A Cultura que exala
Uma coisa que muito me incomoda nessa gestão municipal é a capacidade de a Prefeitura se apropriar de algo como se fosse dela. Isso ocorre, principalmente, no campo cultural. Se não, vejamos:
Antigos projetos que eram executados à época de Patrus e Célio de Castro, como a Arena de Cultura, simplesmente não existem mais. Ou, se existem, eu não vejo falar deles - é a máxima da Publicidade: um produto só existe quando é conhecido ou falado sobre. E eu não ouço falar.
Mas o que eu quero falar é mais exatamente sobre o texto que li hoje, a partir de um tweet da Fundação Municipal de Cultura: http://fr.pbh.gov.br/?q=node/158 (Cliquem e leiam, por favor. Eu não vou reproduzi-lo aqui.)
É inegável que a FMC tem a sua cota de participação, que ajuda a difundir a cultura etc. Mas, pelo menos para mim, o fatídico episódio do FIT, no começo do ano, e da Praça da Estação - que parece se desenrolar por um bom tempo ainda - foram o estopim para se crer que em Belo Horizonte a cultura vive à sombra, à margem do que deveria ser.
Isso, claro, sem falar no Carnaval da cidade. Conversava eu, uns dias aí para trás, com pessoas do cenário do samba de BH. E, inevitavelmente, caímos no tema da expulsão (essa é a palavra mais adequada) da GRES Cidade Jardim da sua quadra para o provimento de uma creche. A principal alegação era de que a área é invadida. Acho que alegações do tipo "é o melhor local para a creche" devem ter sido ditas.
Para quem não conhece, a Escola fica em um barranco, no Conjunto Santa Maria, zona oeste, bem próximo à Av. Raja Gabáglia. Para quem é de fora de BH, a Raja é uma avenida que só passa por lugare$ bacana$ - Gutierrez, Luxemburgo, Estoril, São Bento, Santa Lúcia e, em um trecho pequeno, corta o Aglomerado Morro das Pedras. Logo abaixo, encontram-se casas luxuosas e mansões ostentosas do high society bairro Luxemburgo, já na zona sul. Eu disse que a alegação da expulsão era a invasão do terreno, certo? Pois bem. Dois pesos e duas medidas: o Luxemburgo também é área de terras devolutas (leia-se invasão). Não sou eu quem disse, foi a pessoa com quem conversei. E eu não duvido nem um pouco dessa situação.
E como é que se estimula uma Cultura de Culturas expulsando escolas de samba e as deixando sem local para ensaiar? E como é que se estimula a diversidade cultural jogando o Carnaval para a putaquiupariu da Via 240? E como é que se estimula a Cultura fechando a Praça da Estação aos grupos culturais e abrindo à Coca Cola? E o fracasso e desespero que foi a Parada Disney, que simplesmente devastou a Pampulha para um evento da Nestlé (aí, mais um evento pago!), deixou muita gente frustrada e os moradores emputecidos? E os teatros municipais, que estão aos cacarecos? Chico Nunes já está fechado, de tão precário que se encontra. O Marília vai indo pelo mesmo caminho.
Estímulo à cultura. Cadê? Ela não pode ser feita em apenas um sentido.
Responda-me, Thaís Pimentel, por favor. Se quiser, te deixo um espaço para seu Direito de Resposta. Só não me deixe falando sozinho, como faz o Sr. "Prefeito" Márcio Lacerda.
This entry was posted on October 4, 2009 at 12:14 pm, and is filed under
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