Todos nós sabemos a necessidade de um governo fazer propaganda para publicizar os seus feitos e atos. A premissa principal disso seria apenas a divulgação - e não a lavagem bulbocerebral.

Você pensa que é esperto? Vagalume é muito mais. Ele pisca o traseiro, coisa que você não faz.

Espertos também têm sido nossos estimados governador de Minas e prefeito de Belo Horizonte. O que, na verdade, não deixa de ser uma coisa só - eu considero o Márcio Lacerda um mero interventor de Aécio Neves. Mas isso são capítulos para uma próxima novela.

Os gastos com publicidade institucional em Minas são exorbitantemente assustadores. Três editais para contratação de firmas de publicidade foram soltos só entre 2008 e 2009. Um de maio do ano passado, que soma R$ 70 milhões. Os outros dois de novembro deste ano -
#PERAÊ! Dois editais com a mesma finalidade dentro do mesmo mês? - que, somados, custam apenas R$ 215.858.315,51 (leia-se duzentos e quinze milhões, oitocentos e cinquenta e oito mil... ah, deixa quieto...).

A título de comparação, a SETOP - Secretaria Estadual de Transportes e Obras Públicas (conhecida também como SETOP-TOP-TOP) - diz ter concluído 255 obras em 2009, cujos contratos somam R$ 223.735.568,35 - três quartos do gasto com publicidade. Do qual, podemos dizer: é mais propaganda do que obra.





Agora, desçamos à esfera municipal. Eu sei que tá todo mundo enjoado, nauseado e puto com a insistente propaganda da prefeitura com a música do César Menotti & Fabiano tocada num piano deveras meloso. (Sinto elitismo até nisso: em vez do Sertanejo, a Música Clássica. Quem disse que Márcio Lacerda era povão devia ter fumado cocô pensando ser orégano.)

Para fazerem aquela propaganda bonita, limpinha, cheia de gente feliz, alegre e sorridente (que tem até a
Patrícia Pillar, minha gente!), é necessário que a prefeitura abra uma licitação para contratar uma firma que vai fazer essa propaganda linda e bonitinha (mas ordinária). O valor da licitação, em números absolutos, é de R$ 35 milhões (6 milhões só para a BHTRANS; Belotur e Fundação Municipal de Cultura ficaram com 4 milhões).

Em números relativos, podemos dizer que, com esse dinheiro, dá pra fazer, no mínimo, 14 Unidades Municipais de Educação Infantil, ou 270 Farmácias Populares, como a que tem no Mercado da Lagoinha. Ou até duas intervenções do tipo "desapropria e asfalta", com canalização de córregos.

Você pensa que é esperto? Propaganda é muito mais. Ela lava o seu cérebro, anula o seu senso crítico e faz com que você acredite de boa, coisa que você não faz.

Propaganda é negativa? Ela tem que ser banida? Claro que não - como profissional de comunicação, não irei afirmar tal tipo de coisa. Agora, tudo tem que ter um limite, e os nossos governantes andam exagerando nisso. Se a questão é autoimagem, melhor que eles comprem um espelho novo.



(Com colaboração do blogueiro
Heitor Diniz, do Crônica Política.)