Lula é eleito pela Times o líder mais influente do mundo...

Confabulações de @joseserra_ rumo ao Planalto

Recebi o vídeo abaixo, que supostamente mostraria como está sendo realizada a campanha do presidenciável José Serra.

Acompanhe a saga para se tentar eleger Sr. Burns como Presidente. E lembre-se daquele velho slogan: qualquer semelhança é mera coincidência. Ou não.





Em tempo: este blog não é pró-Dilma, anti-Serra ou qualquer coisa. Tá, anti-Serra pode ser, mas não se configura como palanque de quaisquer outros candidatos. Para que fique bem claro.

Classe Média - Max Gonzaga


Classe Média
Max Gonzaga
Composição: Max Gonzaga

Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio “coletivos”
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual
Mais eu “to nem ai”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no “jardins”
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
Porque eu não “to nem ai”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida

Sexo seguro com o Bento.


O Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido divulgou neste domingo um pedido de desculpas ao papa Bento 16 por um memorando interno no qual funcionários faziam piada sobre a visita do pontífice ao país. No memorando, eles sugeriam que o papa poderia aproveitar a viagem de quatro dias, prevista para setembro, e lançar uma linha de camisinhas, abrir uma clínica antiaborto ou cantar em dueto com a rainha Elizabeth 2ª.

O documento, que teve trechos publicados pelo "Sunday Telegraph", também propunha que o papa poderia abençoar um casamento gay e reconhecer o escândalo de pedofilia na Igreja Católica estabelecendo uma linha telefônica de denúncias para as crianças vítimas dos abusos ou honrar aqueles que denunciaram os abusos. (Folha)

"Sexo seguro com o Bento", "Aprenda a colocar uma camisinha e se proteger - aulas interativas com o Papa", "camisinhas na versão santo graal", "Camisinhas sagradas: aprovadas até pela Maria Madalena"... Seriam slogans interessantes.

Ciro Gomes fora.


Como era de se esperar, o Ciro Gomes não conseguiu, perante o PSB, concretizar a sua candidatura. O partido entendeu que seria mais interessante apoiar a Dilma Roussef. O político seria, juntamente com a Marina Silva, uma possibilidade para o eleitor que não está satisfeito com a polarização criada pelo PT e PSDB.

Ciro, notadamente magoado, atirou pedra contra o presidente Lula:


"Ele está se sentindo o todo-poderoso e acha que vai batizar Dilma presidente da República. Pior: ninguém chega para ele e diz 'Presidente, tenha calma'. No primeiro mandato eu cumpria esse papel de conselheiro, a Dilma, que é uma pessoa valorosa, fazia isso, o Márcio Thomaz Bastos fazia isso. Agora ninguém faz", disse Ciro na entrevista. (FOLHA)

Tal frase foi supostamente dita pelo Ciro Gomes para o Portal IG. Digo supostamente haja vista que o político negou ter dado entrevista para o site:


Folha - Em entrevista ao portal iG, o senhor declarou que José Serra é mais capaz do que Dilma Rousseff. A sua visão é essa, efetivamente?


Ciro - Eu não dei nenhuma entrevista para o portal iG.

A candidata Marina Silva também se manifetou contrariamente à decisão do partido, dando a entender que tal decisão foi imposta pelo PT: "Não é admissível que se queira manipular o direito de escolha por meio da redução forçada do leque de opções"

Também em entrevista à Folha, Ciro afirmou que o candidato tucano está mais bem preparado para assumir a presidência do que a petista. Ele disse que falta experiência à Dilma, que já está dando sinais disso em suas manifestações.


Não acredito que a saída do Ciro tenha sido saudável para a democracia. A impressão que se dá é que o Lula não está acreditando na capacidade da Dilma para ganhar as eleições e está minando as outras possibilidades do eleitor. Tal situação será um prato cheio para o partido cheiroso (PSDB), que vai adorar explorar essa imposição petista. Cabe ao PT arcar agora com essas consequências.

A meiguice de José Serra, em versão 2.0

Vocês todos devem ter visto a capa da Veja desta semana, trazendo o pré-candidato do PSDB, José Serra:



Pois bem. A repercussão dessa capa corre o mundo. Pela internet, não seria diferente.

Em "homenagem" a Serra e em alusão à sua capa na qual ele parece uma bichoooona meiga, usuários da web criaram um Tumblr (espécie de blog feito só com fotos e/ou fotolegendas), o "O Brasil Pode Mais", com fotos de pessoas em pose igual ou semelhante à do presidenciável na capa da revista.

O resultado não poderia ser outro: hilário! Veja algumas poses:






Que lindo, não? Ai, ai...

Confira todo o Tumblr clicando aqui.

Update: o Tumblr foi desativado. Que pena.

Aécio Neves sendo mais uma vez desmascarado.


