também perguntou sobre a permanência de oito prefeitos. Morales saiu fortalecido ao fim da pesquisa, visto que ampliou a sua influência de dois para quatro estados na Bolívia, e a oposição, que tinha sete estados, ficou com cinco.

O resultado do referendo vai fortalecer uma nova tendência política na Bolívia. Um governo voltado para solucionar os problemas raciais e as desigualdades sociais, em detrimento a governos elitistas anteriores, que se preocupavam mais com a economia do país e menos com a população carente. O país que possui uma população com maioria esmagadora de indígenas e que sempre foi governado por uma minoria branca, agora vai ter a chance de compensar essa injustiça histórica.

a vitória da esquerda no paraguai.


Fernando Lugo Méndez assumiu presidência do Paraguai nesta sexta-feira (15), para um mandato de cinco anos, trajando um traje simples e com um discurso direto: "Hoje começa a história de um Paraguai em que as autoridades serão implacáveis com os ladrões do povo". Com a posse, o Paraguai passa a integrar a maioria política progressista que se fortalece na América Latina. (Portal Vermelho)

Seguindo a nova tendência latino-americana, o Paraguai elegeu um candidato de esquerda para a presidência da República. Utilizando um discurso semelhante ao do Hugo Chavez e do Evo Morales, o novo presidente vai lutar contra os abusos do neoliberalismo e de uma política histórica exclusivamente elitista. Ele também vai defender seus recursos naturais da ganância dos países ricos, como acontece na partilha da energia elétrica da Usina De Itaipu e no domínio dos brasiguaios nas terras paraguaias. O presidente e bispo católico defende também a integração latino americana.

Os desafios a serem enfrentados pelo bispo serão a governabilidade, visto que o parlamento é composto por maioria do partido mais conservador, o Colorado, a pressão exercida pelo próprio partido, a possibilidade de uma grande greve planejada pelo MST local, e uma herança de crescimento econômico sem distribuição de renda. O grande trunfo do presidente é possuir a confiança de 93% da população, de acordo com o jornal ABC Color.

EUA x RúSSIA


Desde a queda do Muro de Berlim, a mídia capitalista quis nos mostrar que um novo mundo viria, um mundo sem guerras, não mais polarizado entre duas potencias mundiais. Como nos filmes de Hollywood, nos foi informado que o final feliz estava próximo, que, até mesmo o bandido, a União Soviética, tinha passado para o lado do mocinho, os EUA. A partir daquele simbólico acontecimento, os bandidos (agora ex-comunistas) iriam se unir com os grandes heróis capitalistas em busca de um mundo melhor, o mundo da liberdade. Não haveria mais espaço para ditadores e comedores de criancinhas.

Algumas décadas depois, nada ficou muito diferente do que os mais realistas previam. Apesar de o mundo não está mais polarizado entre as duas gananciosas potencias no campo econômico, continuam mantendo a hegemonia militarmente e politicamente. A tão falada guerra nas estrelas está cada vez mais se tornando realidade. O mais recente capítulo dessa novela está ocorrendo na Polônia. Os EUA assinaram, no dia 14, um acordo visando a instalação de um escudo antimísseis em território polonês. Um acordo semelhante foi firmado na República Tcheca. Os EUA afirmam que querem defender seus aliados do grande Satã Irã. Será que o humilde Irã tem forças para lutar contra uma União Europeia inteira? A Rússia não está nada contente com tais acontecimentos. Afirmaram que vão tomar medidas militares quando o escudo for instalado.

Atualmente, no Cáucaso, uma região estratégica russa, está ocorrendo um grande conflito. Os russos estão em guerra contra a Geórgia, grande aliada americana. A disputa começou no dia 14, quando a Geórgia realizou uma ofensiva com o intuito de retomar a região da Ossétia do Sul, que havia declarado sua independência no início dos anos 90. Os russos não aceitaram a violação de um território aliado, e, em pouco tempo, invadiram a região e tomaram algumas cidades da Geórgia. Logicamente, os americanos declararam seu descontentamento em relação à atitude russa e recorreram à ONU. Como os russos possuem o direito de veto no Conselho de Segurança da entidade, nenhuma solução foi encontrada. Tal guerra já matou mais de 2000 pessoas e deixou milhares de refugiados.



