Cassação de Kassab e o financiamento eleitoral.


O juiz da Primeira Zona Eleitoral de São Paulo, Dr. Aloísio Sérgio Resende Silveira anunciou, neste domingo (21 de fevereiro), a cassação dos mandatos do Prefeito de São Paulo, Sr. Gilberto Kassab, da vice-prefeita, Sr.ª Alda Marco Antônio, e de mais oito vereadores acusados de irregularidades no financiamento de suas respectivas campanhas de 2008. Este fato abre espaço, mais uma vez, para a discussão acerca da forma pela qual os candidatos levantam recursos para suas campanhas, o que promove muitas vezes uma indesejada vinculação dos políticos a aqueles grupos que os bancaram.


A lei n.º 9504/1997, dada a estabelecer as normas para as eleições no país, veda expressamente quaisquer doações em dinheiro ou valor estimável procedentes de concessionários ou permissionários de serviçoes públicos (Art. 24, III), dentre outros. A existência deste impedimento visa estabelecer um rompimento de vínculo dos candidatos eleitos com seus financiadores. Após encontrar indícios de irregularidades nas campanhas dos então candidatos supra, os promoteres eleitorais do MPSP ajuizaram Ação de Impugnação de Mandado Eletivo com vistas a obter cassação dos respectivos mandatos dos politicos acusados.

Dentre os doadores tido como irregulares da campanha do prefeito paulistano, encontram-se a Camargo Corrêa, o Banco Itaú e a Associação Imobiliária Brasileira, três coorporações gigantes que provocam sérias dúvidas sobre quem está sendo de fato representado pelo Chefe do Executivo municipal. A presença da construtora mencionada representa uma tentativa de drible na lei eleitoral, uma vez que esta detém participações em consórcios que prestam serviços públicos em São Paulo. O Banco Itaú também presta serviços aos municípios, visto que é responsável pelos pagamentos aos funcionários da prefeitura. Por fim, a presença da AIB esconde uma doação de caráter sindical, uma vez que esta associação tem naturezas de associação patronal, muito embora não se apresente com esta face (ver quadro, fonte: Folha).


Certamente, haverão recursos (acompanhado de efeito suspensivo), que não permitirão a efetiva deposição dos politicos de seus respectivos cargos. Provavelmente, o TRE-SP ou mesmo o TSE não levarão a cabo as justas punições para os acusados. Esqueça-se a jurisprudência, pois fingir que nada acontece no país, sobretudo em sua maior cidade, é a forma como o sistema articula a manutenção de grupos poderosos e abastados, escondidos sob a ilusão de um regime representativo-democrático.

Tão urgente como a reforma política é a necessidade de se romper a "Compra de Posições" inerentes ao processo de financiamento privado das campanhas. Embora se reconheça a escassez de recursos públicos frente às milhares de necessidades de intervenção presentes, o financiamento público parece ser a única solução para estabelecer um equilíbrio entre o exercício da atividade pública eletiva e a representação popular pura. Não devemos ser ingênuos a ponto de acreditar que apenas esta mudança eliminaria as mazelas colocadas. Continuo acreditando no binômio combate à corrupção + voto consciente. Eleições estão ai. Fiquem de olho

O FHC não morreu...

Me falaram, há alguns dias, que o FHC ainda estava vivo. Eu não acreditei até me deparar com uma notícia em que o presidente estava dando alguns pitacos na política nacional. Eu achei que ele, por já ter dado sua contribuição ao país, já tivesse se aposentado. Lembro-me muito bem da famosa flexibilização dos Direitos Trabalhistas, dos "ajustes" feitos na previdência social, das privatizações, do auxílio aos congressistas para votarem a favor da reeleição, e muitas outras ajudas de extrema valia ao nosso país. Somos muito gratos ao presidente tucano e sabemos como foi difícil descarregar no nosso país a sua moderna política neoliberal.

Na notícia, o democrata FHC afirmou que é preciso “um basta no continuísmo antes que seja tarde”. Ele considera que, atualmente, o “DNA do ‘autoritarismo popular’ vai contaminado o espírito da democracia”.