Vídeo feito pelo mesmo autor do "Gagged in Brazil", mostrando como o Aécio Neves fez para colocar o seu vídeo resposta no topo da busca do Youtube. O Governador (mais provável que sejam os seus funcionários) criou milhares de usuários no site para parecer que o seu vídeo estava sendo muito acessado e que existiam milhares de pessoas que o amavam. O problema é que tais pessoas fictícias vieram do Afeganistão, Índia e que, por "coincidência", tinham o perfil bastante parecido.

"Não seria melhor para a imagem do STF que o seu presidente falasse só nos autos?"


Gilmar Mendes respondendo a perguntas feitas por internautas do Youtube. Muitas das perguntas foram como bombardeio ao presidente, que irá deixar a presidência ainda este ano.

A Rede Globo fazendo propaganda para o Serra?!


O jingle de comemoração dos 45 anos da TV Globo embute, de forma disfarçada, propaganda a favor do candidato tucano à Presidência da República, José Serra (PSDB). Quem afirma é o responsável por coordenar a campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT) na internet, Marcelo Branco. (Portal Vermelho)

O pior é que o coordenador da Dilma tem um pouco de razão. Se a palavra Globo fosse substituida por Serra, daria para fazer uma propaganda digna de inveja para os melhores publicitários do país.

PT Nacional tenta se impor perante o PT mineiro.

"No limite, a direção nacional dos dois partidos irá dizer: vai ser assim e pronto", sustenta o presidente da sigla, José Eduardo Dutra.(FOLHA)

O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel afirmou nesta sexta-feira (16) que o vencedor das prévias mineiras, das quais ele participará, irá entrar nas "negociações" com o PMDB para uma plataforma única para o governo do Estado. Pelo Twitter, ele disse que o PT mineiro, mesmo compondo com o PMDB, reivindicará a cabeça de chapa. 

"O que tem de certo é que queremos mesmo uma chapa só e forte", afirmou. 

Tanto Pimentel quanto Patrus Ananias, ex-ministro do Desenvolvimento Social e seu concorrente nas prévias do PT, tem sido pressionados pelo diretório nacional do partido a ceder a vaga do governo do Estado ao ex-ministro das Comunicações Hélio Costa, pré-candidato pelo PMDB. O PT nacional diz querer palanque único para a pré-candidata da legenda, a ex-ministra Dilma Rousseff.(FOLHA)

O PT nacional parece ainda não entender muito bem os princípios democráticos conquistados e legitimados pela nossa constituição cidadã. Como um partido tem a pretensão de querer impor toda a sua vontade sobre os vários segmentos estaduais? Um país, com dimensões continentais, deve poder aderir a uma política múltipla, algo bastante saudável para a democrácia. Cada Município, cada Estado, tem o direito de poder decidir a melhor composição partidária. Chega a ser absurdo pensar que um diretório de âmbito nacional vai ser o respónsável por decidir questões de cunho local. 

É óbvio que as bases locais devem seguir diretrizes, ideologias partidárias, etc. Contudo, proibir a eleição do Patrus Ananias ou Fernando Pimentel seria algo completamente contrário à lógica. Da mesma forma que o PMDB tem o direito de escolher entre o Hélio Costa e qualquer outro candidato que tenha certo destaque, o PT mineiro deveria poder escolher, no mínimo, o seu candidato a governador.

A Constituição, em seu artigo 27, § 1º, afirma que: 

"§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária."   

Por isso, tendo como base a norma constitucional supra, não acho que a frase infeliz do José Eduardo Dutra deva ser algo corriqueiro em nossa política, independente de qual partido vier.

Farinha do mesmo saco?!


 Charge do Newton Silva para O Charge Online

Mata que pode virar concreto

UPDATE - 15/04, 17h30: A pressão tá dando certo!  O Ver. Leonardo Mattos está convocando uma audiência pública para discutir a situação. Segue o serviço:

EVENTO: AUDIÊNCIA PÚBLICA
Assunto: Alteração urbana da área do Isidoro, localizada na região norte de Belo Horizonte, provocada pelo Projeto de Lei 820/2009
Data: 19/04 (segunda-feira)
Horário: 9 horas
Local: CMBH – Plenário Helvécio Arantes – Av. dos Andradas, n. 3100, bairro Sta Efigênia.




"Respeito. Eficiência. Compromisso Social." Esse é o slogan da atual gestão da Prefeitura de Belo Horizonte. Um tanto contraditório, se você pensar no que a PBH tem feito ultimamente. Desde a Praça da Estação, passando pelo FIT, pegando o bonde na Parada Disney e chegando na Mata do Isidoro. Mais uma carta do baralho. Respeito, oi?

A Prefeitura quer derrubar a última área de preservação ambiental da cidade para construir prédios que irão abrigar 250 mil pessoas - população equivalente à Regional Venda Nova numa área um pouco maior que a Av. do Contorno. Eu disse Regional Venda Nova, não apenas o Centro da região. Imagine o que seria juntar a quantidade de pessoas que moram no Candelária, Mantiqueira, Rio Branco, Santa Mônica, Landi, Serra Verde, Minascaixa, Jardim Leblon, Céu Azul, Céu Anil, Nova Pampulha, Pedra Branca, Jardim Europa, Comerciários, Lagoa, Lagoinha, Letícia, Maria Helena, Nova América, São João Batista e outros bairros em um espaço um pouco maior compreendido dentro da Av. do Contorno?

