Sexta Feira, 7:40. Aula de Direito das Obrigações.

O Mundo está acabando e eu na aula de Direito das Obrigações fazendo um esforço tremendo para entender o significado da palavra plúrima. Enquanto milhares de pessoas morrem de AIDS na África, outras praticam trabalho escravo na China ou no Brasil, e muitas são discriminadas nos EUA, estou tentando entender o significado da palavra plúrima.

Plúrina?! Qual o valor dessa palavra? Qual é o sentido de entender o Direito das Obrigações, já que o Direito só atende a uma classe socialmente privilegiada, que, mesmo sem perceber (ou percebendo), esmaga as classes mais pobres, explora de quem nada tem para satisfazer seus caprichos, seus desejos incessantes por consumir. Conseguem, por meio da alienação do trabalho, alimentar uma sociedade individualista, com pessoas egoístas, capazes de fazer o mal com o intuito apenas de alimentar o próprio ego.

Para que perder tanto tempo estudando o Direito, já que o Direito à diferença só existe nos livros? Negros são diariamente discriminados por nossos olhos sedentos por afirmação, por violência. As mulheres são tratadas como objetos, da mesma forma em que se dão as relações entre pessoas em nossa sociedade descartável. Os Judeus, os mesmo que foram massacrados em campos de concentração nazistas, agora humilham Palestinos em suas próprias casas, ignorando a humanidade desse povo sofrido.

Possuímos uma Constituição que se diz democrática, que preza por Direitos Fundamentais. Contudo, dentro desses Direitos possui o de Propriedade, que é um dos responsáveis pelas grandes desigualdades em nosso país. Temos uma Constituição que é dita como do povo, mas que, tampouco, pode ser modificada ou substituída por esse mesmo povo.

Devemos esperar por mudanças? O que a sociedade melhor nos impõe é a espera. A espera pelo vestibular, pelo primeiro emprego, pelo primeiro salário digno, pelo casamento, pelo primeiro filho, pela aposentadoria, pela morte. Será que vale a pena? Estamos no mundo apenas para satisfazer nossos desejos egoístas? Ainda não descobri a resposta. A única certeza que tenho é que a aula acabou e ainda não descobri o significado da palavra plúrima.