Para receber o Mickey, nós fazemos papel de Pateta (parte 2)
Bom, bem que eu tentei avisar, mas... Confiram esse relato crítico do sábado.
A parada que parou a Pampulha em BH
Caos, desorganização, mas, principalmente, decepção. Quem se aventurou a tirar o carro da garagem na tarde deste sábado (27) para levar as crianças à parada promocional da Disney na região da Pampulha passou raiva, enfrentou congestionamentos, empurra-empurra e, em quase todos os casos, nem sequer viu a cara do Mickey.
A intenção dos organizadores da Parada Disney era de que a Pampulha virasse o palco da fantasia, mas o desfile foi marcado por muita confusão. A situação caótica na região desanimou o público e milhares de crianças voltaram para casa frustradas, algumas até chorando.
Movimento começou cedo
O início do evento estava programado para as 16h, mas desde o meio-dia o trânsito já estava complicado para quem ia em direção à lagoa. Além da parada, havia programação cultural e infantil desde o início da manhã, com as comemorações do "dia da família".
O transtorno começou para valer por volta das 15h. As pessoas que chegaram mais cedo conseguiram se acomodar próximo às grades que delimitavam o local do desfile. Por volta das 16h, as ruas secundárias que davam acesso à lagoa da Pampulha estavam lotadas de carros, ônibus e pessoas a pé, debaixo de um calor de mais de 30 graus.
A organização do evento esperava receber 120 mil pessoas, quase dois Mineirões cheios, e mesmo assim, o isolamento de ruas para o tráfego de veículos se limitou ao raio de um quarteirão da lagoa, na região do bairro Bandeirantes. O resultado: antes mesmo de o desfile começar, uma multidão voltava pelas ruas e avenidas de acesso, carregando crianças decepcionadas por não conseguirem nem mesmo chegar perto do isolamento que separava a calçada da via onde acontecia o desfile.
Quem conferiu o evento de perto viu cinco carros alegóricos e seis veículos menores com cerca de 150 atores e bailarinos. Famosos personagens infantis passaram pela pista interna da orla da lagoa, entre eles Pequena Sereia, Ursinho Pooh, Pateta, Pato Donald e o brasileirinho Zé Carioca.
"Não deu pra ver"
O policial militar Cesar Macedo, 48, tentou aproveitar a folga para sair com seus dois filhos, Junior, 8, e Camila, 12, mas só o que viu foi confusão: "Não deu mesmo. Ainda bem que os meninos são maiores e já entendem, mas não deixa de ser uma decepção. Vamos tentar chegar ao parque para compensar", lamentou.
O construtor Adilson de Souza Reis e a esposa, Flávia Pinheiro Reis, também pretendiam assistir ao desfile com os dois filhos. Surpreendida com a confusão no trânsito, a família demorou cerca de duas horas para percorrer seis quilômetros. "Tive que estacionar meu carro longe da orla. Andamos muito e quando, finalmente, chegamos já era tarde", lembrou Adilson, indignado.
Algumas crianças menores choravam sem entender por que estavam voltando sem ver o desfile. "Belo Horizonte não suporta esse tipo de evento. Demorei quase uma hora para conseguir parar o carro. Quando vi que não ia dar pra aproximar da orla, tentei distrair os meninos com um sorvete, mas não deu muito certo", dizia o administrador de empresas Rômulo Padovani, 40, que levava pela mão o inconsolável casal de gêmeos Artur e Maria Olívia, de 5 anos.
Gleison Costa Silva saiu de ônibus do Barreiro, às 11h, com a mulher, Vânia, e o filho Cauã, de 6 anos. Desceu no centro e pegou outro coletivo na avenida Santos Dumont para chegar à Pampulha: "Nunca mais eu faço isso. Não vale a pena. Está muito cheio e tem muito adolescente já grande, que não respeita ninguém e chega empurrando". A mulher dele ainda completou: "Eu sempre quis ir na Disneylândia, desde menina, mas nunca pude e acho que nem vou poder. O passeio era mais pra nós do que para o Cauã".