“Vamos regressando a formas políticas do tempo do autoritarismo militar (...) Diferentemente do que ocorria com o autoritarismo militar, o atual não põe ninguém na cadeia. Mas da própria boca presidencial saem impropérios para matar moralmente empresários, políticos, jornalistas ou quem quer que seja que ouse discordar do estilo ‘Brasil-potência’” (FHC)
Ao longo do texto, cujo título é “Para onde vamos?”, o ex-presidente critica medidas de Lula, como a proposta de mudança na legislação do petróleo para a exploração da camada do pré-sal, a 'ingerência governamental” na Vale e o processo de compra de aviões militares pelo Brasil. FHC classifica tais exemplos de “pequenos assassinatos”. 

“Por que fazer o Congresso engolir, sem tempo para respirar, uma mudança na legislação do petróleo mal explicada, mal ajambrada?”, questiona. “Por que anunciar quem venceu a concorrência para a compra de aviões militares se o processo de seleção não terminou?”, acrescenta, se referindo a preferência de Lula por caças franceses.

FHC também pergunta o porquê de “antecipar a campanha eleitoral e, sem qualquer pudor, passear pelo Brasil às custas do Tesouro exibindo uma candidata clauditante”. Para o ex-presidente, Lula escolheu “no dedaço” a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para ser a candidata do PT nas eleições presidenciais de 2010.

Em um trecho do artigo, o ex-presidente critica a aproximação diplomática do Brasil com o Irã. “Parece mais confortável fazer de conta que tudo vai bem e esquecer as transgressões cotidianas, o discricionarismo das decisões, o atropelo, se não das lei, dos bons costumes”.

Fonte: G1


Mais uma notícia da série "hipocrisias eleitorais"

PT paulista articula candidatura de Alencar ao governo de Minas.

O PT não tem sido um partido muito democrático. A força que os paulistas têm sobre o PT no âmbito estadual é enorme. O que vimos foi uma intervenção intensa nos últimos anos, principalmente na era do governo Lula. Coisas bizarras já aconteceram em Minas para que os representantes locais seguissem a cartilha paulista. Um exemplo que jamais sairá da minha mente é o apoio desastroso do partido ao candidato Newton Cardoso. Quem diria que o Patrus Ananias iria subir no mesmo palanque que o Porcão. Tenho certeza que ele ficou desconfortável com essa situação.

Agora, lendo a Folha, vi mais uma notícia grotesca:

O presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, disse nesta sexta-feira que uma eventual candidatura do vice-presidente José Alencar (PRB) (sic) ao governo de Minas Gerais seria uma alternativa para unificar os pré-candidatos da base aliada governista que pretendem disputar o comando do Estado.

Dutra disse que Alencar será "aclamado" por todos os partidos --inclusive o PT-- se decidir disputar o governo de Minas. "Se o Zé Alencar colocar o nome para o governo, vai ser aclamado por todos os partidos. Eu não conversei com ele, mas há por enquanto dois pré-candidatos do PT e um do PMDB em Minas", afirmou.

Não é possível que vão intervir na atual disputa para candidato ao governo de Minas. A candidatura encabeçada pelo PT é tão natural quanto a candidatura do Anastasia. É algo que vem sendo discutido desde as últimas eleições governamentais. Não creio que o José de Alencar tenha mais força política em BH do que o Patrus, o Pimentel, e mesmo o Helio Costa. Seria uma insanidade retirar qualquer um dos três em favor do Alencar.

Limpando a Guaicurus

Aproveitando a discussão sobre a Praça da Estação, que já estamos fazendo aqui exaustiva e ostensivamente, não pude me furtar a comentar a notícia abaixo.

Jornal O TEMPO, 28 de setembro de 2009, 1º Caderno. Clique para ampliar.




Algumas pessoas diriam que essa "revitalização" é benéfica. Outros, que é uma forma espúria de se limpar o Centro de Belo Horizonte. Analisemos os fatos cautelosamente:

A Rua dos Guaicurus, hoje, é um lugar no qual se pode passar de dia, mas temeroso à noite. Uma vez, indo do Minas Shopping até a Praça da Estação, peguei o 3502 e desci na Rio de Janeiro com av. Santos Dumont; a treta é sem noção de tensa - todos já sabem que essa avenida já não é benta de dia, que dirá à noite.