A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA.


"O documentário "The revolution will not be televised" (A revolução não será televisionada), filmado e dirigido pelos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O'Briain, apresenta os acontecimentos do golpe contra o governo do presidente Hugo Chávez, em abril de 2002, na Venezuela. Os dois cineastas estavam na Venezuela realizando, desde setembro de 2001, um documentário sobre o presidente Hugo Chavez e o governo bolivariano quando, surpreendidos pelos momentos de preparação e desencadeamento do golpe, puderam registrar, inclusive no interior do Palácio Miraflores, seus instantes decisivos, respondido e esmagado pela espetacular reação do povo." (Legenda do Google Vídeos).

Não devemos tomar o documentário como uma verdade absoluta. Contudo, devemos admitir o quanto recebemos as notícias de forma deturpada. A mídia neoliberal nos passa a imagem de um Chavez louco, sem programa de governo, ditador e repressor. O documentário relativiza a imagem que recebemos do presidente. Não acho que devemos transforma-lo num mártir. Não quero de maneira alguma fazer apologia ao seu governo, porém, devemos perceber que ele está incomodando, e muito, os países do eixo do norte. Não acredito que os neoliberais o vejam realmente como um louco, e sim, como uma uma grande ameaça.

Veja o vídeo completo neste link.

Ou assista parte do documentário abaixo:

Jogo da Eleição

Passando pelo blog Mercado Web Minas, eis que encontro um joguinho para, digamos, ajudar o eleitor a escolher seu candidato nas eleições municipais de BH.

Com o propósito de ajudar o eleitor na escolha de seu candidato a prefeito de Belo Horizonte, o Portal Uai desenvolveu um jogo para comparar a opinião dos internautas sobre temas importantes para a cidade com a dos nove candidatos na disputa. Cada um deles teve que responder a um questionário de nove perguntas relativas a desafios enfrentados pela capital mineira e justificar suas respostas.

À medida em que o usuário responde às mesmas questões, o gráfico se altera. Aqueles candidatos que tiverem uma visão mais próxima à do jogador vão se destacando. Em cada uma das perguntas, pode-se verificar a posição de cada concorrente sobre o tema, posicionando o cursor no botão localizado abaixo da foto do candidato.

Ao final, no menu à direita, você tem a opção de aumentar o peso dos temas que considera mais relevantes para o destino da cidade. Dentre os temas, estão: finanças, política, saúde, educação, trânsito e transporte, cidade.

Clique na imagem ou aqui para jogar.

Para mim, deu a Vanessa Portugal. CREDO!

Tá tudo dominado!


http://homemgrilo.com/

Invasores

http://www.lancharge.cjb.net/

Propaganda eleitoral

Depois da imprensa, o vice-rei de Minas Geraes terá comprado a... Fundação Getúlio Vargas???

(fonte)

O relatório da Fundação Getúlio Vargas sobre "A Nova Classe Média" divulgado anteontem (5) causou polêmica na campanha eleitoral pela Prefeitura de Belo Horizonte. A parceria entre o governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito Fernando Pimentel (PT), o mote principal da campanha de Marcio Lacerda (PSB), apoiado pelo tucano e o petista, é citada no documento.

A campanha de Lacerda, na noite de anteontem, já divulgava o relatório por e-mail enaltecendo o "efeito Aécio com Pimentel" no crescimento da classe média na região metropolitana de Belo Horizonte, conforme dito no relatório.

Afirma o relatório da FGV: "Quais das metrópoles brasileiras tiveram maior redução de miséria nos últimos seis anos? A resposta seria BH (-40,8%), Rio (-30,7%), seguido de perto por Salvador (-29,8%)".