Só me vem uma palavra na cabeça: demência. Ou compromisso de campanha - não com quem votou, mas com quem bancou a campanha. 

Digamos que um dos motivos para isso seja a "preocupação" da PBH no que tange à invasão da mata. (Ou seria o termo correto ocupação, como é a Dandara e a Camilo Torres?) Ela está em processo de modificação da Lei de Uso e Ocupação do Solo, esperando aprovar o projeto da nova lei até 15 de abril.

Mas você me pergunta se impedir a construção dos prédios lá no Isidoro (que poderá se transformar em uma nova regional) não poderá diminuir o déficit habitacional de BH. A resposta é previsível: NÃO. Das 250 mil vagas, apenas 1.000 serão destinadas a contornar essa situação. Parece mentira, mas é a Prefeitura.

E um detalhe ambiental sério: um estudo da própria PBH revela que a área do Isidoro possui inúmeras Áreas de Proteção Permanente (APP's). Habitar a área coloca em risco tanto as APP's quanto 29 corpos d'água - que, num futuro nao muito distante, poderão estar no nível que hoje é o Arrudas e o Onça.

De acordo com a PBH, serão 72 mil apartamentos ao valor médio de R$ 100 mil, o que dá R$ 50,4 milhões ano de aumento na arrecadação do IPTU (0,7% alíquota).No entanto, para administrar uma regional com a população de 250 mil pessoas, esses recursos não serão suficientes. É só ver o exemplo da Administração Regional Venda Nova, que têm a mesma população e um orçamento de R$ 99,2 milhões. Isso tudo sem mencionar a necessidade de contratar novos guardas municipais, agentes de trânsito, agentes de saúde, médicos, enfermeiros, professores, educadores infantis, garis, lixeiros e muitos outros não incluídos na folha de pagamento da nova regional.

Embora a operação urbana do Isidoro vá gerar R$ 10 bilhões de faturamento para seus empreendedores, a PBH planeja investir R$100 milhões em obras de infra-estrutura da nova regional. Ainda que a lei fale que tal responsabilidade é do setor privado.

 
Essas são informações do blog Salve o Isidoro. Porque se não for a gente, não será a Prefeitura. Repasse as informações adiante, ainda há tempo de dar aqueeeeele cutucãozinho no "prefeito" Márcio Lacerda.


Ajude a evitar este absurdo, envie um e-mail para os vereadores e peça para QUE TODAS AS OPERAÇÕES URBANAS QUE ENVOLVAM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL SEJAM REMOVIDAS DO PL 820/09 e, se necessário, reapresentadas em um diferente projeto de lei para que possamos responsavelmente discutir o que será feito do destino de cada uma destas áreas. O endereço de cada um deles, já pronto para ser copiado e colado no remetente de novos e-mails, abaixo:

adrianoventura@cmbh.mg.gov.br, albertorodrigues@cmbh.mg.gov.br, alexandregomes@cmbh.mg.gov.br, anselmojosedomingos@cmbh.mg.gov.br, arnaldogodoy@cmbh.mg.gov.br, autairgomes@cmbh.mg.gov.br, brunomiranda@cmbh.mg.gov.br, cabojulio@cmbh.mg.gov.br, pastorcarlos@cmbh.mg.gov.br, chambarelle@cmbh.mg.gov.br, divinopereira@cmbh.mg.gov.br, edinhodoacougue@cmbh.mg.gov.br, elainematozinhos@cmbh.mg.gov.br, eliasmurad@cmbh.mg.gov.br, fredcosta@cmbh.mg.gov.br, geraornelas@cmbh.mg.gov.br, geraldofelix@cmbh.mg.gov.br, gunda@cmbh.mg.gov.br, henriquebraga@cmbh.mg.gov.br, hugothome@cmbh.mg.gov.br, iranbarbosa@cmbh.mg.gov.br, joaolocadora@cmbh.mg.gov.br, joaooscar@cmbh.mg.gov.br, joaovitorxavier@cmbh.mg.gov.br, leoburguesdecastro@cmbh.mg.gov.br, leonardomattos@cmbh.mg.gov.br, luistibe@cmbh.mg.gov.br, luziaferreira@cmbh.mg.gov.br, marialscarpelli@cmbh.mg.gov.br, moamedrachid@cmbh.mg.gov.br, neusinhasantos@cmbh.mg.gov.br, pablito@cmbh.mg.gov.br, paulinhomotorista@cmbh.mg.gov.br, paulolamac@cmbh.mg.gov.br, preto@cmbh.mg.gov.br, pretosacolao@cmbh.mg.gov.br, pricilateixeira@cmbh.mg.gov.br, ronaldogontijo@uai.com.br, sergiofernando@cmbh.mg.gov.br, silvinhorezende@cmbh.mg.gov.br, wellingtonmagalhaes@cmbh.mg.gov.br

Queda do Tucano...