Mas uma coisa que eu percebo naquela região é algo relacionado ao famoso Efeito Dominó: uma coisa que puxa outra, que puxa outra - e assim indefinidamente. Se hoje a Santos Dumont, a rua Curitiba, a rua São Paulo, a Rio de Janeiro, a Espírito Santo (onde por muito tempo ficou a Fac. de Engenharia da UFMG)... ou seja: se todo o Baixo Centro é o que é hoje, é resultado de um abandono e esquecimento graduais por parte de quem deveria ter carinho com aquela parte, a Prefeitura. Este órgão considera a região um lugar de mendigos, putas, traficantes e fezes. Porque ela mesma se esqueceu de limpar.

Eu creio, na minha vã filosofia, que só porque um hotel seis estrelas vai para lá que a região toda não sofrerá mais o subdesenvolvimento. O que vai acontecer é simples: uma expulsão coletiva de quem trabalha e frequenta aquela boemia. É capaz de ali ficar tinindo, lindo e maravilhoso, mas não é assim que tem que ser. As prostitutas ficarão sem onde bater o ponto (feio isso, né? Eu sei...), e ficarão mais pobres. E viverão mais à margem. E serão excluídas, assim como os donos das "boates". Para quem está de fora, parece que não vai afetar, ou vai só melhorar. Não é por aí.

O que a "Guaico" (como eu carinhosamente apelidei aquela zona) precisa é de uma sobrevida. De um amparo. Não de uma demolição para alocar estranhos à área. Será que não dá pra fazer algo que não fosse tão destrutivo? Que pudesse preservar minimanente a história da rua?

(Se a Prefeitura sequer pensar em fazer isso com Santa Tereza, por exemplo, estaria ela lascada. Enquanto isso, LagoinhaBonfim e São Cristóvão seguem, abandonados e ao relento.)

A revitalização que coloco em pauta aqui não é essa da reportagem. Eu quero, um dia, poder voltar de Sabará de madrugada e descer do 4988 na Guaico sem ter medo de ser abordado e roubado. É isso que eu quero, não precisa de um hotel segregacionista para limpar a horda pública. Não vejo com bons olhos trocar os puteiros por hoteis de luxo. A putaria - que me perdoem os mais pudicos - vai continuar, só que institucionalizada de vez - e agora, passará às mãos dos grandes cafetões. A opressão da puta pobre. A dor do pequeno cafetão.

Essa atitude, fica parecendo aos meus olhos, se soma ao que a Prefeitura de BH anda fazendo. Como aquela clássica música do Grupo Molejo: "Diga aonde você vai, que eu vou varrendo..."; varrendo tudo para onde a vista não alcança. Eles só esqueceram de um detalhe: em BH, de qualquer ponto mais alto você vê toda (ou quase toda) a cidade. Não dá para esconder para onde foi a sujeira e os renegados e excluídos.

Eu Amo BH Radicalmente e Provo. Prova? Então me faz um favor: me dá um pouco de dignidade à Guaico. É disso que ela precisa.


Em tempos de terrorismo eleitoral...


As recentes notícias referentes a um suposto terrorismo eleitoral praticado pelo atual governo federal - em referência a possíveis modificações no Programa Bolsa Família - constituem-se uma verdadeira afronta à inteligência do eleitorado brasileiro. De fato, a Instrução Operacional n.º 34 da Secretaria Nacional de Renda e Cidadania do MDS, publicada em 23 de dezembro do último ano, traz de forma explicita a possibilidade de alterações na validade dos benefícios, estando estas a cargo da nova administração que conduzirá o programa a partir de 2011. O fato é que em nenhum momento a Instrução faz referência a alterações nas diretrizes marcantes do programa, como querem nos convencer alguns jornalistas, já que a eficácia do ato se limita a aspectos operacionais do programa.