A dona de casa Marcélia Suzano, 56, disse ainda que os flanelinhas estavam agindo livremente. "Tive que pagar R$ 10 adiantado para um sujeito muito mal-encarado que praticamente nos ameaçou e agora, quando voltei, sem ver a tal da parada, meu carro está fechado por outros dois carros e o sujeito já desapareceu. Pior é que não achei nenhum policial para reclamar". O carro de Marcélia estava parado em uma rua estreita, a dois quarteirões da lagoa, próximo à avenida Alfredo Camarati.
Trânsito e caos
Além do público que desistiu de assistir ao desfile e voltou para casa decepcionado, muitos espectadores não conseguiram chegar à orla da Lagoa da Pampulha a tempo de conferir o espetáculo. Nas principais vias de acesso à região, o trânsito ficou praticamente parado.
Segundo a BHTrans, a situação foi mais complicada nas avenidas Catalão e Antônio Carlos. Foi registrada ainda retenção no Anel Rodoviário, desde o shopping Del Rey até a Via Expressa. Os pedestres também sofreram e ruas dos principais bairros da região, como Bandeirantes e Castelo, ficaram intransitáveis.
No bairro Ouro Preto, o trânsito ficou praticamente parado por duas horas nas ruas Mantena, Estanislau Fernandes e Monteiro Lobato, que dão acesso à avenida Fleming. Na rua Expedicionário Celso Racioppi, carros parados nos dois sentidos inviabilizavam a circulação.
Um ônibus da linha 3302 ficou parado a dois quarteirões da Fleming, sem conseguir ir para frente ou para trás. Os passageiros tiveram que descer e o motorista simplesmente sumiu do local por pelo menos meia hora, deixando o coletivo sob os cuidados do cobrador, fechando totalmente o acesso até mesmo para o trânsito local. Até as 18h, ainda havia filas de carros e o tráfego era lento em várias ruas dos bairros Bandeirantes, Ouro Preto, Castelo, Santa Terezinha, São Luis e São José.
Policiamento
Apesar dos transtornos causados para o público, a Polícia Militar informou que nenhuma ocorrência foi registrada durante o evento e considerou que ele transcorreu "de forma tranquila".
O major Márcio José da Silva, que comandou o policiamento na Parada Disney, informou que cerca de 200 mil pessoas compareceram à orla da Lagoa da Pampulha. "Nenhum incidente foi registrado. Infelizmente quem deixou para sair de casa na última hora ficou no congestionamento", concluiu.
Com relação aos flanelinhas, o major do 34º batalhão da PM disse que a ação foi combatida. "Tivemos 550 policiais trabalhando no evento e quando vimos algum flanelinha agindo, ele era retirado do local. Alguns foram até conduzidos para a delegacia". O policial não informou o número exato de flanelinhas detidos e reforçou que cabe à população denunciar esse tipo de abuso.
Justificativa
A prefeita em exercício, Luzia Ferreira, disse que o evento superou as expectativas, pois a população compareceu em massa.
"De fato existiram alguns transtornos, como dificuldade de acesso ao local, mas a quantidade de pessoas que compareceram mostrou o desejo da população de participar de um evento como esse. É difícil dimensionar antecipadamente o número de pessoas, já que o evento foi inédito na capital. Quando temos um jogo no Mineirão dá pra avaliar, pois jogos sempre acontecem, mas a Parada Disney foi a primeira. E quero ressaltar que a prefeitura não é promotora do evento e sim parceira".
A intenção dos organizadores da Parada Disney era de que a Pampulha virasse o palco da fantasia, mas o desfile foi marcado por muita confusão. A situação caótica na região desanimou o público e milhares de crianças voltaram para casa frustradas, algumas até chorando.
Movimento começou cedo
O início do evento estava programado para as 16h, mas desde o meio-dia o trânsito já estava complicado para quem ia em direção à lagoa. Além da parada, havia programação cultural e infantil desde o início da manhã, com as comemorações do "dia da família".