Pesquisa Sensus encomendada pelo Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Pesada de São Paulo) a ser divulgada hoje aponta empate técnico na corrida presidencial entre o tucano José Serra (32,7%) e a petista Dilma Rousseff (32,4%). É o resultado mais apertado já obtido.

De acordo com a sondagem, Ciro Gomes (PSB) teria 10,1%, e Marina Silva (PV), 8,1%. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

Segundo dados apresentados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sob o registro de número 7594/2010, o levantamento foi feito entre os dias 5 e 9 de abril em 24 Estados, com 2.000 entrevistas. 

Fonte: Folha


Mais uma pesquisa aponta a aproximação da Dilma em relação ao Serra. Parece que a tendência é que a petista ultrapasse o tucano...

Há quem diga que a falta de carisma da candidata possa atrapalhá-la. Não acredito nisso. Não vejo o carisma como algo fundamental nessas eleições (reparem bem no sorrisinho do Serra).

Apesar da tendência nas pesquisas de urna, nada está decidido. O resultado, normalmente, começa a se mostrar a poucas semanas das eleições. Nos resta aguardar.

Aleluia, irmão!!!

Para alegrar o dia de vocês, um vídeo de um bispo da Igreja Universal ensinando para os seus discípulos como se deve fazer para obter dízimos dos fiéis mesmo num momento de crise econômica(vídeo verdadeiro). Não é recomendável para cardíacos. Aproveitem!


Corrida presidencial



Você também não ouve um My Endless Love ao fundo?

As loiras do Aécio deve estar com uma invejinha branca do José Serra nesse momento. E dona Marisa que se cuide...

Como ironizar um policial quando todos os carros à sua frente são liberados da blitz e o seu é barrado porque você é negro

Havia eu me encontrado com alguns amigos na região do Ouro Preto, Pampulha. Era meia noite quando decidimos ir embora. 

Eu estava de carona (assim como um casal de amigos meus, que iam no banco de trás), quando passamos pela Av. Antônio Carlos. Era dia de Axé, e uma blitz era realizada na avenida, em frente à Brasvel, sentido Centro. 

Percebemos o afunilamento do trânsito e deduzimos: era uma operação policial. Ao se aproximar da blitz, exclamei a todos do carro, em tom de "Todo Mundo Odeia o Chris": 

- Quer ver que só porque sou preto eles vão parar o carro?

Havia três carros à nossa frente. Os três liberados, o nosso parado. Caixa! A profecia se cumpria. Detalhe para a mão do policial no coldre da arma. Um outro acompanhava, com uma... escopeta. Não sei se era realmente, mas com certeza o calibre era grosso. Ui!

Indignado, nervoso (eu sempre fico nervoso em blitz, vai saber o porquê), mas ao mesmo tempo achando graça da palhaçada, fomos abordados. E nos foi solicitado que saíssemos do carro. Era uma dupla de PMs que realizava a operação.

Fazia frio, ventava, mas resolvi brincar com a situação: ficando nu da cintura para cima (mesmo sem ainda ter sido solicitado), tirei a blusa e coloquei no teto do carro. Desabotoei a minha camisa e a joguei ao lado da blusa. Por pouco, mas por muito pouco, não desabotoei o cinto - mas fiz menção: encarando o gambé, indaguei: "precisa que eu tire as calças?" "Não", ele respondeu, "mas levanta a barra da calça, por favor". Por favor. Sei.

Sem encostar as mãos (diferente das outras batidas que tomei, sempre de madrugada e desejoso de retornar para casa, correndo atrás de ônibus ou o esperando no ponto), solicitou o guarda que me recompusesse. Daí, conversando com meu outro amigo (o que não dirigia, pois este estava mostrando o carro ao outro guarda), comecei a contar - em alto e bom tom - das outras situações nas quais havia eu tomado geral. E de uma em particular, que não se concretizou como geral:

- Sabe, teve um dia que eu passei de carro com dois amigos, todos os dois pretos. Passamos perto de uma blitz e não fomos parados nem nada. Sabe, eu até estranhei: "uai, três pretos num carro e policial não parou a gente? Tem alguma coisa errada..."

Sem graça de terem ouvido isso, os políciais nos liberaram rapidinho.

Essa é a nossa PM. Ela é assim aqui em Belo Horizonte, em Minas Gerais e no País. É um movimento recíproco: se ela julga os livros pela capa, estereotipando os cidadãos em categorias, assim fazemos, num movimento de vai-e-volta. Ou vai me dizer que você se sente mais seguro por existir mais policiais nas ruas?

"Eles estão fazendo o serviço deles", diria você. Sim, um serviço esse deveras relevante, de apontar o dedo a um tipo típico como "portador" de uma identidade negativa. O problema não está no trabalho deles, mas como se utilizam dele para reforçar um status quo - que, se não for contestado, assim ficará ad eternum

Maravilha de imprensa...


