Diga-me com quem tu andas...
...e eu te direi quem és, afirma o velho, conhecido e sábio ditado popular. Em tempos de eleições, ele se aplica bem ao que eu vou falar abaixo.
A foto acima é de 2006 e flagra um trio da pesada fazendo campanha: Leonardo Quintão, o favorito para assumir a prefeitura de Belo Horizonte no dia 1º de janeiro, e os notórios ex-governadores Newton Cardoso e Anthony Garotinho.
Por que eles estão juntos? Quintão foi o coordenador em Minas Gerais da campanha de Garotinho como candidato a candidato à presidência pelo PMDB. Garotinho teve o apoio de Cardoso, hoje um dos mais animados cabos eleitorais de Quintão. A propósito, se confirmada mesmo a derrota do seu candidato, Aécio Neves já decidiu: no próximo domingo, 26, dará uma entrevista assumindo que perdeu a eleição e antecipando que nada terá a ver com a futura administração da capital.
(Fonte: Coluna Radar, de Lauro Jardim - VEJA, 20/10/2008)
Só para contextualizar: Newtão Cardoso é ex-governador de Minas, e era o responsável pela obra do Cardiominas - diga-se de passagem, o Ministério Público pediu o bloqueio de bens dele e de Hélio Garcia, outro figurão das Geraes.
Agora, observe a fala do nosso governador aspirante à Presidência:
"(...) se confirmada mesmo a derrota do seu candidato [Márcio Lacerda], Aécio Neves (...) dará uma entrevista assumindo que perdeu a eleição e antecipando que nada terá a ver com a futura administração da capital."
¿Que cosa, no? O Quintão, se ganhar, vai ter que se virar nos 30? O Aécio vai simplesmente sumir do mapa só porque o enteado dele não ganhou? Ô Aécio, ele num é seu amiguinho não? Vai dar o migué, é?
Tá parecendo aqueles meninos mimados que levam a bola pra jogar e, quando perdem, levam a bola pra casa no meio do jogo. Vê se isso é postura de político...
Falando em migué, vejamos o outro lado da curva de rio:
O nome do atual coordenador de campanha do Márcio Lacerda é Virgílio Guimarães. Uma figurinha carimbada quando o assunto é dissidência dentro do PT.
Em 1996, o então deputado estadual Virgílio Guimarães, em sua imensa vaidade de ocupar o cargo principal no executivo municipal, dividiu o PT mineiro e empreitou sua candidatura pela frente BH Popular contra a vontade do então prefeito Patrus Ananias que havia indicado para sua sucessão Célio de Castro, o que veio de fato ocorrer por dois mandatos.
Na chamada crise do mensalão, estava lá de novo o personagem Virgílio, que segundo consta, foi responsável por apresentar o “publicitário” Marcos Valério a Delúbio Soares e, ainda, ganhou a alcunha de lobista do execrado “publicitário”.
Oportunista como sempre, Virgílio Guimarães foi o pivô, mais uma vez, de um dissenso dentro do PT quando, à revelia de seu partido, lançou candidatura independente para disputar a Presidência da Câmara dos Deputados levando o candidato oficial do partido à derrota e, desta forma, possibilitando a eleição de Severino Cavalcanti, aquele do mensalinho.
Esta indisciplina teve por conseqüência, além da desastrosa eleição de Severino Cavalcanti, a fragilização da sustentação política do governo Lula na maior crise de seu primeiro mandato.
Ao inconfidente deputado, foi imposta pela direção nacional do partido um ano de suspensão das atividades partidárias pena esta, que considero ter sido branda diante da gravidade dos fatos. A primeira alternativa foi a expulsão, mas a proposta foi rejeitada na plenária.
No embate eleitoral deste ano em BH, Virgílio aparece, mais uma vez, como um dos protagonistas do golpe que parte do PT mineiro aplicou em seus eleitores e que, vendeu a legenda e o prestígio de seus dezesseis anos de administração da capital mineira para o PSDB de Aécio Neves.
(Fonte)
Recentemente, Virgílio foi pego na Operação Avalanche, que prendeu o publicitário Marcos Valério por causa do Mensalão. Por meio de gravações, veio à tona que esquema envolve também o grupo do deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG).
De um lado, um jeca não tão joia que tem apoio do Newtão, figura carimbadíssima em questão de corrupção em Minas. Do outro, o poste que recebeu apoio de Virgílio e de Duda Mendonça, o publicitário execrado pelos adversários de Lula, entre eles o PSDB de Aécio Neves, na CPI dos correios. É mole ou quer mais?
Agradecimentos a uma jornalista prima linea.