A partir da publicação deste ato, o jornalista Fernando Rodrigues puxou, em seu blog, a corrente dos jornalistas "sagazes" que conseguem enxergar supostas geniais jogadas do xadrez político em meio a qualquer ato da administração pública. Sobre a medida supramencionada, o jornalista assevera: "A mensagem subliminar é simples: se o próximo presidente quiser, muda o Bolsa Família. Ou seja, só o governo atual (e sua candidata ao Planalto) podem garantir a manutenção dos pagamentos". No mesmo sentido, Noblat se manifesta de forma semelhante, ao afirmar que "diante das características das eleições presidenciais deste ano, a menção nada sutil a uma redução da validade do benefício, a depender de decisão do próximo presidente, não é falta de cuidado no estilo — tem mesmo é objetivo eleitoral explícito. Leia-se: vote em Dilma Rousseff e garanta seu dinheiro". 

Em ano de eleições presidenciais, o jogo psicológico é sim uma arma utilizada por candidatos de situação que tentam sensibilizar os eleitores sugerindo piora de cenário com a escolha de um candidato de oposição. Isto não se pode negar. Exemplos recentes na história do país não faltam como no bizarro episódio protagonizado pela atriz Regina Duarte (ver vídeo), que não obteve êxito ao tentar emprestar seu prestígio e credibilidade ao tucano José Serra, depreciando a imagem do então candidato Lula - que quando eleito não desestabilizou a economia, não sacou seus bens e nem mesmo comeu as criancinhas brasileiras. No outro pólo do jogo político, ameaças semelhantes ocorreram quatro anos depois, nas quais a campanha para a reeleição do presidente sugeria que Alckimin e o PSDB pretendiam privatizar a Petrobrás e o BB - algo que parecia não mais fazer sentido naquele período. Podemos lembrar ainda de outras situações de campanhas extremamente agressivas onde nenhum dos candidatos contava com o aparato governamental. Em 1989, Collor apelou para aspectos pessoais de Lula ao perceber que a "ameaça comunista" não sensibilizava a massa do eleitorado brasileiro.

 

2010 será um ano de pedradas para todos os lados. Preparem-se, pois os candidatos ofertarão promessas e venderão ameaças que muitos vezes não tem nenhum sentido. E mais do que evidenciar intenções veladas dos candidatos, é necessário decifrar o subtexto e as intenções dos cronistas e jornalistas, sobretudos dentre os supostos “neutros” da grande mídia, cujo noticiário esconde sugestões suspeitas.

Haiti e nós

Segue um texto para parar e pensar. Tá, e agora? Que fazemos agora?




Haiti e nós
Cândido Grzybowski*


Ficamos sem palavras diante da tragédia do Haiti. Quanta dor e desespero em meio à morte e destruição. E agora, angústia e tensão na luta por água e alimento. Não há como não querer imaginar aquilo tudo distante, tentar fugir de cenas chocantes e profundamente humanas. Aquele olhar inocente de criança com lágrimas nos olhos poderia ser o meu, o seu, o de nosso(a) filho(a). Aquela velhinha errante poderia ser sua mãe. A mulher estirada no chão da falta de tudo, com esperança por estar viva e ter salvado o filho no ventre, parece a sua companheira parindo e dando continuidade à vida. Jovens desorientados(as), sem rumo e com endereço perdido, caminhando em todas as direções à procura de algo, de algum sentido, sintetizam o drama de um mundo diante da catástrofe. Enfim, o Haiti somos nós também, queiramos ou não.


O que fazer? Como assumir a nossa responsabilidade humanitária diante de tal tragédia? Aliás, nos consideramos responsáveis e solidários de algum modo ou buscamos, simplesmente, transferir essa responsabilidade para as costas de outros(as)?


