"No limite, a direção nacional dos dois partidos irá dizer: vai ser assim e pronto", sustenta o presidente da sigla, José Eduardo Dutra.(FOLHA)

O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel afirmou nesta sexta-feira (16) que o vencedor das prévias mineiras, das quais ele participará, irá entrar nas "negociações" com o PMDB para uma plataforma única para o governo do Estado. Pelo Twitter, ele disse que o PT mineiro, mesmo compondo com o PMDB, reivindicará a cabeça de chapa. 

"O que tem de certo é que queremos mesmo uma chapa só e forte", afirmou. 

Tanto Pimentel quanto Patrus Ananias, ex-ministro do Desenvolvimento Social e seu concorrente nas prévias do PT, tem sido pressionados pelo diretório nacional do partido a ceder a vaga do governo do Estado ao ex-ministro das Comunicações Hélio Costa, pré-candidato pelo PMDB. O PT nacional diz querer palanque único para a pré-candidata da legenda, a ex-ministra Dilma Rousseff.(FOLHA)

O PT nacional parece ainda não entender muito bem os princípios democráticos conquistados e legitimados pela nossa constituição cidadã. Como um partido tem a pretensão de querer impor toda a sua vontade sobre os vários segmentos estaduais? Um país, com dimensões continentais, deve poder aderir a uma política múltipla, algo bastante saudável para a democrácia. Cada Município, cada Estado, tem o direito de poder decidir a melhor composição partidária. Chega a ser absurdo pensar que um diretório de âmbito nacional vai ser o respónsável por decidir questões de cunho local. 

É óbvio que as bases locais devem seguir diretrizes, ideologias partidárias, etc. Contudo, proibir a eleição do Patrus Ananias ou Fernando Pimentel seria algo completamente contrário à lógica. Da mesma forma que o PMDB tem o direito de escolher entre o Hélio Costa e qualquer outro candidato que tenha certo destaque, o PT mineiro deveria poder escolher, no mínimo, o seu candidato a governador.

A Constituição, em seu artigo 27, § 1º, afirma que: 

"§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária."   

Por isso, tendo como base a norma constitucional supra, não acho que a frase infeliz do José Eduardo Dutra deva ser algo corriqueiro em nossa política, independente de qual partido vier.