Segue o texto: "Como não se trata de municípios ou Estados, mas das metrópoles, a liderança de BH é o que se pode chamar de efeito Aécio com Pimentel. Os movimentos de melhora das séries de indicadores sociais da Grande Belo Horizonte estão relativamente dispersos ao longo do período 2002 a 2008, enquanto o das demais metrópoles concentram-se em torno do período abril a junho de 2004".

A argumentação da FGV, instituição privada de ensino e pesquisa em ciências econômicas e sociais, não bastou para os rivais de Lacerda.

A candidata do PC do B, a deputada federal Jô Moraes, disse que há no período importante melhoria da pauta de exportação, especialmente do minério, além de ampla expansão do setor automotivo, setores fortes na região. Os investimentos em infra-estrutura feitos pelo governo Lula também são "muito importantes. É um conjunto de fatores, mas sobretudo um novo clima que se criou a partir da eleição do Lula. Diria que, quando as coisas dão certo, tem muito pai. Mas é bom partilhar os êxitos e os acertos", disse ela.

"Eu diria que é um estranho inusitado nos eficientes relatórios da FGV esse acréscimo propagandístico."

Prefiro não comentar.

O Ensino do Medo


Algo me incomoda profundamente, confesso-lhes. O papel do educador na escola fundamental, média ou no magistério. Tão belo é o significado do termo pedagogia, que advém do grego. É a reunião das expressões “paidós” (criança) e “agogé”(condução). Ou seja, o educador é aquele que pega pela mão e conduz. “Educar é construir, é libertar o homem do determinismo, passando a reconhecer o papel da História e onde a questão da identidade cultural, tanto em sua dimensão individual, como em relação à classe dos educandos, é essencial à prática pedagógica proposta. Sem respeitar essa identidade, sem autonomia, sem levar em conta as experiências vividas pelos educandos antes de chegar à escola, o processo será inoperante, somente meras palavras despidas de significação real. A educação é ideológica, mas dialogante, pois só assim pode se estabelecer a verdadeira comunicação da aprendizagem entre seres constituídos de almas, desejos e sentimentos”. Certa vez disse o mestre Paulo Freire, que, penso eu, um dos poucos que realmente poderia ser chamado de mestre. Não pelo seu grau de estudo, mas pela sua inabalável capacidade de expressão e amorosidade com o próximo que não era mais um número.

Ora, o que vejo no ensino do direito nada passa de um excesso de rigor que só leva a um profundo desgosto e frustração no processo de aprendizado, que se torna maçante ou, às vezes, insuportável, onde o professor exige do aluno uma dedicação extraordinária e um desgaste desnecessário, e o resultado final nunca é mais acúmulo de informação, mas sim desespero. Somos aprisionados, quando na verdade o processo de aprendizado deveria ser libertador. Somos educados a aprender que não temos nada para oferecer para a escola, essa última, que, portanto se dedica ao “ensino do medo”. Estamos na era do medo, e a Universidade se reduz à uma gaiola e que nos propõe que viremos galinhas acostumadas com os limites do galinheiro, quando na verdade poderíamos ser águias com os limites dos céus e do horizonte. O Ser - humano no ensino do direito é um objeto dentro de uma normatividade simplesmente, e assim seguem os estudantes da lei sem estudar ou saber para que mesmo ela serve. Estudam periódicos normativos que a cada ano são publicados aos montes nos códigos jurídicos. Sabem muito, mas não sabem para que serve o muito. E se esse muito é bom. A educação universitária monologa a velha ladainha se sua própria liturgia e nos deixa bem claro que ideologia é um negro véu que a juventude nos impõe, nada que o tempo não cure. Os chamados mestres estufam o peito bem alto na competição de títulos acadêmicos e quantum de alunos reprovados. Me parece que em termo desses, velhos valem 3 créditos e gestantes 4. No ensino do medo, a Universidade com atestado de qualidade implícito é aquela que reprova internamente para aprovar externamente. A lógica se dá da seguinte forma: Reprovando internamente se capta recursos, captando recursos, capta-se também alunos para que possam se exaurir pela Universidade, e não por eles. Pois o maior interessado que esses sejam aprovados externamente, seja no exame de ordem ou em outro qualquer é a própria Universidade, pois números de aprovações lhe rendem títulos de qualidade e dinheiro. A qualidade do ensino jurídico se reduz a índices estatísticos da OAB. O resultado é que no início do segundo milênio, a injustiça é fonte do direito que a perpetua e além disso é passivamente vista de longe nas academias. A distância entre o direito e a justiça na prática é tão feito de milhas e mais milhas como a distância entre alunos e professores. Educar é coisa do passado, o mercado oferece professores aos milhares, mas os educadores estão tolhidos do seu exercício em becos escuros ou marginalizados pela “subversão”, conceito criado para impedir o pleno processo de aprendizado. O educando é ensinado desde logo a nada construir e a nada oferecer a sua cultura. O conhecimento advém de um processo de doação caridosa mas jamais de um processo de troca. O ensino universitário é mãe de pequenos tiranos em seus palcos de madeira e com uma lista de chamada debaixo do braço. E o ensino jurídico, especificamente, nos ensina o nosso lugar, que é diariamente sentado numa carteira desconfortável, em salas escuras e quentes, com o medo na frente e o desprezo atrás, e o mais importante, calados! Esquecemos o passado ao invés de escutá-lo de modo crítico, padecemos da realidade ao invés de vivê-la no presente, e nem nos damos o trabalho de imaginar o futuro, pois os nossos sonhos se reduziram a alforria do ensino universitário, supra sumo em aprisionar almas através de mecanismos sutis.