Uma catástrofe natural de tal tamanho se deve, sem dúvida, à força da natureza. Mas aí não está toda a explicação. O Haiti, a sociedade haitiana, é uma produção histórica de dominação e exploração particularmente feroz ao longo dos séculos por uma elite local armada e autoritária, apoiada no exterior. A devastação do terremoto condensa em si toda a injustiça social e ambiental dessa história das estruturas e relações, das formas de dominação, da falta de espaço de liberdade e participação, da exclusão, enfim, de todo um povo. Na resistência e sobrevivência, um bravo e heroico povo. Não podemos esquecer que o povo do Haiti fez a primeira e mais radical revolução contra o sistema colonial e escravocrata do continente americano.


O fato é que também somos responsáveis por essa e tantas outras tragédias que acontecem sem avisar, mas são, ao mesmo tempo, previsíveis. Previsíveis? Talvez não de todo, a gente sabe que vão acontecer, só não sabe quando e onde vão irromper. Por que, então, não estamos preparados para tais situações? Por que temos tanta dificuldade de agir rápido? Na emergência o tempo é uma questão de vida ou morte. Na verdade, nessa natureza viva diversa e sempre em movimento é a extrema desigualdade do próprio mundo humano construído que mais aparece e acaba agredindo as consciências. A incontornável questão ética da unidade e solidariedade humana, por trás das diferenças do território ocupado e da cultura aí desenvolvida, bate fundo. De repente, precisamos agir e não sabemos como. Aí fazemos qualquer coisa.


Nestes dias tomados pelas imagens do sofrido povo do Haiti, tenho pensado muito no meu papel como ativista mundializado e profundamente engajado no processo do Fórum Social Mundial e como diretor de uma organização de cidadania ativa como o Ibase, com todo o legado do Betinho e da campanha contra a fome. Será que estamos, o Ibase e eu, à altura dos desafios que situações assim nos colocam? Sabemos praticar a solidariedade? Em nossa pequenez, mas reconhecimento pela ousadia e valores éticos anunciados, estamos fazendo o que está ao nosso alcance? Trazer ao debate público e ajudar na previsão dos riscos sobre pobres e excluídos(as), sejam grupos localizados ou povos inteiros, pressionar por iniciativas de cidadania, por políticas e ações consequentes do poder estatal e pela responsabilidade do sistema econômico empresarial, tudo isto é nossa missão. Estou falando tanto do Rio alagado e dos desmoronamentos, como da guerra social nas áreas populares e de desastres do tamanho de Porto Príncipe, no Haiti.


A questão crítica – o desafio maior a enfrentar em nossa missão e estratégia de construção de sociedades social e ambientalmente sustentáveis, justas e participativas – passa por aliar ações que apontam para mudanças estruturais com capacidade de resposta cidadã no aqui e agora, nas emergências. Afinal, solidariedade é um imperativo sempre, a toda hora, para organizações como o Ibase. Salvar vidas, na emergência, não é escolha, é indispensável para legitimar ações de transformação estruturais de longo prazo. Essa equação, apesar dos bons exemplos em nossas práticas, como a campanha contra a fome, ainda não está resolvida no nosso campo de organizações de cidadania ativa. Precisamos ser capazes de respostas emergenciais com a mesma capacidade e contundência que elaboramos alternativas que apontam um amanhã diferente, um outro mundo. O Haiti nos questiona profundamente no que fazemos, sobretudo no que priorizamos e no nosso modo de agir.



*Sociólogo, diretor do Ibase - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

Deputado ficha-suja quer se eleger em Minas

Tem um carinha muito espertinho que está com a fichinha suja em Goiás e que quer se eleger aqui em Minas Gerais. Ele até já mudou o domicílio eleitoral pra cá. Hum...

Seu nome é Tatico, vulgo José Fuscaldi Cesilio (PTB-GO). Em sua ficha, constam irregularidades diversas, como caixa 2 (ah, isso é normal) e agressão ao meio ambiente (é, isso não pode!).

Vejam vocês um trecho da notícia do Uai:




Evangélico, o parlamentar conta já ter sido anunciado como candidato em dezembro em culto da Igreja Mundial, próximo ao viaduto da Floresta, em Belo Horizonte. O deputado diz que frequenta um templo da igreja, a terceira evangélica do país – atrás apenas da Assembleia de Deus e da Universal do Reino de Deus –, em Brasília. “Vou todos os dias. Seja às 7h, ao meio-dia ou às 8 da noite”, diz o parlamentar. Um fiel que estava no culto da igreja em Belo Horizonte na apresentação do parlamentar disse que o pastor tratou Tatico como “deputado federal pelo estado de Goiás, mas que, por amor a nós, mineiros, está se candidatando agora pelo nosso estado”.