O que seria de nós sem essa imprensa?! Enquanto a Folha trata do lançamento da pré-candidatura do Serra como um grande evento, um mega show de rock ou uma final de Copa do Mundo, o Portal Vermelho sequer menciona tal acontecimento em sua capa...

Clique na foto para ampliar.

Frase da semana


"Espero que a gente aqui em Minas Gerais tenha a melhor relação possível. A gente não escolhe a forma pela qual o povo monta as alianças. É possível que ocorra. Como houve o 'Lulécio', [é possível existir] a 'Dilmasia'. Eu acho até melhor a inversão, né? 'Dilmasia' é meio esquisito. Anastadilma, qualquer coisa assim"

E o pateta, passa quando?

ou quando as políticas públicas para a cultura pedem socorro em Belo Horizonte


(Texto de Débora Vieira, publicado no blog Trezentos e replicado neste blog.)

Quero tratar aqui de alguns acontecimentos que têm ilustrado a desastrada gestão de Márcio Lacerda à frente da Prefeitura de Belo Horizonte.

Pra começo de conversa, não custa relembrar um pouco sobre o contexto em que Lacerda se elegeu prefeito de Belo Horizonte, nas eleições de 2008. O candidato do PSB, informal (e escandalosamente) apoiado pelo governador Aécio Neves (PSDB) e pelo prefeito Fernando Pimentel (PT), chegava ao segundo turno tecnicamente empatado com o candidato Leonardo Quintão (PMDB).

Após ter inclusive cogitado a vitória no primeiro turno, Márcio Lacerda se viu, na reta final do primeiro turno, ameaçado pela ascensão meteórica do concorrente Quintão que, além de ter caído no gosto popular, também representou, de alguma forma, uma válvula de escape eleitoral àqueles que não engoliam a aliança infame entre PT e PSDB na capital mineira.

De um lado, o candidato Márcio Lacerda, com uma imagem insossa, um programa de governo (oi, ele apresentou um programa?) inconsistente e um discurso de campanha que conseguia juntar esses dois predicativos. Em suas costas, uma máquina eleitoreira desmedida, que a cada dia se revelava inesgotável na busca pela vitória.

Do outro lado, o meteórico Leonardo Quintão. Filho de  Sebastião Quintão (ex-coronel prefeito da cidade de Ipatinga, onde foi recentemente cassado após assumir um mandato para cujas eleições ele não venceu), o “bom moço” conseguiu subir rapidamente nas pesquisas eleitorais graças a um discurso populista e dramalhão que se dirigia pontualmente às massas. Carismático e fotogênico como poucos, Quintão chegou inclusive a forjar um sotaque “caipira” pra tentar se fazer mais próximo do povo. Por trás dele, como não poderia deixar de ser, outra fonte inesgotável de recur$os que pudessem viabilizar a outrora desacreditada vitória.

O segundo turno das eleições para prefeito em BH foi, mais que um vexame, uma verdadeira afronta ao eleitor belorizontino. Não se debateram propostas, mas pessoalidades das mais banais. Estratégias as mais mesquinhas foram utilizadas: houve acusações de ameaças, houve atores globais intervindo nas campanhas … Quem passasse pelas ruas do centro de Belo Horizonte durante as madrugadas que precederam o pleito, um pobre-coitado afixava cartazes com acusações “anônimas” a um candidato, enquanto, metros adiante, um outro pobre-coitado colava, por cima, outras acusações também “anônimas a respeito do outro candidato.

Enquanto isso, a população, embasbacada diante de tanta baixaria, tentava decidir no boca a boca (ou no e-mail a e-mail) qual candidato seria o “menos-pior”.

Talvez tenha sido mesmo o humorista Tom Cavalcanti quem decidiu o rumo das eleições pra prefeito em BH. Cômico, trágico. Patético. A cartada final veio de uma intervenção à altura do Zorra Total, e venceu Márcio Lacerda.

Pouco mais de um ano depois da posse do Exmo Vencedor das Eleições, façamos, pois, um pequeno balanço da gestão. A meu ver, a administração do prefeito Márcio Lacerda  tem se mostrado desastrosa em diversos quesitos: saúde, moradia, educação, transporte público, cultura… As diversas greves e ameaças de greve dos trabalhadores destes setores só confirmam a insatisfação generalizada para com a gestão.

Meus dois centavos pra discussão vão tratar deste último item – a cultura, a fim de corroborar o que já não é novidade para a população: há mais de um ano, diversos projetos de ampla abrangência no cenário cultural de Belo Horizonte estão estacionados, ou, pior, na marcha ré. 

Destaquemos que BH  não possui uma Secretaria de Cultura, já que a que existia foi, a partir de 2004, substituída por uma Fundação Municipal de Cultura (FMC). A alteração, que prometia maior agilidade e eficácia na execução de políticas públicas para a cultura, se mostrou, ao fim e ao cabo, contraproducente, já que vem atuando sem a menor transparência e competência administrativa na condução dos projetos culturais da cidade.