Mais do que a encomenda

Num momento no qual o Márcio Lacerda, candidato à prefeitura de BH pelo PSB, precisa se expor para se tornar público, eis que seus menestréis Aécio e Pimentel falam mais do que ele. Leia só:

Aécio e Pimentel vão a favela de Belo Horizonte fazer campanha por Lacerda


O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), voltaram a fazer campanha de rua nesta segunda-feira por Marcio Lacerda (PSB), dessa vez na entrada do maior aglomerado de favelas da cidade em processo de urbanização --com 83% dos recursos alocados saídos dos cofres federais.

No ato no Aglomerado da Serra, onde a segurança da Polícia Militar estava reforçada, Aécio e Pimentel foram os últimos a discursar, em vez do candidato, e falaram mais do que Lacerda. O tucano e o petista continuam sendo as estrelas principais da campanha de Lacerda pela prefeitura de BH.

A determinação era para que todos os discursos fossem breves, e Lacerda seguiu à risca: falou por cerca de 15 segundos. Aécio discursou por pouco mais de três minutos.


Quinze segundos? Será que o Lacerda está se preparando para aquele quadro do Fantástico? Talvez ele não estoure, mas o Aécio... Ah, esse fala demais, Aderbal... Como diz o ditado, quem fala demais dá bom-dia a cavalo.

Deuses

Humildemente curvo-me ao desconhecido império de mim mesma. Eu, que sou deus. Eu, que me movimento ao redor de Deus. Um Deus que anda queimado, que anda desmatado... um deus que anda esperando a vida inteira numa espera antiga, reservada, toda entregue somente ao ato de esperar. Deus, que anda sentindo fome abandonado nas esquinas de um 3° mundo que, na verdade, não existe, pois o mundo é um só. Deus, que anda enchendo os bolsos de falsos deuses. Deus, que vem morrendo perante uns olhos prestes a se fechar depois que a esperança se esvai... Deus, que ainda vive em outros olhos que ainda aguardam. Um deus que anda explodindo bombas em outros deuses por acreditar serem outrem quando, na verdade, são apenas o outro de nós mesmos. Nós, deuses mortais que não podem prever o futuro, mas que podem construí-lo. Deuses, que vêm se esquecendo de que, humildemente, devem ser Deus.

Sabão crá-crá...

http://tirasnacionais.blogspot.com

Salva-vidas de chumbo, artigo de Eduardo Galeano

MONTEVIDEO, 16 de agosto de 2006. Texto enviado por Eduardo Galeano à Via Campesina Brasil em homenagem às mulheres camponesas.