O procurador regional eleitoral de Minas Gerais, José Jairo Gomes, no entanto, tem outra avaliação. “O que ele deve estar tentando é se apresentar a um eleitorado que desconhece a sua vida. Porque os adversários (em Goiás) usariam os fatos e provavelmente (o deputado) teria uma campanha natimorta”, diz.


Conforme o deputado Tatico, todas as ações que responde na Justiça são “conversa fiada”. “Saio bem de tudo”, declarou. O parlamentar disse ainda que o número de processos aos quais respondem não têm relação com a mudança para Minas. “Há seis anos quero ser candidato na minha terra, mas por problemas de família, não consegui”, argumenta. Tatico é de Teixeiras, na Zona da Mata, a 215 quilômetros de Belo Horizonte, para onde transferiu o domicílio eleitoral. O deputado deixou o município rumo a Goiás em 1974. “Saí sem nada, puxando uma cachorrinha. Sou um abençoado.”
"Sou um abençoado", conclui Tatico. Será que preciso comentar alguma coisa?

Que Deus abençoe e ilumine a cabeça dos eleitores para que não sejam levados por leviandades e falsos messianismos.

Que o verdadeiro Deus tenha misericórdia dessa gente calhorda que se utiliza da fé alheia para se promover.

Que Deus, não o deus dele, mas o leal e correto e justo, não nos faça cair na tentação de votar num cara desse naipe. Seja ele, seja qualquer outro.

E que assim seja.


(Agradecimentos ao
@renatoriosneto)


Domingo Nove e Meia – Encontro Libertário – NA PRAÇA DA ESTAÇÃO!

(Por Luther Blissett, disponível no Praça Livre)

Uma praça interrompida, faxina urbano-turística para o controle,
precarização da “cultura”, silêncio…

O Domingo Nove e Meia tem ocupado a área de baixo do viaduto Santa Tereza há mais de dois anos, quase todos os primeiros domingos do mês. A notícia de um decreto publicado pela prefeitura se espalhou por muitas partes da cidade e vem sendo tema de debates em vários cantos. O D9Meia não é exceção: indivíduos que quiseram bancar atividades desse primeiro domingo
de fevereiro pensaram que marcar o encontro na Praça da Estação poderia estar em sintonia com o contexto que paira em BH e muitos outros lugares.

Ocupar a cidade… e exigir TUDO!
“Art. 1º – Fica proibida a realização de eventos de qualquer natureza na
Praça da Estação, nesta Capital.”
9h – Okupa e (des)organiza.

Aquele soninho pós-sábado, aquele domingo que pode simplesmente repetir o tom de qualquer domingo, mas não… começam a chegar @s ressacad@s e sonâmbul@s e entusiasmad@s para dar um grau nas coisas (exposições de materiais e trabalhos, compartilhamento de rango etc.)
?h? – Oficina de Confecção de Papagaios (Leve Materiais)
9h30 – Confecção de materiais sobre a Praça da Estação e o decreto do prefeito que a loteou.

Leve lápis, caneta, papéis, tinta… rabisque, rabisque, rabisque.10h – Oficina de restauração de fotografias. Num processo de troca aberto e livre, aprenda você mesmx a restaurar fotografias.
11h30 – CIDADE SITUADA [mesa amorfa] VII – Em cidade sitiada, nossos espaços vão para o espaço!

Troca de idéias sobre o caráter dos projetos de gentrificação urbana, as sociedades de controle, os decretos e as leis, desobediência e subversão, questões sobre o “público” e histórias similares.

MAIS…
Feira Grátis!

