É. Parece que o Pimentécio (coligação do Aécio com o Pimentel) está dando mais gás à dicussão. Mais gás que o debate insosso de quinta. Vi algumas cenas e - qual decepção! - nem perguntaram como é que o nome do Márcio Lacerda foi parar na lista negra do Mensalão. Ah, manganão, você não sabia disso? Por que será, hein...

Bom, leiam o texto de Pedro Wenceslau, jornalista, editor-executivo da Revista Imprensa e apresentador do programa "Imprensa na TV", na ALL TV:


(...) Ao digitar o nome de Márcio Lacerda, uma surpresa: quase todas as primeiras vinte referências que surgem no site de busca remetem a um episódio que passou batido pela apuração dos cronistas mineiros. O nome do secretário de Aécio aparece em várias reportagens com o chapéu: "Escândalo do mensalão". Vamos refrescar a memória. Quando o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza leu para os parlamentares, durante a CPI, duas listas de pagamentos feitas por suas empresas, foram "revelados" os nomes das pessoas que sacaram recursos das suas contas em 2003 e 2004. Entre eles está Márcio Lacerda, então secretário-executivo do ministro Ciro Gomes, da Integração Nacional, que teria sacado R$ 457 mil.

Na ocasião, Ciro saiu em defesa de seu secretário e disse que houve um equívoco. Mas não teve jeito. Lacerda acabou tendo que deixar o cargo. Em nota lacônica, a assessoria do ministro informou: "Para assegurar a normalidade da missão institucional do Ministério da Integração Nacional e compreendendo que estaria em marcha uma tentativa de envolver esta pasta e seu titular no ambiente de escândalo por que passa o país, o sr. Márcio Lacerda solicitou seu afastamento do cargo."

Pode ser que Márcio Lacerda tenha sido vítima de mais um linchamento da mídia. Mas também pode ser que não. A novela do "mensalão", como sabemos, está em curso e ainda vai demorar para terminar. O que causa estranheza é que uma passagem relevante como essa não tenha sido sequer citada em nenhum jornal ou site mineiro. Amnésia? Preguiça? Duvido. Bastava acessar o Google antes de escrever.

Tá pensando que acabou? Não, tem mais. Este vem daqui:


Filiado a um partido socialista, Márcio Lacerda (...) tem em Ciro Gomes um exemplo a ser seguido¹. "Li uma entrevista do Ciro Gomes em 1997 e me encantei. A análise da economia que ele fazia coincidia com tudo o que eu pensava", diz ele. Lacerda quis conhecer Ciro, de quem acabou virando amigo e conselheiro. Em 2001, Ciro pediu que Lacerda participasse de sua campanha presidencial, como integrante do comitê financeiro do PPS. Derrotado no primeiro turno no ano seguinte, Ciro apoiou Lula no segundo turno contra José Serra. Em troca, o PT assumiu algumas dívidas de campanha do PPS, entre elas uma com a agência de publicidade New Trade. Ciro assumiu o Ministério da Integração Nacional do governo e indicou Lacerda como seu secretário-executivo.

No escândalo do mensalão, o nome de Lacerda apareceu como um dos beneficiários do esquema de pagamentos clandestinos montado pelo PT. Em sua defesa, ele justificou que, como representante do comitê financeiro de Ciro, procurou Delúbio Soares, o tesoureiro petista, para resolver o problema da dívida com a agência de publicidade, ocasião em que foi orientado a buscar o dinheiro com o empresário Marcos Valério, o cofre do mensalão. "Não sabia que era dinheiro de caixa dois", explica Lacerda², ressaltando que nem sequer foi denunciado pelo Ministério Público. A experiência transgênica [de se unir PT e PSDB e criar um personagem político híbrido], ao que tudo indica, ainda carece de algum aperfeiçoamento, pois a ingenuidade está longe de ser característica genética dominante na selva da política.

¹ Exemplo a ser seguido. De promiscuidade política?
² O Lacerda não sabia do que estava se tratando...
(Não entendeu a piada? Clique aqui.)

Bom, já que em Minas nada disso tem valor de notícia, deixemos para os Homens de Preto.