A propósito, quando da criação da FMC, os funcionários que até então integravam o quadro da Secretaria  foram contratados pela FMC. Entretanto, o artigo 139 da Lei 9011/05, 01/01/05 de Belo Horizonte prevê que a Fundação deve ter um quadro próprio de funcionários. Aliado a isso, a expansão das atividades e a necessidade de uma maior especialização de gestores culturais demandou a abertura de um concurso, que foi realizado em 2008. Foram aprovados 262 profissionais, sendo que, até a presente data, apenas 85 foram nomeados, fato que representa um indício da falta de interesse do prefeito Márcio Lacerda (intermediado pela diretora da FMC, Thaís Pimentel) em resolver a pendência e oferecer à FMC melhores condições de funcionamento.

Bem, quanto à inoperância de que pretendemos tratar, a cartilha é longa.


Praça da Estação 

A única praça da cidade com estrutura e planejamento para realização de eventos de grande porte encontra-se sitiada.

Começo falando um pouco sobre uma atitude que sintetiza o que de patético e autoritário existe no trato que a gestão Márcio Lacerda dispensa à cidade e aos cidadãos.

No dia 09/12/2009, o prefeito publicou um decreto proibindo (!) a realização de eventos de quaisquer natureza (!) na Praça da Estação, sob a alegação de que o patrimônio público estaria sendo depredado. Hábil solução! Se o espaço está sendo destruído, a solução é simples: sitiemos o espaço, proibamos a população de usufruir dele!

Dentre as inúmeras incoerências presentes no decreto, destaquemos que a praça foi planejada justamente para a realização de eventos de grande porte, já que nela não existem muitos elementos (árvores, monumentos, pilastras…) que obstruam a montagem de estruturas como palcos e arenas, além de favorecer a concentração de muita gente. Em contrapartida, a Praça da Liberdade, localizada numa região nobre de Belo Horizonte, é adornada com inúmeros jardins, árvores, fontes… ou seja, é potencialmente mais “sujeita à depredação” e, no entanto, apesar da falta de estrutura para sediar eventos de grande ou médio porte, não há nada que impeça a realização de eventos por lá.

A medida repercutiu em uma série de protestos que, felizmente, saíram das correntes de e-mail e decidiram ocupar a praça. Desde janeiro deste ano, a Praça da Estação tem sido sede de um dos movimentos de ocupação urbana  mais interessantes de que se tem notícia em Belo Horizonte, conhecido como “Praia da Estação”. A população ocupou espontaneamente a praça, levando trajes de banho, bóias, intervenções, bolas, cangas, manifestos, música e farofa… no intuito de ocupar a praça, de resistir ao decreto, de exigir do prefeito mais diálogo e maior transparência na condução da administração da cidade.


Este blog, coletivo, com postagens assinadas e também anônimas, tem realizado/registrado as ações de ocupação desde o princípio, por meio de imagens, manifestos, opiniões… Trata-se de uma iniciativa de reivindicação e manifesto que tem, aos poucos, se performado em um movimento de apropriação, de afirmação da cidadania. O movimento “Praia da Estação” não possui liderança nem liderados, e desafia com a criatividade um autoritarismo que se impõe por meio de um decreto, de tropas de policiais, por viaturas e pela caricatura do medo. Na primeira praia, por exemplo, as fontes que jorram água (e que, por isso, motivaram o evento “praia”, já que permitiria que as pessoas se molhassem) foram desligadas, pois estariam em manutenção. Os praieiros fizeram uma vaquinha e contrataram, então, um caminhão pipa, levando assim o mar ao sertão.

A “manutenção” das fontes aconteceu inúmeras outras vezes, bem como a presença massiva de policiais na praça aos sábados. A propósito, no dia 24 de março, foi realizada uma audiência pública (que contou com grande representatividade popular, motivada pelo evento “Praia”) na Câmara Municipal de Belo Horizonte, a fim de se discutir, dentre outros temas, o decreto e o destino da Praça da Estação.

Por enquanto, a praça segue sitiada. E a praia segue, em sua resistência alimentada a funk e farofa.


Arena da Cultura

Projeto interrompido após 10 anos de exitosa atividade

As atividades do Arena da Cultura, um dos projetos de maior abrangência sociocultural do país, foram interrompidas – justamente após completar 10 anos de existência. O projeto conseguia, em alguma medida, descentralizar os núcleos de produção, ensino, reflexão e difusão artísticas na cidade, por meio das inúmeras atividades (ciclos de formação, oficinas, worshops, debates…) nos campos das artes plásticas, dança, música e teatro. Sob o escuso pretexto da necessidade de “mudanças no modelo de gestão”, a FMC interrompeu as atividades durante 2009 e, somente agora, em março, anunciou o retorno do projeto para o segundo semestre de 2010, o que significa que, na mais otimista das hipóteses, ele terá sido interrompido por “apenas” 1 ano e meio (em uma gestão de 4 anos) – o que significa abandonar a formação sócio-artística de aproximadamente 1000 cidadãos de diversas regiões de Belo Horizonte. Consideramos saudável e necessária a constante avaliação e reelaboração das diretrizes de projetos como o Arena da Cultura. Entretanto, há que se questionar se a interrupção das atividades (e por tanto tempo) é de fato a alternativa mais viável, já que penaliza diretamente a comunidade.