Leve algo que não te interessa mais e que pode ser reaproveitado por alguém; pegue o que estiver disponível.
Banquete sem pudores

Levar rango (se der para levar) e colocá-lo na roda.
Exposição de materiais

Leve seu trabalho, exponha-o, passe-o pra frente, troque-o por outro, ou por qualquer outra coisa…
Batuque Livre

Você e qualquer coisa podem fazer barulho e tirar um som!
Banho na fonte

LIGA ESSA MERDA!!!

Outras infos:

Praia da estação: com ou sem decreto.

O fato de o Márcio Lacerda ter decretado que estavam proibidos eventos de qualquer natureza na Praça da Estação não deveria ter nos deixado surpresos como ficamos. A falta de diálogo, o autoritarismo, a imposição não são novidades na sua curta carreira de prefeito. Mesmo a eleição para prefeito foi marcada por essas características.

A tal aliança feita pelos coronéis Aécio Neves e Fernando Pimentel já foi de extrema ousadia. Empurrar para nossas goelas um desconhecido que estava envolvido em escândalos de corrupção não foi algo muito natural. As famosas declarações dadas pelo prefeito de que não iria perder as eleições por falta de dinheiro, que iria quebrar o pescoço de pessoas que espalhavam calúnias sobre ele, que não iria aos debates visto que esses não gerariam votos a favor, que parte dos crimes cometidos no país são gerados por questões genéticas, dentre outras, nos mostraram quem realmente o Lacerda é.

Agora, para amenizar o início de uma crise política, o prefeito tenta, por meio de um decreto, passar a imagem de um governante democrático. Tal decreto prevê que a volta de eventos na Praça da Estação será viabilizada após um laudo feito por uma comissão juntamente com um amplo diálogo com a sociedade civil. Muito bonito, porém, tal comissão não contará com cidadãos, apenas com técnicos do Município. Como será feito esse debate com a sociedade? O decreto não fala.

O que parece é que o prefeito está utilizando de uma artimanha praticada por políticos desonestos: tentar esvaziar a participação popular, se valendo do tempo como aliado. Como ele vai fazer isso? O decreto afirma que o laudo sairá em 90 dias. O que o prefeito quer é ganhar tempo, fazendo com que as manifestações se desaqueçam, que as pessoas se acostumem com o fato de não possuir mais eventos na Praça.

Infelizmente, para o Prefeito, nos vamos continuar lutando. Não vamos aceitar mais essa decisão despótica tomada sem prévia avaliação junto à população. Queremos nossa praça de volta!

Praia da estação: finalmente o Lacerda falou.

E o Lacerda falou...Finalmente!

Conforme o prefeito, discussão intensa está sendo realizada para apontar alternativas e a intenção não é restringir, definitivamente, a realização dos eventos. "A medida tomada no final do ano (de proibir os eventos) foi próvisoria, desde primeiro momento sabíamos que precisavamos rever o uso da Praça da Estação. Vamos encontrar uma solução que permita seu uso, com a manutenção de sua integridade. Não podemos é permitir a depredação a que ela estava submetida", afirmou, emendando que considera importante a manifestação dos jovens, mas que eles devem também se posicionar a respeito de um grave problema na cidade em que muitos deles se envolvem, a pixação.

Muitos deles se envolvem com a pixação?! Essa foi demais! Agora, além de depredadores, somos pixadores. Quando o Márcio Lacerda foi chamado de mensaleiro, ameaçou processar todo mundo, porém, agora acha normal chamar os jovens de pixadores.
 
Acho muito importante o prefeito Márcio Lacerda se pronunciar, já que é dever de um chefe do executivo trabalhar em favor da população. Mas também acho que ele deveria se preocupar com a corrupção e com o mensalão, uma vez que muitos políticos gostam de se envolver com essas coisas.

Fonte: Hoje em dia

Frase da semana


"Enquanto o Serra está mergulhado nas enchentes de São Paulo, a Dilma está nos palanques do Brasil colada no Lula. A candidata do governo está em campanha, cavalgando na popularidade do presidente. E o candidato da oposição encontra dificuldades e não vai para o seu Estado", afirmou o vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).

Não sei se o Serra está mergulhando ou se afogando nas enchentes...