Se vocês, estimados leitores, estão preocupados com a situação da Venezuela - de uma poda explícita às críticas do governo Chávez -, dá um minutão e olha esse post aqui.

Seu nome é Aécio Neves. Sua função é Governador do Estado (ou Capitania, depende...) de Minas Gerais. Sua principal qualidade: conseguir uma bela, boa e límpida imagem de si mesmo, desde que ascendeu ao governo, em 2003. E, de certa forma, é uma pessoa competente. Seu principal defeito: calar a boca da imprensa mineira para conseguir essa imagem de bom-moço.

O que há de semelhante entre Hugo Chávez e Aécio Neves? Uma coisa: o desejo de esconderem as críticas que lhes assombram a aura.


Para o lado de Chávez, a bomba vem estourando há mais tempo. Isso não são indícios de má governança, mas de um desejo puro e simples: calar os críticos. E, como é o Chávez, notícias acerca disso espalham-se feito rastro de pólvora. Vejam essa manchete:

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou ontem o fechamento da Rádio Caracas Televisão (RCTV) e de outros canais a cabo na Venezuela. O presidente da organização, Alejandro Aguirre, questionou a "intolerância" do governo de Hugo Chávez com a liberdade de imprensa no país. "A SIP continuará criticando e condenando as ações de um governo que há muitos anos está se apoiando em leis intolerantes para atacar a liberdade de imprensa e fechar meios de comunicação independentes", disse. Os Estados Unidos também manifestaram preocupação com o fechamento dos canais. (Fonte: Estadão)

Sim, o Chávez fechou mais tevês pela Venezuela. Uma atitude abominável, diria eu. Até porque as críticas servem para o crescimento pessoal e profissional, certo? Bom, não é isso que vejo que o Chávez vê. Pode até ser que o fechamento teve motivos aparentemente razoáveis: a ocorrência da injúria, da calúnia e da difamação ao presidente venezuelano nos canais supracitados.

Isso justificaria o fechamento cru de uma emissora? No Brasil não, até porque no nosso país a gente sempre dá um... "jeitinho". E aqui, pelas montanhas mineiras, o que mais se tem é jeito. Para tudo, para todos.

Aqui, Aécio é ídolo. É rei. É lindo. É gato. É pop. É tudo, menos condenscendente com críticas.



Lembram-se que o Mineirão há alguns anos sediou um Brasil e Argentina? Jorge Kajuru, na época, trabalhava para a TV Bandeirantes e veio cobrir o "evento". Pois bem: após fazer uma severa (porém deveras verdadeira) crítica ao governador Aécio Neves, em 2 de junho de 2004, ao vivo, o cabra foi sumariamente retirado do ar. (Se não se lembra, clique aqui e leia. É bom que você fique sabendo disso.) Em seguida, foi demitido. Sumariamente, sem quaisquer direitos de resposta.

Em seguida, outro episódio:

Em setembro de 2003, o editor de economia do Estado de Minas, Ugo Braga – também profissional com longa trajetória no jornalismo – publicou uma minúscula nota que informava que a popularidade de Aécio, naquele momento, era a terceira pior entre os governadores do país e só ganhava dos de Sergipe e de Roraima. Também depois de pressão do governo do estado, foi chamado por seu superior e convidado a aceitar ser realocado. Aceitou, mas logo depois foi convocado a uma segunda reunião e informado que nem mesmo a solução da realocação era mais possível, pois “a pressão era muito forte.” Ugo Braga foi demitido do Estado de Minas ali mesmo.

(...)

Em todos esses casos, as vítimas testemunharam que seus veículos de comunicação sofreram intensa pressão do governo do estado, especialmente na pessoa da capanga-mor Andréia Neves [irmã de Aécio]. Também testemunharam que depois de suas demissões ninguém em Minas Gerais aceitava dar-lhes emprego, nem mesmo, como disse um deles, de “jornalista de sindicato do interior.” (Fonte)

Não posso me esquecer do caso do professor Massote. Toda a vida, desde quando o neto do Tancredo era deputado, Massote o criticava. Fernando Massote foi demitido por escrever um artigo no Estrago Estado de Minas por dizer coisas que desagradavam o já governador, sabe? Não pode falar mal, tem sempre que apoiar quem tá no turno. E isso, o Estrago Estado de Minas sabe fazer bem. Vejam o caso, clicando aqui.





E aí, o que é pior? Fechar uma TV por criticar o seu governo ou aplicar um cala-a-boca subvencionado pelas excessivas propagandas do governo? Sério que um tá mais certo que o outro?

Bom, pelo menos ficamos sabendo das mazelas do Chávez.

Dá um minutão e pensa aí.