Outro projeto também suspenso sem aviso prévio foi o BH Cidadania, que, de maneira indireta, também viabilizava diversos projetos de caráter cultural.


Experiência e empreendedorismo dá lugar à Politicagem

A opção por se privilegiar conchavos partidários em detrimento da eficiência administrativa também deixou suas marcas em 2009.

Citemos, por exemplo, a demissão de Priscila Freire, que dirigiu o MAP (Museu de Arte da Pampulha) durante 15 anos, nos quais esteve à frente de diversos projetos de fomento a exposições e também encabeçou o projeto de construção de um anexo para o Museu.

Sem uma explicação plausível, Priscila foi substituída pelo ex-prefeito de Barbacena, Martim Francisco Borges de Andrada (PSDB), que, quando da época de sua indicação para o cargo, sequer conhecia as atribuições que lhe caberiam a partir de então. Como previsto, sua atuação só não foi mais desastrosa porque tem passado em brancas nuvens, levando o Museu à ociosidade, por meio de uma redução drástica no número de exposições realizadas em 2009 no Museu.


O destino dos Teatros Municipais de Belo Horizonte

A mudança de diretoria dos Teatros da Fundação Municipal de Cultura não prometia tantos prejuízos às artes cênicas, já que quem assumiu o cargo foi alguém com ampla trajetória no ramo artístico de Belo Horizonte, Carlos Rocha. O que se viu até agora, entretanto, foi a interrupção de iniciativas louváveis do diretor anterior, Luis Carlos Garrocho, como por exemplo os programas Arte Expandida e Ressonâncias. O primeiro constituiu-se como uma iniciativa inovadora (e também bastante promissora) no campo da experimentação de linguagens cênicas. Por meio dos projetos Improvisõesimprovisação intermídia, Momentum – a composição no instante e Laboratório: Textualidades Cênicas contemporâneas, o programa Arte Expandida abriu espaço para o trabalho de diversos artistas/grupos da cidade de Belo Horizonte, além de oferecer ao público a oportunidade do diálogo constante com tais tendências de criação artística. Já no Ressonâncias teve vez a experimentação musical, por meio dos projetos Quarta Sônica – rock independente e Hip-Hop in Concert.

Além disso, a Mostra de Artes Cênicas para Crianças, evento que já integrava o calendário de realizações artísticas de BH e que teve continuidade na gestão de Garrocho, deixou de acontecer em 2009. Enfim, todos os projetos foram interrompidos, e sem qualquer consulta à população ou, pelo menos, uma explicação.
E o teatro Francisco Nunes, a propósito, está com as portas fechadas desde abril do ano passado. Segundo essa matéria do jornal O Tempo, a prefeitura já teria disponibilizado a verba para a reforma do telhado. Entretanto, em coletiva à imprensa realizada quando da divulgação dos resultados do edital da Lei de Incentivo à Cultura/2009, Thais Pimentel falou sobre a necessidade de patrocínio para a reforma do teatro, que completa 60 anos em 2010.

Resumo da não-ópera: projetos interrompidos sem consulta ou explicação à comunidade e Francisco Nunes fechado, sem previsão de reabertura.


Recuo e falta de transparência no repasse de verbas para a Lei Municipal de Incentivo a Cultura

Ainda no quesito da disponibilidade de verbas para a viabilização de projetos culturais, outra polêmica confirma a falta de transparência que caracteriza a atual gestão da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte: A princípio, um orçamento no valor de R$11 milhões havia sido anunciado pela prefeitura para a Lei Municipal de Incentivo à Cultura para o ano de 2010.

Poucos dias depois, a boa notícia caiu por terra, divulgou-se que o valor seria mantido com relação ao do ano passado.

Como se não bastasse, a proposta inicial de que o Fundo Municipal (quando a verba é repassada da prefeitura diretamente para o executor do projeto cultural, o que garante o financiamento de projetos que não possuam, necessariamente, caráter comercial) deveria receber 60% do total dos recursos não foi cumprida: recebeu 4 dos 7,5 milhões destinados à execução da LMIC, o que representa pouco mais de 53% do orçamento.