Pelo que diz a voz de comando, nossos países devem acreditar na liberdade do comércio (embora ela não exista), honrar os compromissos (embora eles sejam desonrosos), atrair investimentos (embora eles sejam indignos) e ingressar no cenário internacional (embora pela porta dos fundos).

Ingressar no cenário internacional: o cenário internacional é o mercado. O mercado mundial, onde compram-se países. Nada de novo. A América Latina nasceu para obedecê-lo, quando o mercado mundial nem era chamado assim, e de um jeito ou de outro continuamos atados ao dever de obediência.

Esta triste rotina dos séculos começou com o ouro e a prata, e continuou com o açúcar, o tabaco, o guano, o salitre, o cobre, o estanho, a borracha, o cacau, a banana, o café, o petróleo... O que esses esplendores nos deixaram? Nos deixaram sem herança nem bonança. Jardins transformados em desertos, campos abandonados, montanhas esburacadas, águas apodrecidas, longas caravanas de infelizes condenados à morte antecipada, palácios vazios onde perambulam fantasmas...

Agora, chegou a vez da soja transgênica e da celulose. E outra vez repete-se a história das glórias fugazes, que ao som de seus clarins nos anunciam longas tristezas.


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Será que o passado ficou mudo?

Nós nos negamos a escutar as vozes que nos alertam: os sonhos do mercado mundial são os pesadelos dos países que se submetem aos seus caprichos. Continuamos aplaudindo o seqüestro dos bens naturais que Deus, ou o Diabo, nos deu, e assim trabalhamos pela nossa própria perdição e contribuímos para o extermínio da pouca natureza que nos resta neste mundo.

Argentina, Brasil e outros países latino-americanos estão vivendo a febre da soja transgênica. Preços tentadores, rendimentos multiplicados. A Argentina é, e já faz tempo, o segundo maior produtor mundial de transgênicos, depois dos Estados Unidos. No Brasil, o governo de Lula executou uma dessas piruetas que pouco favor fazem à democracia, e disse sim à soja transgênica, embora seu partido tenha dito não durante toda a campanha eleitoral.

Isso é pão hoje e fome amanhã, como denunciam alguns sindicatos rurais e organizações ecologistas. Mas já sabemos que os peões ignorantes se negam a entender as vantagens do pasto de plástico e da vaca a motor, e que os ecologistas são uns estraga-prazeres que não dizem coisa-com-coisa.


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Os advogados dos transgênicos afirmam que não está provado que prejudiquem a saúde humana. Em todo caso, também não está provado que não a prejudiquem. E já que são assim tão inofensivos, por que os fabricantes de soja transgênica se negam a esclarecer, nas embalagens, que vendem o que vendem? A etiqueta de soja transgênica não seria sua melhor publicidade?

Acontece que existem evidências de que estas invenções do Doutor Frankenstein fazem mal à saúde do solo e reduzem a soberania nacional. Exportamos soja ou exportamos solo? Estamos ou não estamos presos nas gaiolas da Monsanto e de outras grandes empresas de cujas sementes, herbicidas e pesticidas passamos a depender?

Terras que produziam de tudo para o mercado local agora se consagram a um único produto para a demanda estrangeira. Nós nos desenvolvemos para fora e nos esquecemos de dentro. O mono-cultivo é uma prisão, sempre foi, e agora, com os transgênicos, é muito mais. A diversidade, por sua vez, liberta. A independência se reduz ao hino e à bandeira, se a soberania alimentar não é assentada. A autodeterminação começa pela boca. Só a diversidade produtiva pode nos defender das súbitas despencadas de preços que são costume, mortífero costume, do mercado mundial.

As imensas extensões destinadas à soja transgênica estão arrasando os bosques nativos e expulsando os camponeses pobres. Poucos braços ocupam essas explorações altamente mecanizadas, que ao mesmo tempo exterminam as plantações pequenas e as hortas familiares com os venenos que fumigam. Multiplica-se o êxodo rural às grandes cidades, onde se supõe que os expulsos vão consumir, se tiverem sorte, o que antes produziam. É a agrária reforma: a reforma agrária pelo avesso.