O transtorno começou para valer por volta das 15h. As pessoas que chegaram mais cedo conseguiram se acomodar próximo às grades que delimitavam o local do desfile. Por volta das 16h, as ruas secundárias que davam acesso à lagoa da Pampulha estavam lotadas de carros, ônibus e pessoas a pé, debaixo de um calor de mais de 30 graus.
A organização do evento esperava receber 120 mil pessoas, quase dois Mineirões cheios, e mesmo assim, o isolamento de ruas para o tráfego de veículos se limitou ao raio de um quarteirão da lagoa, na região do bairro Bandeirantes. O resultado: antes mesmo de o desfile começar, uma multidão voltava pelas ruas e avenidas de acesso, carregando crianças decepcionadas por não conseguirem nem mesmo chegar perto do isolamento que separava a calçada da via onde acontecia o desfile.
Quem conferiu o evento de perto viu cinco carros alegóricos e seis veículos menores com cerca de 150 atores e bailarinos. Famosos personagens infantis passaram pela pista interna da orla da lagoa, entre eles Pequena Sereia, Ursinho Pooh, Pateta, Pato Donald e o brasileirinho Zé Carioca.
"Não deu pra ver"
O policial militar Cesar Macedo, 48, tentou aproveitar a folga para sair com seus dois filhos, Junior, 8, e Camila, 12, mas só o que viu foi confusão: "Não deu mesmo. Ainda bem que os meninos são maiores e já entendem, mas não deixa de ser uma decepção. Vamos tentar chegar ao parque para compensar", lamentou.
O construtor Adilson de Souza Reis e a esposa, Flávia Pinheiro Reis, também pretendiam assistir ao desfile com os dois filhos. Surpreendida com a confusão no trânsito, a família demorou cerca de duas horas para percorrer seis quilômetros. "Tive que estacionar meu carro longe da orla. Andamos muito e quando, finalmente, chegamos já era tarde", lembrou Adilson, indignado.
Algumas crianças menores choravam sem entender por que estavam voltando sem ver o desfile. "Belo Horizonte não suporta esse tipo de evento. Demorei quase uma hora para conseguir parar o carro. Quando vi que não ia dar pra aproximar da orla, tentei distrair os meninos com um sorvete, mas não deu muito certo", dizia o administrador de empresas Rômulo Padovani, 40, que levava pela mão o inconsolável casal de gêmeos Artur e Maria Olívia, de 5 anos.
Gleison Costa Silva saiu de ônibus do Barreiro, às 11h, com a mulher, Vânia, e o filho Cauã, de 6 anos. Desceu no centro e pegou outro coletivo na avenida Santos Dumont para chegar à Pampulha: "Nunca mais eu faço isso. Não vale a pena. Está muito cheio e tem muito adolescente já grande, que não respeita ninguém e chega empurrando". A mulher dele ainda completou: "Eu sempre quis ir na Disneylândia, desde menina, mas nunca pude e acho que nem vou poder. O passeio era mais pra nós do que para o Cauã".
A dona de casa Marcélia Suzano, 56, disse ainda que os flanelinhas estavam agindo livremente. "Tive que pagar R$ 10 adiantado para um sujeito muito mal-encarado que praticamente nos ameaçou e agora, quando voltei, sem ver a tal da parada, meu carro está fechado por outros dois carros e o sujeito já desapareceu. Pior é que não achei nenhum policial para reclamar". O carro de Marcélia estava parado em uma rua estreita, a dois quarteirões da lagoa, próximo à avenida Alfredo Camarati.
Trânsito e caos
Além do público que desistiu de assistir ao desfile e voltou para casa decepcionado, muitos espectadores não conseguiram chegar à orla da Lagoa da Pampulha a tempo de conferir o espetáculo. Nas principais vias de acesso à região, o trânsito ficou praticamente parado.
Segundo a BHTrans, a situação foi mais complicada nas avenidas Catalão e Antônio Carlos. Foi registrada ainda retenção no Anel Rodoviário, desde o shopping Del Rey até a Via Expressa. Os pedestres também sofreram e ruas dos principais bairros da região, como Bandeirantes e Castelo, ficaram intransitáveis.