O quiprocó do FIT – Festival Internacional de Teatro

A propósito, foi justamente na ocasião da divulgação dos projetos aprovados pela LMIC que a Fundação comunicou,  por meio da presidente Thaís Pimentel, o inesperado (?) adiamento do FIT (Festival Internacional de Teatro), um dos mais importantes eventos das Artes Cênicas do estado e também do país. O anúncio do adiamento foi a gota dágua que faltava para deflagrar a falta de perícia da prefeitura de Belo Horizonte na administração dos projetos culturais belorizontinos. Desde o anúncio do cancelamento da edição 2010 do Festival até a divulgação de que o evento aconteceria, o que se viu foi uma série de desastres administrativos.

No dia 18/03, a decisão pelo adiamento foi comunicada à população, que, em momento algum, foi convidada a tratar do assunto, fato que reitera uma postura administrativa autoritária, que parte do princípio de que decisões dessa ordem podem ser tomadas verticalmente, de cima para baixo, e não a partir de debates que contemplem os interesses de toda a comunidade. Sob o “inadvertido” pretexto de que o FIT coincidiria com a Copa do Mundo e com as eleições, e, pior, sob a infame justificativa de que a curadoria não havia conseguido encontrar espetáculos com qualidade suficiente para compor a grade do Festival, o comunicado estarreceu e mobilizou a classe artística da cidade.

Vale lembrar que desde o começo do ano, 45 grupos têm se planejado para pleitear uma vaga no festival, planejamento este que implica o investimento de tempo, de dinheiro, além do cancelamento de outros compromissos, etc.

No dia 20 de março, uma manifestação realizada em frente à Fundação culminou na realização de uma reunião com Thaís Pimentel, Carlos Rocha e representantes da classe artística, ocasião em que a falta de transparência na administração dos recursos públicos foi deflagrada: em meio ás tentativas de se explicar os argumentos apresentados inicialmente, veio à tona a informação de que o atraso no repasse da verba destinada à pré-produção do evento provocou um atraso de sete meses no início dos trabalhos. Ou seja, para omitir a ineficiência da prefeitura na viabilização do FIT, a Fundação recorreu a argumentos insustentáveis já que a coincidência com a Copa e com as eleições já era prevista e, por que não dizer, ofensivos, já que não se esquivou de imputar aos artistas uma suposta “crise criativa”.


No dia 27 de março – dia internacional do teatro – artistas se uniram ao movimento da “Praia da Estação”, anteriormente citado, para mais uma manifestação. Aproximadamente 200 pessoas se reuniram na Praça da Estação, de onde se dirigiram em passeata para a sede da prefeitura, na Avenida Afonso Pena. Lá, também sob o espírito da ocupação do espaço urbano, os manifestantes dançaram, cantaram, deitaram no chão, leram manifestos, convidaram os policiais para também se despirem e entrarem na festa, a ocuparem a rua. Mais uma vez o caminhão pipa foi chamado, e desta vez serviu não apenas para molhar os banhistas da praia, mas também para lavar a prefeitura e a bandeira do Brasil: Ei, Cultura, lave a Prefeitura!


Já no dia 30/03, os curadores Richard Santana e Eid Ribeiro comunicavam, em carta aberta, seu afastamento da curadoria do evento, sob a alegação de que as dificuldades em lidar com as mudanças administrativas dentro da FMC haviam, este ano, alcançado um limite extremo. Eid Ribeiro também reiterou que, diferentemente do que fora divulgado por Thaís Pimentel, os problemas na realização do FIT estavam, sim, relacionados à questões orçamentárias que dificultavam o repasse de verbas e culminaram, por exemplo, no atraso dos salários durante os seis primeiros meses da gestão de Márcio Lacerda e os últimos cinco meses, desde novembro. Nesta mesma data, a FMC comunicou á imprensa seu recuo na decisão do adiamento do FIT.

Atribuindo o recuo à tentativa de aplacar a reação negativa da população que, segundo ela, teria “mal interpretado” a notícia do adiamento, a presidente garantiu que o evento seria realizado, mas não soube falar sob quais condições isso aconteceria, já que, conforme reiterado pelos responsáveis pelo FIT, os trabalhos de pré-produção já estaria seriamente comprometidos. A insegurança por parte de quem tem acompanhado de perto as negociações é grande, já que, repito, falta transparência. Esta reportagem do jornal O Tempo revela o quanto não apenas a edição 2010, mas também a continuidade do evento, está comprometida devido ao “disse me disse” que impera pelos corredores da FMC.

Não há dúvidas de que, mais do que sensibilidade para tratar das questões culturais da cidade de Belo Horizonte, falta ao prefeito Márcio Lacerda e seus delegados uma visão mais democrática do exercício da função que lhes cabe durante esses 4 anos em que lhes foi concedido o dever de trabalhar para este povo que os elegeu.

Cabe dizer, no entanto, que nem tudo está perdido.

Ainda resta, a quem quer contemplar o que resta da cultura em BH, prostar-se feito pateta à janela para ver o Mickey passar.

Atualização em 06/04: Conforme bem lembrado por Rita Garella aqui, “os projetos se acabam e as suas respectivas propagandas permanecem no site da prefeitura, como se os mesmos estivessem sendo plenamente executados”. É “gente iludindo gente”.