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A celulose também está na moda, em vários países.

Agora, o Uruguai está querendo se transformar num centro mundial de produção de celulose para abastecer de matéria prima barata as longínquas fábricas de papel.

Trata-se de monocultivos para a exportação, na mais pura tradição colonial: imensas plantações artificiais que dizem ser bosques e se convertem em celulose num processo industrial que arroja detritos químicos nos rios e torna o ar irrespirável.

No Uruguai, começaram por duas fábricas enormes, uma das quais já está a meio construir. Depois surgiu outro projeto, e já se fala de outro, e outro mais, enquanto mais e mais hectares estão sendo destinados à fabricação de eucaliptos em série. As grandes empresas internacionais nos descobriram no mapa do mundo, e caíram de súbito amor por este Uruguai onde não há tecnologia capaz de controlá-las, o estado outorga subsídios e evita impostos, os salários são raquíticos e as árvores brotam num piscar de olhos.

Tudo indica que nosso país, pequenino, não irá agüentar o asfixiante abraço desses grandalhões. Como costuma acontecer, as bênçãos da natureza se transformam em maldições da história. Nossos eucaliptos crescem dez vezes mais depressa que os da Finlândia, e isso se traduz assim: as plantações industriais serão dez vezes mais devastadoras. No ritmo de produção previsto, boa parte do território nacional está sendo espremida até a última gota de água. Os gigantes sedentos vão secar nosso solo e nosso subsolo.

Trágico paradoxo: este país foi o único lugar do mundo em que a propriedade da água foi submetida a plebiscito popular. Por esmagadora maioria, os uruguaios decidiram, em 2004, que a água seria propriedade pública. Não haverá maneira de evitar o seqüestro dessa vontade popular?


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A celulose, é preciso reconhecer, transformou-se em algo assim como uma causa patriótica, e a defesa da natureza não desperta entusiasmo. Pior: em nosso país, algumas palavras que não eram palavrões, como ecologista e ambientalista, estão se transformando em insultos que crucificam os inimigos do progresso e os sabotadores do trabalho.

Celebra-se a desgraça como se fosse boa notícia. Mais vale morrer de contaminação do que morrer de fome: muitos desempregados acreditam que não existe outro remédio além de escolher entre duas calamidades, e os mercadores de ilusões desembarcam oferecendo milhares e milhares de empregos. Acontece que uma coisa é a publicidade, e outra é a realidade. O MST, movimento dos camponeses sem terra, divulgou dados eloqüentes, e que não valem apenas para o Brasil: a celulose gera um emprego a cada 185 hectares, e a agricultura familiar cria cinco empregos a cada dez hectares.

As empresas prometem o melhor. Trabalho a rodo, investimentos milionários, controles rígidos, ar puro, água limpa, terra intacta. E eu me pergunto: já que é assim, por que não instalam essas maravilhas em Punta del Este, para melhorar a qualidade de vida e estimular o turismo em nosso balneário principal?


Tradução: Eric Nepomuceno, Rio de Janeiro

Distribuição IPS- Inter-press-service, Italia. Dia 16 de agosto de 2006.



Fonte: http://www.aspta.org.br/por-um-brasil-livre-de-transgenicos/artigos/salva-vidas-de-chumbo-artigo-de-eduardo-galeano/

