Bastante criticado no filme Sicko, de Michael Moore, o sistema de saúde americano finalmente recebeu uma reforma. Tal medida foi aprovada nessa quinta (dia 24) e visa ampliar a cobertura médica a cerca de 30 milhões de americanos, bem como reduzir os custos.

No filme, para desmoronar o sistema, Moore entrevistou diversos americanos que sofreram com a ineficácia do sistema de saúde no país. O autor também conversou com alguns heróis do 11 de Setembro que tiveram a saúde arruinada devido aos danos causados pelo resgate nos destroços do WTC. Tais pessoas, mesmo sendo mitificados pelos americanos,não receberam os devidos cuidados médicos que mereciam. Moore foca a crítica principalmente nas seguradoras, que fazem de tudo para não atender aos seus segurados, criando burocracias ou buscando fundamentos para não beneficiá-los.

A aprovação nesta quinta-feira no Senado dos Estados Unidos do projeto de lei de reforma no sistema de saúde foi recebida com festa por democratas, rechaço por republicanos e reações mistas entre os diferentes grupos de interesse do país.

"Estamos finalmente a ponto de tornar realidade a promessa de uma reforma sanitária real e significativa que dará segurança e estabilidade adicional ao povo americano", afirmou Obama.

Já o presidente do Comitê Financeiro do Senado, Max Baucus, assinalou que tanto ele como seus companheiros democratas se solidarizam com "os milhões de americanos que se declararam em quebra devido às despesas de atendimento de um parente doente".

Bem distinta foi a reação dos republicanos, responsáveis por 39 votos contrários à reforma. "A batalha está longe de ter acabado", afirmou o líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell. "Meus companheiros e eu trabalharemos para impedir que este projeto de lei se transforme em lei", acrescentou.

"O projeto (...) limita as companhias seguradoras na hora de cobrar muito mais aos americanos pela cobertura médica devido a sua idade", afirmou o presidente da Aarp, Barry Rand, que disse confiar que a legislação final ofereça ainda maiores garantias aos mais velhos.

O projeto, infelizmente, não “lembrou” de beneficiar os latinos. A versão aprovada pelo senado não contempla os imigrantes ilegais, que são, em sua maioria, hispânicos.

A nova medida recebeu apoio de organizações de médicos. "Este projeto firma as bases para ampliar a cobertura aos que não têm seguro, faz insistência na prevenção da doença e na melhora do atendimento médico", disse a presidente da Associação Americana de Cardiologia, Nancy Brown.


Ao contrário de outros países desenvolvidos, os EUA carecem de cobertura médica universal e, mesmo assim, é um dos países que mais gasta em saúde, com cerca de 16% do PIB (Produto Interno Bruto), o dobro na comparação com a média das nações rica. 

Espera-se que esse projeto não seja mais uma das medidas paleativas defendidas pelo presidente Obama. Como retratado no filme de Moore, a população pobre americana precisa de uma atenção especial do presidente. Os problemas sociais não estão restritos a países pobres.O sistema de saúde americano é tão (ou até mais) caótico que o brasileiro. Pelo menos, em tese, o nosso país tem um sistema de saúde universal.

Fonte: Folha