Não sei se você ficaram sabendo - provavelmente não! - mas ontem, dia 19, tivemos um ato público em frente à Casa do Jornalista, protestando contra a censura na imprensa mineira (ah, é, Abadia?), o cerceamento à liberdade sindical e o sucateamento da máquina estatal.

Bem que eu reparei: lá no Centro e ao longo da Av. Catalão (por onde eu passo para ir à faculdade), tinha uns cartazes com caricaturas fazendo reivindicações ao (des)Governador de Minas, o capitão-geral Aécio Neves. Só que nessas terras denúncias ao mandatário do executivo estatal não são pauta na imprensa. Dizer que a Cemig está sendo sucateada não pode, sinhôzinho não gosta.

Abaixo segue um trecho da carta, entregue durante o ato público, denunciando o caos do serviço público mineiro. Isso é pauta.

“Na saúde, a qualidade dos serviços e as condições de trabalho estão tão precárias pela falta de investimentos que até o Ministério Público do Trabalho repassou verbas para tentar minimizar problemas estruturais de algumas unidades. Os hospitais sofrem com superlotação, falta de equipes e de instalações para atendimento à população.

Na educação, após décadas de luta pela valorização do magistério, presenciamos o governador de Minas Gerais se aliar a outros, para impedir que o piso nacional de R$ 950,00 dos professores seja implantado.

Na área de segurança, os investimentos divulgados pelo governo estão muito aquém das necessidades verificadas. São 14,3 homicídios dolosos para cada 100 mil habitantes e há superlotação em cadeias públicas sob controle da Polícia Civil.
Enquanto isso, o governador Aécio Neves viaja numa sutil campanha eleitoreira e a sociedade fica trancada em suas casas com medo da violência nas ruas.

A Cemig propõe cortes nos postos de trabalho, precarizando a prestação de serviços através da terceirização. Uma posição totalmente oposta aos lucros que vem apresentando há vários anos. Vale salientar que, em 2008, a empresa deve obter o maior lucro de sua história, cerca de R$ 2 bilhões.

Já a Copasa, que fornece um serviço essencial à saúde da população, tem voltado seus interesses para as ações na Bolsa de Valores, deixando de investir em municípios que não dão lucros. A política adotada na empresa é de discriminação de idade, através da demissão de trabalhadores concursados, enquanto contrata assessores sem concurso público com altos salários. Ela beneficia ainda grandes construtoras com a prorrogação de contratos.

Cabe denunciar que, enquanto as empresas públicas mineiras gastam milhões de reais em publicidade, a população amarga faturas altíssimas de energia e de água.

Não podemos mais esperar, resignados, que o nosso Estado, tradicional na defesa da liberdade, volte sua atenção para os interesses da sociedade. É preciso construir uma gestão democrática, que beneficie a população e, sobretudo, volte a dar espaço para a liberdade”.

Assinam:

ASTHEMG – Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais do Estado de Minas Gerais, CNTI – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria, CUT – Central Única dos Trabalhadores, Federação dos Urbanitários de Minas Gerais, NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores, FEM-MG – Federação Estadual dos Metalúrgicos, FNU – Federação Nacional dos Urbanitários, Fisenge – Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros, Saemg – Sindicato dos Administradores de Minas Gerais, Senge-MG – Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais, Sinarq-MG – Sindicato dos Arquitetos de Minas Gerais, Sindágua – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação de Água e Esgoto de Minas Gerais, Sindepominas – Sindicatos dos Delegados do Estado de Minas Gerais, Sindec-MG – Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Culturais e Recreativas no Estado de Minas Gerais, Sindicato dos Bancários de BH, Sindicato dos Eletricitários de Juiz de Fora, Psind - Sindicato dos Psicólogos, Sindicato dos Securitários de Minas Gerais, Sindieletro - Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais, Sindpol – Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais, Sindpúblicos – Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Minas Gerais, Sind-Saúde – Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais, Sindsul – Sindicato de Eletricitários do Sul de Minas, Sind-Ute-MG – Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais


Fonte: Novojornal