Eleições sobre cadáveres


Relevantes meios de comunicação e políticos não duvidaram em qualificar o que aconteceu dia 30 de janeiro de 2005 no Iraque como “as primeiras eleições democráticas” da sua história. A afirmação é um alarde de cinismo ou de cegueira porque ninguém, que acredite numa verdadeira democracia, pode aceitar, como tal, a farsa eleitoral organizada pelos EUA. Não o pode chamar, sem deformar a tal ponto os fundamentos da democracia que, então, pode chamar-se isso a qualquer arremedo de consulta popular, onde o que importa não é o país, mas o poder.
O Iraque, há que recordá-lo, é um país ocupado por 200 mil soldados estrangeiros e em guerra. Um Estado soberano invadido em 2003, em violação das leis mais fundamentais do Direito Internacional e onde, diariamente, são assassinados, torturados e vilipendiados centenas de cidadãos, sem que haja lei ou autoridade que zele pelos seus direitos. Um país que vê destruídas cidades, povoações e bairros pelas forças invasoras, no meio do silêncio cúmplice de tantos governos, mais preocupados em agradar à potência ocupante que em deter a destruição do Iraque e os crimes que ali se cometem diariamente.
As eleições, além disso, estavam infestadas de arbitrariedades que, não fossem os Estados Unidos o organizador – ou se o seu promotor tivesse sido um país adverso ao Ocidente – a desclassificação das mesmas teria sido generalizada. Realizaram-se, em primeiro lugar, em total ausência de liberdade, pois nenhuma pessoa honesta pode acreditar que um país agredido e ocupado pode exercer livremente o seu direito à autodeterminação. As eleições em Timor Leste realizaram-se em 2001 sob a supervisão da ONU, dois anos depois de o exército indonésio abandonar o país. Nunca ninguém pensou em realizar as eleições enquanto Timor permanecia debaixo da ocupação de tropas estrangeiras.
Em segundo lugar, não existia um recenseamento fiável, nem se tinham, minimamente, definido os votantes. Esta carência essencial permitirá aos EUA adulterar os níveis de participação e dirigir os votos para os seus candidatos protegidos, de forma que ganhe quem menos o odiar. Também não havia uma autoridade eleitoral, legítima e independente, que zelasse pela lisura do escrutínio, nem que garantisse as liberdades eleitorais mínimas, como exige o jogo democrático. Os partidos que se opõem à ocupação foram ilegalizados ou integraram-se na resistência. Desde a convocação das eleições, optaram por retirar-se 53 partidos dos 84 que se apresentaram inicialmente, pela precariedade das mesmas e ausência de garantias. A farsa era tão absurda que até podiam ter votado 150 mil israelenses de origem iraquiana.
Na conferência de Sharm el Sheij, no Egipto, a França apresentou uma proposta, não aceite, com três condições para superar o desastre no Iraque: a participação de todas as forças iraquianas, incluída a resistência em qualquer proposta de solução; passar o controlo do Iraque às Nações Unidas e fixar uma data de retirada das tropas estrangeiras. A recusa desta proposta revela a intenção de manter, sine die, a ocupação do Iraque, o que é o mesmo que dizer a de prolongar a guerra e a destruição e, naturalmente, a de manter o país dominado. Não se gastaram 300 mil milhões de dólares para devolver o Iraque aos iraquianos.
Dar por boas umas eleições realizadas em tais condições não só aumentará a confrontação no Iraque como implicará legitimar as guerras de agressão e validar os crimes internacionais. Deitaram por terra não só a Carta das Nações Unidas, como também o Tribunal Penal Internacional, pois carecerá de sentido defender uma ordem jurídica mundial e um tribunal internacional, quando basta uma farsa eleitoral para limpar os crimes mais abomináveis.
Os EUA, que inventaram a democracia das bananas no Caribe, tentam impor no Iraque uma democracia de cadáveres. Invade o país, coloca um governo títere, mata, encarcera e tortura os opositores e convoca eleições sem garantias, nas quais apenas participam os seus. Com o arremedo eleitoral, a ocupação e a guerra transformam-se em politicamente correctas e Bush poderá proclamar, sobre um país devastado, que os Estados Unidos cumpriram a sua missão civilizadora. O modelo não é novo. Na América Latina foi utilizado ao longo de décadas. E ainda se estão a contar os cadáveres.

Augusto Zamora R. é Professor de Direito Internacional Público e Relações Internacionais na Universidade Autónoma de Madrid. Tradução de José Paulo Gascão.

O original encontra-se em http://www.rebelion.org/noticia.php?id=10811 .

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/.