No bairro Ouro Preto, o trânsito ficou praticamente parado por duas horas nas ruas Mantena, Estanislau Fernandes e Monteiro Lobato, que dão acesso à avenida Fleming. Na rua Expedicionário Celso Racioppi, carros parados nos dois sentidos inviabilizavam a circulação.
Um ônibus da linha 3302 ficou parado a dois quarteirões da Fleming, sem conseguir ir para frente ou para trás. Os passageiros tiveram que descer e o motorista simplesmente sumiu do local por pelo menos meia hora, deixando o coletivo sob os cuidados do cobrador, fechando totalmente o acesso até mesmo para o trânsito local. Até as 18h, ainda havia filas de carros e o tráfego era lento em várias ruas dos bairros Bandeirantes, Ouro Preto, Castelo, Santa Terezinha, São Luis e São José.
Policiamento
Apesar dos transtornos causados para o público, a Polícia Militar informou que nenhuma ocorrência foi registrada durante o evento e considerou que ele transcorreu "de forma tranquila".
O major Márcio José da Silva, que comandou o policiamento na Parada Disney, informou que cerca de 200 mil pessoas compareceram à orla da Lagoa da Pampulha. "Nenhum incidente foi registrado. Infelizmente quem deixou para sair de casa na última hora ficou no congestionamento", concluiu.
Com relação aos flanelinhas, o major do 34º batalhão da PM disse que a ação foi combatida. "Tivemos 550 policiais trabalhando no evento e quando vimos algum flanelinha agindo, ele era retirado do local. Alguns foram até conduzidos para a delegacia". O policial não informou o número exato de flanelinhas detidos e reforçou que cabe à população denunciar esse tipo de abuso.
Justificativa
A prefeita em exercício, Luzia Ferreira, disse que o evento superou as expectativas, pois a população compareceu em massa.
"De fato existiram alguns transtornos, como dificuldade de acesso ao local, mas a quantidade de pessoas que compareceram mostrou o desejo da população de participar de um evento como esse. É difícil dimensionar antecipadamente o número de pessoas, já que o evento foi inédito na capital. Quando temos um jogo no Mineirão dá pra avaliar, pois jogos sempre acontecem, mas a Parada Disney foi a primeira. E quero ressaltar que a prefeitura não é promotora do evento e sim parceira".
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"(...) a prefeitura não é promotora do evento e sim parceira" - Luzia Ferreira, foi mal. Mas não queira se eximir da sua responsabilidade. Sei que você tem mais crédito que o próprio "prefeito", mas... Estando a BHTrans, a Sudecap e a Regional Pampulha estando envolvidas no evento, por mais que ainda sejam parceiros, também têm que limpar essa caquinha do bebê da Nestlé.
Quando eu digo que Belo Horizonte é uma roça grande, é por causa disso. Primeiro, por querer, forçosamente, que a Pampulha recebesse tal desfile. Um local que, apesar de bonito (e que eu particularmente adoro frequentar), possui acesso restrito para 60 por cento da população da RMBH (ou vai me dizer que é simples alguém sair lá da Zona Oeste, por exemplo - Vista Alegre, Madre Gertudes, Nova Gameleira - e chegar à Pampulha?).
Implica dizer que as ruas lá são para suportar tráfego residencial, no máximo de coletivos. Diga-se de passagem, a área onde ocorreu a Parada Disney é proibida para caminhões acima de 5 toneladas. E aí eu te pergunto: que peso deverão ter aqueles carros alegóricos? Leves é que eles não são.
Implica dizer, também, que Belo Horizonte tem espaços com maior conforto para receber tal demanda. Eu estou tentando imaginar 120 MIL PESSOAS em um espaço reduzido que são os calçadões da Orla da Lagoa. Segue a mesma linha de raciocínio besta da BHTrans, que quer colocar 5 pessoas por metro quadrado nos ônibus de BH. Daí, a redução nos horários. Mas isso é pauta para outra matéria.
This entry was posted on October 4, 2009 at 12:14 pm, and is filed under
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